Em anexo e no formato PDF , alguns exemplares do jornal da POLOPE
Organização política revolucionária formada em fevereiro de 1961 principalmente por elementos vindos da Liga Socialista — organização influenciada pela teórica marxista alemã Rosa Luxemburgo —, por ex-militantes trotskistas e por ex-militantes comunistas. Constituída essencialmente de intelectuais e estudantes e possuindo bases sobretudo em São Paulo, Minas Gerias e Rio de Janeiro, tinha por objetivo criar condições para o surgimento de um partido revolucionário da classe operária. Destacou-se por suas análises críticas sobre o processo de desenvolvimento da sociedade brasileira e pela influência que exerceu sobre outros grupos marxistas.
Formação
Os organizadores da Polop sofreram forte influência do teórico russo Nikolai Ivanovitch Bukharin, do alemão Ernest Thalmann e do espanhol Andrés Nin, todos atingidos pelas perseguições stalinistas. Procurando fugir ao dilema trotskismo versus stalinismo, que dominava todos os movimentos comunistas mundiais, a Polop veio de toda forma contestar a hegemonia político-ideológica do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que até então só tinha como opositores os grupos trotskistas.
Os objetivos da Polop, definidos em seu segundo congresso, consistiam em interpretar cientificamente as condições em que se desenvolvia a luta de classes, promover a propaganda e a agitação revolucionária no seio das massas e organizá-las “em uma frente de classes, suporte de um autêntico partido revolucionário — partido que não constitui tarefa exclusiva de nenhum dos grupos que compõem a esquerda, mas o resultado de um trabalho comum de coordenação e unificação de forças”.
Ainda nos primeiros anos da década de 1960, a Polop defendia a tese de que a burguesia era incapaz de resolver os problemas graves com que se defrontava a sociedade brasileira e que não seria através de simples reformas das estruturas vigentes que os problemas do país teriam soluções. Opondo-se por conseguinte tanto aos grupos nacionalistas como ao PCB, considerava que a revolução brasileira, pelas condições concretas existentes no país, haveria de ser “uma revolução dos trabalhadores da cidade e do campo, sob a direção da classe operária”, uma revolução que “não somente [completaria] as tarefas que a burguesia não executou no poder, como também [criaria] as condições para uma passagem rápida ao socialismo”.
Essas posições foram expressas principalmente em dois documentos, intitulados Programa socialista para o Brasil e Aonde vamos?, ambos assinados por Ernesto Martins, codinome de um dos principais dirigentes da organização. Entre os intelectuais responsáveis pelas análises críticas e as formulações teóricas da Polop encontravam-se ainda os sociólogos Rui Mauro Marini e Teotônio dos Santos, que divulgavam suas idéias através da revista Política Operária.
O pós-1964
Até 1964 a Polop atraiu um grande número de estudantes e de sargentos, que vinham atuando na política através de sua associação de classe. A partir do movimento militar de março desse ano, que derrubou o governo constitucional de João Goulart e deu início a um processo de abolição das franquias democráticas, as adesões aumentaram. Ao mesmo tempo, a organização passou a desenvolver uma série de contatos para dar início à luta armada. Conhecida como “guerrilha de Copacabana” — por ter sido articulada em apartamentos da Zona Sul do Rio —, essa etapa foi porém encerrada em pouco tempo. O Centro de Informações da Marinha (Cenimar) infiltrou marinheiros entre o grupo e conseguiu prender os responsáveis pelas articulações, entre os quais Rui Mauro Marini. O desbaratamento do grupo guerrilheiro produziu uma crise interna, durante a qual o jornalista Luís Alberto Muniz Bandeira liderou a cisão.
Em 1965, um grupo da Polop de Minas Gerais passou a contestar as diretrizes da organização, defendendo a necessidade de uma campanha pela convocação de uma assembléia constituinte. Esse movimento perdeu-se entretanto dentro de uma longa discussão sobre a tática a ser adotada.
Em 1967, nova crise interna surgiu entre os quadros de São Paulo, que acusavam a direção da Polop de inércia e de inabilidade para capitalizar a crise deflagrada no PCB com a expulsão de Carlos Marighella, Mário Alves, Manuel Jover Teles, Apolônio de Carvalho e outros. Considerando que a ocasião era propícia para a Polop disputar um espaço alternativo na esquerda brasileira e defendendo a luta armada, esse grupo abriu uma dissidência e, unindo-se a militares expurgados reunidos no Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), iria formar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Na mesma ocasião o grupo mineiro, também divergindo da direção nacional da Polop, desligou-se do movimento para formar o Comando de Libertação Nacional (Colina).
Diante dessas dissidências, a Polop perdeu praticamente a metade de seus quadros. Aproximou-se então dos dissidentes secundaristas do PCB do Rio de Janeiro e dos dissidentes leninistas do PCB do Rio Grande do Sul para formar a Frente de Esquerda Revolucionária (FER). O projeto de reagrupar outras forças fracassou e, com a saída da dissidência secundarista do Rio, a Polop e a dissidência leninista decidiram formar, em 1968, o Partido Operário Comunista (POC).
Em 1970, quando os vários grupos de guerrilha sofriam intensa repressão do sistema policial-militar, a Polop ressurgiu em virtude de uma dissidência dentro do POC. Sua nova orientação era desenvolver um trabalho de politização junto à classe operária. Essa posição conduziu a novas cisões e à criação de novos grupos, com o enfraquecimento da Polop.
Alzira Alves de Abreu
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