O relatório final produzido pela Comissão da Verdade Marcos Lindenberg (CVML/Unifesp),
além de uma abertura e considerações inais, foi dividido em quatro partes e uma lista de anexos.
A primeira parte, intitulada Alinhavando os Estratos do Tempo: Experiência da Escola
Paulista de Medicina diante da Ditadura Militar, divide-se em quatro capítulos cronologicamente
construídos. No primeiro, Os Anos de 1960, a Medicina, o Hospital e a Escola, apresentamos as
lutas e debates que antecederam ao golpe militar, assim como os grupos políticos que então
nela atuavam e suas percepções acerca do golpe; no segundo capítulo, Os Dias e as Sombras,
mergulhamos no processo de resistência e perseguições na escola, assim como narramos as lutas
da comunidade em meio ao endurecimento e fortalecimento da ditadura; no terceiro capítulo,
1972: Estudantes no Olho do Furacão, destacamos a experiência de 11 alunos presos no mesmo
conjunto de eventos por meio dos quais a repressão esperava eliminar o Movimento de Libertação
Popular (Molipo); por im, no quarto capítulo, De Volta às Ruas, à Política e às Artes, narramos o
envolvimento da comunidade no processo de abertura. A segunda parte do relatório inal, intitulada Biograias, é composta por 25 biograias escritas pelos comissionados sobre as vidas dos
membros da comunidade que sofreram violações de direitos humanos no período, afastamentos
forçados, prisões, tortura, etc. A terceira parte, intitulada Relexões, reúne um conjunto de
artigos escritos por professores, escritores, ativistas, ex-alunos da Unifesp e membros da comunidade que participaram dos seminários e audiências que promovemos ao longo desses três
anos de trabalho. Consideramos que nossas atividades puderam acolher relexões e propostas,
ao mesmo tempo em que pudemos divulgar nossa pesquisa e nossas ações. Tais relexões são,
desta forma, parte fundamental deste relatório, posto que ampliam seus conteúdos, interpretações e signiicados. A quarta parte, embora menor, é de enorme relevância, trata-se das Recomendações à Comunidade. Nela destacamos a importância de construir um memorial que possa
homenagear a luta pela democracia e manter os esforços da universidade em favor do respeito
às políticas de direitos humanos.
Para este informe no Consu, selecionamos algumas partes do relatório completo, para que a
comunidade tome contato com o trabalho realizado. A necessidade de escolher algumas partes
justiicou-se pelo tempo necessário para revisão de todo o texto pelo DCI/Unifesp. Consideramos importante apresentar resultados ao inal dos três anos de trabalho em audiência no
conselho e a revisão do texto integralizado ainda demorará até o próximo ano. O relatório na
íntegra, conforme o sumário disponível no inal desse informe, está sendo preparado para publicação em livro e esperamos que esteja pronto no próximo ano para que toda a comunidade
possa ler e sentir-se incentivada a desenvolver outras pesquisas e outros olhares a partir do que
oferecemos, o que, por sua vez, ainda sugere muitos caminhos e trajetórias a serem cumpridas.
Dessa forma, reproduzimos aqui a abertura, À Guisa de Abertura: Entre a História, a Memória
e a Verdade, o terceiro capítulo da segunda parte, 1972: Estudantes no Olho do Furacão, duas das
25 biograias escritas, a da técnica de enfermagem no Hospital São Paulo Cássia Maria Luperni
Horta e a do estudante Luiz Carlos Aiex Alves, preso pelo Dops em sala de aula em 1970, um dos
mais de 50 depoimentos recolhidos, do ex-aluno e hoje professor Nestor Schor, como exemplo
e escolhido por sorteio, e duas das relexões que compõem a terceira parte, notadamente Aqui
Está Presente o Movimento Estudantil e Sobre o Papel das Comissões da Verdade no Tempo
Presente.
Por último, gostaríamos de deixar registrado junto a este egrégio conselho todos os esforços
que faremos para publicar o material completo. Parte dos resultados pode ser consultada no site
da CVML/Unifesp, onde publicamos a documentação relativa aos membros da comunidade que
4Universidade Federal de São Paulo | Unifesp | Comissão da Verdade
sofreram violação de direitos humanos. Toda a pesquisa, especialmente o conjunto documental
levantado, icará disponível no Repositório Institucional da Unifesp que vem sendo construído
pela Coordenadoria da Rede de Bibliotecas da Unifesp. Esperamos que o repositório possa se
tornar uma plataforma de informações que incentive a realização de futuras pesquisas sobre o
assunto
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