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O 18 DE BRUMÁRIO E O CALHAMBEQUE, DE ROBERTO CARLOS

Alguns dias após o golpe militar de 1964, eu fui orientado pela Direção do PCB a passar algum tempo fora do Rio de Janeiro, pois a repressão andava atrás de mim devido às minhas atividades no Movimento Estudantil e no Plano Nacional de Alfabetização de Adultos. O método Paulo Freire era considerado altamente subversivo pelos golpistas de abril.

Pois bem, ordem dada, ordem cumprida, e lá fui eu me recolher na Vila de Conceição da Boa Vista, em Minas Gerais. Na minha bagagem levei o 18 Brumário de Luiz Bonaparte, de Marx e um LP, de Sérgio Ricardo, cantor e compositor de músicas inspiradas na realidade social brasileira, também chamadas de músicas de protesto.

No meu segundo dia na paradisíaca vila da Zona da Mata, minhas primas organizaram um baile pra homenagear o primo que havia chegado do Rio. E foi um tal de “Calhambeque”, “Pare o Casamento”, “Namoradinha de um Amigo Meu” e outros sucessos da Jovem Guarda. A animação era grande, até que eu tirei o LP do Sérgio Ricardo e o coloquei na eletrola.

Primeiro tocou “Barravento” https://youtu.be/vQEmS-lgLmE, e ninguém saiu dos bancos posicionados junto às paredes. Então troquei de faixa e coloquei pra tocar “Enquanto a Tristeza Não Vem” https://youtu.be/N6f-2DLTTFk. Piorou. O baixo astral continuou com todo mundo borocoxô, até que uma das primas tomou atitude e tirou a tristeza do toca-disco e lascou “Banho de Lua”. Então, animação voltou ao som do ye ye ye cantado por Celly Campello.

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