Ministério do Exército
1º DI
Campo de Instrução de Gericinó Rio de Janeiro GB
10DEZ1969 ASSUNTO VAR-PALMARES
ORIGEM IPM COLINA
ENCARREGADO TEM CEL ARY (CIG)
DIFUSÃO I EX –SI 1 DI
INFO 17/69 IPM-0PM
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que também podem ser lidos nas extensões JPG
http://pt.scribd.com/doc/103841501
O documento anexado foi produzido pelo I Exército em 21 de novembro de 1969 relata as prisões de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, Antonio Roberto Espinoza e Chael Charles Schreier e nele os militares dizem que Chael morreu devido a “feridas internas produzidas por ele mesmo”.
Sobre a prisão Maria Auxiliadora declarou quando chegou no Chile, após ser libertada juntamente com outros 69 combatentes da Resistência:
“Foram intermináveis dias de Sodoma. Me pisaram, cuspiram, me despedaçaram em mil cacos. Me violentaram nos meus cantos mais íntimos. Foi um tempo sem sorrisos. Um tempo de esgares, de gritos sufocados, um grito no escuro”.
A tortura foi uma prática comum da ditadura militar, afirma o livro “Direito à Memória e à Verdade”, documento oficial do governo federal que pela primeira vez acusa integrantes da ditadura de tortura e mortes. Abusos sexuais atingiram homens e mulheres, mas estas sofreram mais. Maria Auxiliadora não foi morta por agentes nem é uma desaparecida. Ela se atirou nos trilhos de trem numa estação em Berlim, em 1º de junho de 1976.
Em 21 de novembro de 1969, Maria Auxiliadora foi presa com dois companheiros da VAR-Palmares, organização clandestina que incorporou outros dois grupos, a VPR e o Colina.
Mineira e com 24 anos, Maria Auxiliadora foi torturada pela polícia do Exército no Rio, com dois colegas. Ela seria enviada para o Chile em janeiro de 1971 na companhia de outros 69 presos políticos, em troca da libertação do embaixador suíço, Giovanni Enrico Bucher. O embaixador fora seqüestrado um mês antes pela VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).
Ainda segundo o depoimento dela, seus dois colegas, Antonio Roberto Espinoza e Chael Charles Schreier, “saíram da sala (…) visivelmente ensangüentados, inclusive no pênis, na orelha e ostentando corte na cabeça”. Chael morreria em menos de 24 horas. Quase sete anos depois, Maria Auxiliadora se suicidaria no exterior.
A VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) foi uma das organizações de esquerda que lutaram contra a ditadura que mais se destacou no período 68/71. Foi uma organização formada por dissidentes da POLOP (Política Operária) e antigos militares brizolistas do MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário) seu agrupamento inicial começou em 1966, com o ex-sargento do exército Onofre Pinto, por trás de sua articulação. As ações feitas pela VPR no começo de 1969, fazem com que essa organização fique bem conhecida da repressão. E pensando em se tornar ainda maior a VPR numa fusão com o COLINA (Comando de Libertação Nacional), forma a VAR-PALMARES (Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares). Essa fusão foi feita num congresso realizado em julho de 1969.
Em setembro de 1969, houve o rachão, congresso que trouxe de volta a VPR.