Material cedido por Vanderley Caixe, revista O Berro
ARILDO AÍRTON VALADÃO (1948–1973)
Filiação: Helena Almochdice Valadão e Altivo Valadão de Andrade
Data e local de nascimento: 28/12/1948, Itaici (ES)
Organização política ou atividade: PCdoB
Data do desaparecimento: entre 24 e 26/11/1973
Arildo estudou em Cachoeiro do Itapemirim (ES) até a conclusão do colegial. Seguiu então para o Rio de Janeiro, em 1968, para estudar Física
na Universidade Federal do Rio de Janeiro, tornando-se presidente do Diretório Acadêmico do Instituto de Física. Na faculdade conheceu
Áurea Elisa Pereira, também desaparecida no Araguaia, com quem se casou em fevereiro de 1970. Moravam num pequeno apartamento no
Catete e se mantinham com uma bolsa de estudos do CNPq e com o que ganhava como monitor de classe.
Além de participarem das atividades do Movimento Estudantil, incorporaram-se ao PCdoB, sempre em companhia de um terceiro desaparecido
do Araguaia, colega na mesma faculdade: Antônio de Pádua Costa, o Piauí. Para o casal, a vida na clandestinidade começou após a
invasão de seu apartamento pelos órgãos de segurança. Arildo e Áurea foram viver no Araguaia no segundo semestre de 1970, estabelecendo-
se na região de Caianos e integrando-se ao Destacamento C da Guerrilha. Embora não tivesse formação em Odontologia, Arildo extraía
dentes e fazia pequenos atendimentos.
Segundo o relatório Arroyo, “no dia 24, quando voltavam de um contato com a massa, os companheiros Ari (Arildo), Raul e Jonas pararam
próximo de uma grota. Ari e Raul se aproximaram da grota para melhor se orientarem. Jonas ficou de guarda, perto das mochilas. Ouviu-se
um tiro e Ari caiu. Em seguida ouviram-se mais dois tiros. Raul correu. O comando do Destacamento BC, que também ouvira os tiros, enviou
quatro companheiros para pesquisar o que teria havido. Logo adiante, esses companheiros encontraram o corpo de Ari sem a cabeça. Sua
arma, rifle 44, seu bornal e sua bússola tinham sido levados. As mochilas de Ari, Jonas e Raul estavam lá. Raul voltou pela manhã ao acampamento
e Jonas desapareceu”. Sua morte também é citada no comunicado nº 8 das Forças Guerrilheiras do Araguaia, com o nome de Ari.
O ex-colaborador do Exército, Sinésio Martins Ribeiro lembrou, em depoimento prestado em São Geraldo do Araguaia, em 19/07/01, que
os guias usavam armas apreendidas pelos militares e descreveu as cenas em que as cabeças de três guerrilheiros foram cortadas: “(…) que o
primeiro tiroteio do Exército foi no Pau Preto onde foi morto o Ari; que o depoente estava presente; que Ari não atirou; que Ari teve sua cabeça
cortada e levada para a base do Exército em Xambioá; que nesse dia só havia uma equipe de cinco soldados, o comandante era o Piau e os
guias eram Iomar Galego, Raimundo Baixinho e o depoente; que a grota do Pau Preto fica dentro do castanhal do Almir Moraes; que isto se
deu num encontro casual, que não viram piseiro nem tiveram informações; que após a retirada da cabeça a colocaram num saco plástico e
voltaram a pé, até a base do Paulista, na beira do Xambioazinho, junto a OP-2; que a cabeça foi entregue ao Dr. César, do Exército; (…)”.
O Relatório da Marinha, de 1993, estabelece como data da morte 24/11/74, provavelmente por equívoco a respeito do ano. O codinome Ari
aparece também na relação de mortos do Relatório do Exército, igualmente apresentado ao ministro da Justiça naquele ano.
Hugo Studart informa que, no já mencionado Dossiê Araguaia, produzido por militares que atuaram diretamente na repressão à guerrilha,
o dia de sua morte seria 26, e não 24. Agrega também outras informações constantes do Relatório da Marinha: “MAI/73, invadiu a fazenda
‘Paulista’ em Xambioá/Araguaia, juntamente com um grupo de aproximadamente 10 guerrilheiros, levando toda a provisão de mantimentos
e animais da citada fazenda. Além disso, fez um ‘Trabalho de Massa’ com os lavradores que estavam por perto, convocando-os para a ‘Luta
pela Libertação’. Morto em 24 NOV 73”.
