Este trabalho tem como objetivo compreender e discutir a participação de Carlos Marighella na Primeira Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), realizada em Havana-Cuba, em julho-agosto de 1967. Carlos Marighella foi militante do Partido Comunista Brasileiro entre 1934 e 1966, quando renunciou à Comissão Executiva do Partido por discordar de sua linha considerada ‘pacífica’. Foi expulso no ano seguinte, por ocasião de sua participação na OLAS e em 1968 Marighella fundou a ALN, Ação Libertadora Nacional, organização revolucionária adepta da luta armada. Seu livro mais conhecido é o Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano, inspirado na Teoria do Foco Guerrilheiro, também difundido no Brasil pelo francês Régis Debray. Consideramos a viagem de Marighella a Cuba como um acontecimento fundamental cujos preparamentos marcaram tanto sua trajetória pessoal como suas formulações teóricas. Analisaremos, portanto, as divergências e disputas ideológicas no interior das esquerdas brasileiras a partir dos discursos e documentos produzidos por Marighella durante a Conferência. No centro deste debate encontramos a questão da adesão à luta armada em meio à ditadura militar e as relações de dependência e autonomia no seio do pensamento da esquerda revolucionária no Brasil diante das referências e exemplos internacionais, entre os quais Cuba figurou inequivocamente como um ponto de ruptura irreversível para o pensamento e ação política. A base teórico-metodológica desta pesquisa conta com as possibilidades abertas por duas perspectivas contemporâneas: