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AS PERIPÉCIAS DO SHOW PROIBIDO DE GERALDO VANDRÉ NO PARAGUAI

 

VANDRÉ NA TRÍPLICE FRONTEIRA

Aconteceu em 1982.

Fazia dois anos e dez meses que eu havia retornado à Foz do Iguaçu, depois de oito anos de exílio forçado.

Na época, eu era editor do jornal Nosso Tempo e a cidade parecia uma panela de pressão prestes a explodir. A construção da Hidrelétrica de Itaipu trouxe para a cidade milhares de trabalhadores, provocando um processo de expansão urbana desordenado.

O prefeito era um coronel nomeado, mas quem de fato, mandava na cidade era o truculento general Costa Cavalcanti, diretor geral da Itaipu Binacional, que, além de construir a hidrelétrica, montou um serviço de espionagem, cuja área de atuação, abrangia o território nacional, Paraguai, Argentina e Chile. Era a toda poderosa Assessoria de Segurança e Informações – AESI.

Foi nesse turbilhão, que Geraldo Vandré baixou em Foz do Iguaçu acompanhado por um grupo composto de quatro músicos. Ele veio para um show no Paraguai, mais precisamente no Clube Social da Área Dois de Itaipu.

Ele se hospedou no Hotel Ilha de Capri alguns dias antes do show que estava programado para o dia 17 de julho. Porém, a ordem veio de cima, o general Aguirre, chefe do setor de Informação e Segurança da Itaipu, lado paraguaio proibiu a apresentação de Vandré no Clube Social, o que foi referendado pelo seu colega brasileiro general Junot.

Após ficarem vinte dias buscando uma solução, o trompetista Michael Kelli, chegou no hotel com uma notícia. Ele havia conseguido um certificado da Polícia Federal, de que Vandré não tinha nenhuma pendência com a Justiça Brasileira e com o documento em mãos, havia conseguido locar a sala do velho cinema da então Ciudad Presidente Strossner, hoje Ciudad Del Este.

No dia 7 de agosto, para um pequeno público de paraguaios e alguns brasileiros, os músicos e Vandré começam o show, se apresentando vestidos de verde oliva e de coturnos. Entram no salão, pela porta de entrada, e caminham em silêncio de cabeças baixas, em direção ao palco.

Não houve aplausos e nem gritos.

Após a encenação, um Vandré, de cabelos compridos e grisalhos, vestindo um safari verde oliva, volta ao palco acompanhado dos músicos.

Sempre de cabeça baixa, ele pede para diminuir a iluminação, senta numa cadeira e canta “Desacordonar” em espanhol.

Em anexo, declaração que Geraldo Vandré deu para a TV Tarobá, de Cascavel, um pouco antes do show no Paraguai.

https://youtu.be/GlfyC6e8pYA

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