Elio Gaspari também descreve a decapitação de Arildo, em A Ditadura Escancarada, desenvolvendo os seguintes comentários: “A palavra
maldita de Canudos e do Contestado chegara ao Araguaia. Poucas semanas depois da morte de Sônia, dois guerrilheiros acercaram-se de
uma grota. Um era Ari (Arivaldo Valadão), veterano de três choques com as tropas. O outro, Jonas, um camponês de nome Abel, recrutado
na região. Fora preso no final de 1972 e tinha o pai na cadeia. Outros combatentes que estavam nas vizinhanças ouviram três tiros. Aproximaram-
se da grota e encontraram o corpo de Ari, sem a cabeça. A degola de Canudos, do Contestado e das volantes do cangaço também
chegara ao Araguaia”.
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+ Informações.
ARILDO VALADÃO
Militante do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PCdoB).
Nasceu em Itaici/ES, em 28 de dezembro de 1948 e era filho de Altivo Valadão de Andrade e Helena Almochdice Valadão.
Desaparecido da guerrilha do Araguaia desde 1973.
Estudou até a conclusão do 2° grau em Cachoeiro do Itapemirim/ES e, em 1968, ingressou no Instituto de Física da UFRJ. Aí conheceu Áurea Elisa Pereira Valadão, também desaparecida na Guerrilha do Araguaia, colega de turma com quem se casou em fevereiro de 1970. Moravam num pequeno apartamento no Catete e se mantinham com uma bolsa de estudos do CNPq e com o que ganhava como monitor.
Foi presidente do DA de sua escola em 1968.
Perseguido pelos órgãos de repressão, que invadiram o apartamento onde morava, passou a viver na clandestinidade, juntamente com sua companheira Áurea Elisa, tendo viajado para a região do Araguaia no segundo semestre de 1970, indo morar na região de Caianos – Destacamento C.
Foi morto e decapitado no dia 24 de novembro de 1973, por agentes da repressão, junto a uma grota. No dia seguinte, seu corpo sem cabeça foi visto pelos companheiros.
Tinha um ferimento à bala que não era suficiente para matá-lo, o que faz supor que tenha sido decapitado ainda com vida.
No Relatório do Ministério da Marinha lê-se “morto em 24 de novembro de 1974.”
Observar que dia e mês estão corretos, mas o ano não.
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+ Informações.
(do livro Habeas Corpus)
ARILDO AÍRTON VALADÃO (1948-1973)
Capixaba de Itaici, Arildo estudou em Cachoeiro do Itapemirim (ES) até a conclusão do colegial. Seguiu então para o Rio de Janeiro, em 1968, para estudar Física na UFRJ, tornando-se presidente do diretório
acadêmico do Instituto de Física. Na faculdade, conheceu Áurea Elisa Pereira, também desaparecida no Araguaia, com quem se casou em fevereiro de 1970. Moravam num pequeno apartamento no Catete e se mantinham com uma bolsa de estudos do CNPq e com o que ele ganhava como monitor de classe.
Arildo e Áurea militavam no PCdoB. Foram viver no Araguaia no segundo semestre de 1970, estabelecendo-se na região de Caianos e integrando-se ao Destacamento C da guerrilha. Embora não tivesse formação em Odontologia, Arildo extraía dentes e fazia pequenos atendimentos.
Segundo o Relatório Arroyo:
No dia 24 [ou 26/11/73, segundo o Dossiê Araguaia], quando voltavam de um contato com a massa, os companheiros Ari (Arildo), Raul e Jonas pararam próximo de uma grota. Ari e Raul se aproximaram da grota para melhor se orientarem. Jonas ficou de guarda, perto das mochilas. Ouviu-se um tiro e Ari caiu.
Em seguida ouviram-se mais dois tiros. Raul correu. O comando do Destacamento BC, que também ouvira os tiros, enviou quatro companheiros para pesquisar o que teria havido. Logo adiante, esses companheiros encontraram o corpo de Ari sem a cabeça. Sua arma, rifle 44, seu bornal e sua bússola tinham sido levados. As mochilas de Ari, Jonas e Raul estavam lá. Raul voltou pela manhã ao acampamento e Jonas desapareceu.
