Ao me deparar com a jornalista Juliana Machado com aquela estampa punk bateu preconceito. Hoje, eu tenho vergonha de contar, mas quando ela veio me entrevistar com piercings no nariz, na orelha e nos lábios, fiquei com um pé atrás.
Mas a “menina” me surpreendeu com seu livro e seu texto, resultado de dois dias de longas conversas no verão de 2012.
“Na manhã de um primeiro de março, o ventilador de
parede em uma sala de catequese de uma igreja tenta aliviar
o calor. Aluízio Ferreira Palmar, de 69 anos, jornalista, sentado
em uma cadeira laranja desarranjada das demais na sala come-
ça as duas horas de diálogo sobre seu passado: ex-militante
comunista, ex-líder estadual do Partido Comunista Brasileiro
(PCB) em Niterói, no Rio de Janeiro, na década de 60, torturado
e expulso do país pela ditadura militar brasileira, instalada no
ano de 1964 por meio de um golpe e encerrada em 1985.
Estamos na cidade de Foz do Iguaçu, limite com Argen-
tina e Paraguai, não por menos o local que ele escolheu para
viver após se instalar sucessivas vezes em países diferentes da
América do Sul, fugindo da perseguição política. A cidade natal,
porém, é a “velha província”, como ele mesmo diz, de São Fidé-
lis, Estado do Rio de Janeiro.” (trecho do livro O Mel e o Sangue)
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