Um ano após o Golpe Civil-Militar que derrubou o governo constitucional presidido por João Goulart, os partidos políticos foram extintos pelo Ato Institucional nº 2, e a partir de 1968, os prefeitos de regiões consideradas “Áreas de Segurança Nacional”, como Foz do Iguaçu, passaram a ser nomeados pelo ditador de plantão.
Os prefeitos que vinham para cá eram militares indicados pelo Conselho de Segurança Nacional. O Coronel Clóvis Cunha Vianna foi nomeado prefeito de Foz do Iguaçu pelo General Costa e Silva, após a desistência do Coronel Julio Werner Hackradt, que havia sido indicado anterioremente . Cunha Vianna chegou aqui em 1974 e ficou no cargo até 1984 servindo à ditadura e ao partido do governo militar – Arena.
Nos primeiros anos da década de 80 aumentou o movimento contrário à intervenção federal nos municípios considerados “área de segurança nacional”. Na onda da redemocratização foi então criado o Comitê Nacional de Autonomia Municipal (Conam). Apesar do clamor popular e das atividades do Conam, as eleições para prefeito em Foz do Iguaçu e demais municípios atingidos pelo ato ditatorial não saíam.
Acuado pelo descontentamento da população, no dia 11 de fevereiro de 1984, o coronel Clóvis Cunha Vianna oficializou o seu pedido de afastamento do cargo de prefeito. Ele, que havia se estabelecido na “Terra das Cataratas” nove anos antes sob o manto protetor do general Costa Cavalcanti, deixava o cargo de cabeça baixa. A notícia da exoneração do coronel Clóvis Cunha foi recebida com euforia pela população, que festejava o fim de uma década de autoritarismo, de submissão à ditadura civil-militar, de atropelamento aos direitos humanos e perseguição à imprensa.
Neste decênio foram atropelados os direitos básicos da população de baixa renda, seja daqueles que vieram para Foz do Iguaçu, movidos pela atração do emprego na obra da usina hidrelétrica de Itaipu, ou daqueles que saíram do campo devido à introdução das grandes plantações e
por conseqüência da mecanização.
Milhares de famílias foram empurradas para os rincões mais longínquos da cidade de Foz do Iguaçu, sem as mínimas condições de habitabilidade. Enquanto a massa trabalhadora era impelida a comprar terrenos em “loteamentos” que careciam do básico como água e luz, grandes áreas nas cercanias do centro eram adquiridas à preço de banana pelos amigos do coronel prefeito.
Hoje nessas mesmas áreas estão sendo construídos os condomínios de luxo.
O período que coronel Clóvis Cunha Vianna comandou a prefeitura de Foz do Iguaçu foi pródigo de gentilezas para os cupinchas e de ferro e fogo para o povo pobre e para àqueles que denunciavam as mazelas do prefeito nomeado. É o caso da perseguição aos editores do jornal Nosso Tempo. Cunha Vianna e seus cúmplices patrocinaram os atos criminosos contra a imprensa livre, que acabou levando jornalistas a serem julgados por tribunal militar e a prisão de um deles – Juvêncio Mazarollo.
Em resumo os dez danos em que o coronel Clóvis Cunha Vianna comandou a prefeitura foi um período de trevas, de autoritarismo, de má gestão do bem público, de abuso de autoridade com distribuição de benesses aos “amigos do rei”, de dilapidação do meio ambiente, de violação dos direitos básicos da pessoa humana e perseguição e crimes contra a liberdade de imprensa. (C/SITE MEGAFONE)
DOCUMENTOS REVELADOS
OFÍCIO DO GOVERNADOR NOMEADO DO ESTADO DO PARANÁ EMÍLIO GOMES AO MINISTRO DA JUSTIÇA DA DITADURA ARMANDO FALCÃO, INDICANDO CORONEL R1 JULIO WERNER HACKRADT PARA PREFEITO DE FOZ DO IGUAÇU
OF 235.G
30ABRIL 1974
CORRESPONDÊNCIA DO CORONEL R1 JULIO WERNER HACKRADT AO GOVERNADOR NOMEADO ESTADO DO PARANÁ EMÍLIO GOMES DECLINANDO CONVITE PARA SER NOMEADO PREFEITO DE FOZ DO IGUAÇU
OFÍCIO DO GOVERNADOR NOMEADO DO ESTADO DO PARANÁ EMÍLIO GOMES AO MINISTRO DA JUSTIÇA DA DITADURA ARMANDO FALCÃO, INDICANDO CORONEL R1 CLÓVIS CUNHA VIANNA PARA PREFEITO DE FOZ DO IGUAÇU
OF 257-G
30MAIO1974
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