Sua morte também é citada no comunicado nº 8 das Forças Guerrilheiras do Araguaia, com o nome de Ari.
O ex-colaborador do Exército Sinésio Martins Ribeiro, em depoimento prestado em São Geraldo do Araguaia, em 19 de julho de 2001, afirma que “[…] Ari não atirou; que Ari teve sua cabeça cortada e levada para a base do Exército em Xambioá”. Esta informação é confirmada por José Vargas Jiménez em seu livro Bacaba: “No dia 24 de novembro, na região de Pau Preto, o guerrilheiro Arildo Aírton Valadão (Ari) foi morto e decapitado por um GC comandado por um segundo sargento que servia na 1ª/3ª B Fron, com sede em Clevelândia do Norte (AP), organização militar onde eu servia”.
Elio Gaspari também descreve a decapitação de Arildo em A ditadura escancarada: “Outros combatentes que estavam nas vizinhanças ouviram três tiros. Aproximaram-se da grota e encontraram o corpo de Ari, sem a cabeça. A degola de Canudos, do Contestado e das volantes do cangaço também
chegara ao Araguaia”.
De acordo com relatório da expedição feita pelo MPF em 2001, “[…] após a retirada da cabeça, a colocaram num saco plástico e voltaram a pé até a base do Paulista, na beira do rio Xambioázinho, junto à OP-238; […] que a cabeça foi entregue ao ‘Dr. Cesar’, do Exército”. O corpo, sem a cabeça, teria sido enterrado na Grota do Mutum, de acordo com moradores da região. Ex-guias que alegam ter participado da morte de Arildo afirmam que seu corpo foi sepultado em um local chamado Pimenteira.
Em 2010, estava sinalizado para futuras escavações do Grupo de Trabalho Tocantins (GTT).
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Letícia Cardoso e Rodrigo Lira – gazeta online
20/07/2010
A dor da incerteza
Leia outras reportagens da série
As aventuras das Jéssicas. Brincando com o perigo
Desaparecidos: são mais de nove mil casos no Estado
Assim como a esposa de Orlando Bofim Junior, a mãe de Arildo, Helena Valadão, também foi vencida pela dor de não ter em mãos algo que lhe pudesse dar a certeza da situação de seu filho. Em 1973, dois anos após receber uma última carta de Arildo, Helena morreu acometida por um câncer.
O psiquiatra e membro da Associação Americana de Psiquiatria, Milton Cots, explica que lidar com o desaparecimento de alguém é muito difícil e gera consequências emocionais. “Por mais doloroso que seja, é muito mais fácil lidar com a morte do que com o desaparecimento. Porque o desaparecimento você fica num limbo onde você não consegue nem administrar o luto daquela perda e nem ter a pessoa. Como isso provoca um estresse muito grande e continuado, isso pode provocar em pessoas predispostas, uma série de problemas emocionais”.
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04/01/2005 às 16:15:00 – Atualizado em 19/07/2008 às 15:55:34
Fim da Guerrilha do Araguaia completa 30 anos
Agência Estado
Roberto Valadão e os irmãos Altivo e Marlene cederam à reportagem fotos e documentos que mostram os ideais e a intimidade de um dos casais mais famosos da luta armada brasileira. Dias antes de ir para o Araguaia, Arildo Valadão casou-se na Basílica Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba (SP), com a ex-nadadora do Fluminense e colega no curso de física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Áurea Elisa Pereira. Arildo Valadão e Áurea eram “revelações” do Instituto de Física da UFRJ, centro que, no fim dos anos 60, começava a se destacar na área nuclear, e participavam do movimento estudantil. Logo depois do casamento, eles abandonaram o apartamento de um quarto e sala em que moravam no Catete, na capital fluminense, para escapar de uma ação do Exército, que destruiu o local.
