Às oito e meia da manhã de 15 de agosto de 1969, um destacamento de doze guerrilheiros da ALN (Ação Libertadora Nacional) invadiu a estação transmissora da Rádio Nacional em Piraporinha, perto de Diadema (Grande São Paulo). Dominados os funcionários, um dos invasores interrompeu a ligação com o estúdio e ligou ao transmissor de ondas curtas uma gravação. Com o Fundo musical do Hino da Internacional Comunista e do Hino Nacional, a gravação anunciou o nome da Carlos Marighella e reproduziu o manifesto lido por ele. Na meia hora em que a estação esteve sob controle da ALN, deu tempo para repetir a gravação. No mesmo dia 15, o jornal paulistano Diário da Noite lançou uma segunda edição com o texto integral do manifesto de Marighella captado pelo o radioescuta.
A decisão de publicar o manifesto partiu do diretor de redação Hermínio Sacchetta (antigo militante trotskista). Os demais jornais se limitaram a noticiar o episódio da invasão da Rádio Nacional de São Paulo, pertecente à Rede Globo. Pega de surpresa, a Polícia não pôde recolher das bancas senão uma pequena parte da segunda edição do Diário da Noite. Tão grave infração da censura não podia ser tolerada. A Polícia Federal prendeu o diretor de redação e o indiciou em inquérito criminal. Apesar da ficha de antecedentes nada recomendáveis do indiciado, o inquérito deu em nada e o suspeito de conivência subversiva foi solto após algumas semana. Mas perdeu o emprego. Até hoje, corre a versão da casualidade da participação de Sacchetta no episódio. Agora, deve-se esclarecer em definitivo que não houve casualidade. Sacchetta recebeu previamente cópia do manifesto de Marighella das mãos de Câmara Ferreira, avisado do que ia ocorrer …
e da participação que a ALN esperava dele. Como não era iniciante inexperiente, Sacchetta tomou as precauções de cobertura, na previsão de que podia vir a enfrentar pesadas Complicações. Orientou o setor de radioescuta do seu jornal para captar a transmissão da Rádio Nacional e, tão ‘surpreso’ quanto os colegas, decidiu desafiar a censura: furo de reportagem é dever profissional de jornalista. O furo teve repercussão internacional e a prisão do jornalista brasileiro provocou o protesto da Associação Interamericana de Imprensa”.
(trecho do livro Combate nas Trevas, de Jacob Gorender, Ed.Ática
http://www.scribd.com/doc/110758940/Tomada-Radio-Aln
Parabéns bela matéria, todos juntos contra esses fascistas.