Numa carta escrita em 8 de julho de 1970, para a mãe, Helena, Arildo Valadão afirma que se mudava com Áurea da cidade o interior do País com o objetivo de fugir da ditadura. O guerrilheiro avalia na correspondência de quatro páginas que era “inevitável” a vitória contra os “guardiães da democracia” – como se refere aos militares – e diz que a luta armada teria êxito fora dos centros urbanos. “Eles não se limitam a prender e procurar saber se (o preso) é inocente ou culpado, logo designam a pessoa por culpada e, então, submetem-na a torturas horríveis” escreve.
“É quando o inimigo faz tudo para nos derrubar – e não o consegue – que podemos medir o quanto somos fortes.” Altivo Valadão mostra fotos de Arildo Valadão no verão de 1968, em Marataízes, litoral sul do Espírito Santo. O guerrilheiro, à época com 19 anos, aproveitava as últimas férias antes de entrar na agitação estudantil. A última vez que Altivo viu o irmão foi, por coincidência, no banheiro de um cinema em Botafogo. Arildo, na clandestinidade, tinha marcado encontro com outra pessoa no local. “Arildo era brincalhão, risonho e comunicativo”, lembra Altivo, que hoje é engenheiro químico.
Em outro trecho da carta, Arildo pede para a mãe não se preocupar com ele e Áurea, “pois bem sabe que somos jovens, fortes, dispostos, prontos a enfrentar tudo”. Para poupar a mãe do sofrimento, ele evita comentar a atuação no PC do B. “Ora veja só a sra., eu que fui indicado para assessor direto do ministro da Educação e Cultura ser acusado de subversivo! Não é mesmo engraçado? Logo eu, tão querido pelos professores e até pela direção da escola, eu a quem tanto confiavam, ser acusado de uma tal coisa! É bem verdade que eu era presidente do Diretório Acadêmico de minha escola…” Numa fina ironia, o guerrilheiro promete à mãe voltar para casa: “Quanto menos esperar, nós apareceremos por aí com os `canudos’ debaixo do braço.” “Algum dia chegará em que nós estaremos, novamente, juntos e então todas estas coisas serão coisas de um passado distante e nós riremos juntos e satisfeitos quando lembrarmos delas”, completa.
Arildo teria sido decapitado em 24 de novembro de 1973, aos 24 anos, e Áurea morta em 1974. A ação do Exército contra a guerrilha durou de 1972 a 1975. Antes dos combates, os comunistas atuavam como parteiros, comerciantes, agricultores e professores na região. Áurea e Arildo, por exemplo, instalaram uma escola para crianças pobres. “Eles eram como carne e unha, muito unidos e apaixonados”, conta a ex-guerrilheira Luzia Reis, presa no início da luta armada. Já dossiês do Exército destacam a audácia de Arildo, que invadiu barracas militares. Helena morreu em 1973, pedindo a presença do filho caçula.
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Arquivos da Ditadura A Gazeta (ES) – 09/09/2007 Os seis capixabas que os militares assassinaram Felipe Quintino Seis capixabas e um destino marcado pela repressão da ditadura militar no país. As histórias dos militantes políticos foram registradas no livro “Direito à Memória e à Verdade”, lançado no Palácio do Planalto, em solenidade com a participação do presidente Lula e de familiares dos desaparecidos do regime. O livro, uma compilação dos 11 anos de trabalho da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, mostra a situação de 479 militantes que sofreram com os anos da ditadura. É a primeira vez que o Estado elabora um registro oficial sobre o assunto. Um dos casos é de Arildo Valadão, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Segundo os relatos, o capixaba foi morto e decapitado. Aos 24 anos e líder estudantil atuante, Arildo participava da Guerrilha do Araguaia, movimento de oposição ao regime militar. Casamento. Com a conclusão do estudo do segundo grau em Cachoeiro do Itapemirim, Arildo ingressa no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi presidente do Diretório Acadêmico. Na universidade, ele conhece Áurea Elisa Pereira, colega de turma com quem ele se casou em fevereiro de 1970. Ela também está desaparecida. Os dois moravam num pequeno apartamento no Catete e se mantinham com uma bolsa de estudos do CNPq e com o que ele ganhava como monitor de classe. “Para o casal, a vida na clandestinidade começou após a invasão de seu apartamento pelos órgãos de segurança. Arildo e Áurea foram viver no Araguaia no segundo semestre de 1970, estabelecendo-se na região de Caianos e integrando-se ao Destacamento C da Guerrilha”, informa o livro. Grota. De acordo com o relatório Arroyo, documento sobre a luta no Araguaia, Arildo e outros dois companheiros, Raul e Jonas, quando voltavam de um contato com a “massa”, pararam próximo de uma grota. “Ari e Raul se aproximaram da grota para melhor se orientarem. Jonas ficou de guarda, perto das mochilas. Ouviu-se um tiro e Ari caiu. Em seguida ouviram-se mais dois tiros. Raul correu”, descreve o relatório. De acordo com informações do documento, o comando do Destacamento também ouviu os tiros e enviou quatro companheiros para saber o que havia acontecido. “Logo adiante, esses companheiros encontraram o corpo de Ari sem a cabeça. Sua arma, rifle 44, seu bornal e sua bússola tinham sido levados. As mochilas de Ari, Jonas e Raul estavam lá. Raul voltou pela manhã ao acampamento e Jonas desapareceu”. No livro “A Ditadura Escancarada”, o jornalista Elio Gaspari também descreve a decapitação do capixaba e faz referência com outros fatos da história. “A degola de Canudos, do Contestado e das volantes do cangaço também chegara ao Araguaia”, concluiu. “Ouviu-se um tiro” No dia 24, quando voltavam de um contato com a massa, os companheiros Ari (Arildo), Raul e Jonas pararam próximo de uma grota. Ari e Raul se aproximaram da grota para melhor se orientarem. Jonas ficou de guarda, perto das mochilas. Ouviu-se um tiro e Ari caiu. Em seguida ouviram-se mais dois tiros. Raul correu. O comando do Destacamento BC, que também ouvira os tiros, enviou quatro companheiros para pesquisar o que teria havido. Logo adiante, esses companheiros encontraram o corpo de Ari sem a cabeça. Sua arma, rifle 44, seu bornal e sua bússola tinham sido levados. As mochilas de Ari, Jonas e Raul estavam lá. Raul voltou pela manhã ao acampamento e Jonas desapareceu”. Relatório que descreve a morte do capixaba Arildo Valadão Retratos da história Arildo, Orlando, Lincoln, José Maurílio, João Gualberto e Marcos José agora estão “fichados” no livro Direito à Memória e à Verdade, uma compilação dos 11 anos de trabalho da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos. Prefeito de Cachoeiro lamenta não ter encontrado o corpo do irmão Irmão de Arildo Valadão, um dos capixabas desaparecidos, o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Roberto Valadão, diz que o livro “Direito à Memória e à Verdade” é uma oportunidade de fazer um “registro importante” das pessoas que combateram a ditadura no país. “Ele tinha um ideal de conquistar a democracia. Era um pessoa estudiosa. Estava no segundo ano de Física e já era monitor de turma. Militava no movimento estudantil e fazia uma luta forte contra a ditadura”, afirmou. Para o prefeito, a versão do que realmente aconteceu com seu irmão só poderá ser confirmada após o corpo ser encontrado. “Como não foi encontrado o corpo, fica difícil saber da verdade. O que temos de concreto é que ele desapareceu”, disse. Integrante do governo federal e militante histórico do PT no Espírito Santo, o subsecretário dos Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano, ressaltou que o livro quer contribuir para resgatar a memória. “Esse é um marco histórico. É um documento oficial das mortes e dos desaparecidos. É uma versão oficial do Estado. A partir disso, possivelmente, outros documentos e novos dados vão aparecer”, afirmou Perly. De acordo com ele, a publicação quer abrir todas as informações sobre violações de Direitos Humanos ocorridas na ditadura e não tem caráter de revanchismo. O próprio Perly é uma das vítimas da repressão no país. Por se opor à ditadura, ficou 10 anos preso e passou por vários presídios do país. “Valeu a pena lutar para que a gente tenha liberdade. Tenho orgulho do que fiz e tenho orgulho daqueles outros que tiveram ao nosso lado na mesma luta”, salientou. A primeira edição do livro tem tiragem de 5 mil exemplares, que vão ser distribuídos a familiares, centros de pesquisa, imprensa, parlamentares e bibliotecas públicas. …………………………………………………………………………………………………………………… |
Decapitação foi ordenada por oficial, revela tenente
Por muito tempo, o Exército sustentou a versão de que o ato de decepar cabeças de guerrilheiros era obra de sertanejos ignorantes, que atuavam como guias e não entendiam as “ordens” dos oficiais.
Essa versão está em vários livros e reportagens publicados nos últimos anos sobre a guerrilha e sobre as decapitações, no decorrer de 1973, de Arildo Valadão, Jaime Petit e Adriano Fonseca Filho.
O tenente da reserva José Vargas Jiménez relatou ao Estado que Valadão teve a cabeça cortada por um militar, que respondia a ordens de um superior hierárquico. Procurado pela reportagem, o Exército não se manifestou sobre o assunto.
Relatório da Marinha revelado em 1993 pelo então ministro da Justiça, Maurício Corrêa, informa que Arildo foi morto em 24 de novembro de 1973.
José Vargas Jiménez relata que o guerrilheiro foi morto por um segundo sargento que servia no Amapá antes de chegar ao sul do Pará.
“Como não tinha fotos nem a relação de nomes dos guerrilheiros, não conseguiu identificá-lo. Recebeu então ordens pelo rádio transmissor para que o decapitasse e lhe cortasse as mãos, para posterior identificação e reconhecimento pelo rosto e impressões digitais”, conta Jiménez. “Assim o fez, colocando tudo num saco de plástico e de estopa, que foi levado para a base de operações de combate em Bacaba.” Como observou o jornalista Elio Gaspari no livro A Ditadura Escancarada, a degola do cangaço chegava ao Araguaia.
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Ficha Pessoal | |
Dados Pessoais | |
Nome: | Arildo Valadão |
Cidade:
(onde nasceu)
|
Itaici |
Estado:
(onde nasceu)
|
ES |
País:
(onde nasceu)
|
Brasil |
Data:
(de nascimento)
|
28/12/1948 |
Atividade: | Estudante universitário |
Universidade | Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ |
Dados da Militância | |
Organização:
(na qual militava)
|
Partido Comunista do Brasil PC do B Brasil |
Nome falso:
(Codinome)
|
Ari, Ari do C, Ivan |
Morto ou Desaparecido:
|
Desaparecido 24/11/1973 PA Brasil região do Araguaia Segundo companheiros. Clandestinidade Desaparecido |
Dados da repressão | |
Biografia | |
Documentos | |
Artigo de jornal
Deputados vão ao Chile apurar desaparecidos. Hoje em Dia, Belo Horizonte, 2 jun. 1993. Tortura no Chile, Correio Braziliense, Brasília, 2 jun. 1993. Chiaretti, Marco. Argentina já tem pista de um brasileiro desaparecido em 76. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 10 jun. 1993. Os dois primeiros artigos citam a ida a Santiago do Chile, em 06/93, do presidente da Comissão Externa para os Desaparecidos Políticos da Câmara Federal, deputado Nilmário Miranda (PT/MG), e do também deputado Roberto Valadão (PMDB/ES), o qual perdeu um irmão na Guerrilha do Araguaia em 1973 (Arildo Valadão). Os deputados foram em busca de informações de cinco desaparecidos políticos brasileiros no Chile, junto à Corporación Nacional de Reparación y Reconciliación: Túlio Quintiliano, Vânio Matos, Luiz Carlos de Almeida, Nelson Kohl e Jane Vanini, sendo que apenas os dois primeiros tiveram suas mortes reconhecidas pelo Governo do Chile. O terceiro artigo cita a ida destes deputados a Argentina, onde obtiveram informações sobre o desaparecido político em 08/76, Walter Kenneth Nelson Fleury, além de Jorge Alberto Basso e Roberto Rascado Rodrigues. Não foram encontradas notícias do músico Tenório Jr. (Francisco Tenório Júnior) e de outros três desaparecidos na Argentina entre 1976 e 1980.Legislação Decreto n. 31.804 da cidade de São Paulo, conferindo nomes de mortos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar a ruas de Cidade Dutra. Diário Oficial do Município, São Paulo, v. 37, n. 120, 27 jun. 1992, p. 7. Legislação Legislação |
Só uma correção. ele nasceu em Itaici sim, porém Itaici é um distrito pertencente ao Município de Muniz Freire, trabalho na Casa da Cultura e todos deste Departamento ficariam muito contentes com a correção. Agradeço a Atenção