Um dos fundadores das Ligas Camponesas de Sapé, em 1958, juntamente com Biu Pacatuba, João Alfredo, Pedro Fazendeiro e Ivan Figueiredo, João Pedro Teixeira exercia na época a presidência desta entidade. Para marcar a data, foi inaugurado o Memorial das Ligas Camponesas.
Extensa Programação foi cumprida durante o último dia 2, com a celebração da memória do líder. Às 10h, houve visita ao túmulo de João Pedro Teixeira no cemitério conhecido por “Cemitério Velho” de Sapé. Em seguida, realizou-se caminhada até a praça João Pessoa, onde ocorreu ato público, durante o qual discursaram personagens históricos das lutas camponesas, dentre os quais Elizabeth Teixeira, Agassiz Almeida, Assis Lemos e João Pedro Stédile, presidente nacional do Movimento dos Sem Terra (MST).
Com palavras carregadas de profunda emoção, Elizabeth Teixeira relatou o seu calvário após a morte do seu esposo. Acentuou a líder camponesa: “Mesmo carregando o peso dos meus quase 90 anos estarei sempre lutando pela reforma agrária no Brasil, que ainda não foi realizada”.
Falou, em seguida, o ex-deputado constituinte Agassiz Almeida, que rememorou as lutas dos camponeses, destacando: “Há 50 anos, tiros do latifúndio abateram João Pedro Teixeira; ele tombou no chão da história como um valente que não se curvou ante forças poderosas”. João Pedro Stédile ao discursar acentuou: “O Movimento dos Sem Terra (MST) teve como embrião as Ligas Camponesas e a história de luta de homens como João Pedro Teixeira, Francisco Julião, Pedro Fazendeiro e tantos outros companheiros”.
Da praça João Pessoa, carreata se dirigiu ao povoado de Barra de Antas, em Sapé, para a casa onde morou João Pedro Teixeira. Às 16h, com a presença do governador Ricardo Coutinho, o arcebispo Dom José Maria Pires, deputados, secretários do governo e representantes de várias entidades de classe e órgãos defensores dos direitos humanos, foi inaugurado o Memorial das Ligas Camponesas, com as bênçãos cristãs de Dom José Maria Pires, seguindo-se o corte simbólico da fita por parte do governador Ricardo Coutinho, Elizabeth Teixeira e Agassiz Almeida.
Após este ato cívico, o governador Ricardo Coutinho destacou a presença histórica destes nomes das lutas camponesas no Nordeste, como os de Elizabeth Teixeira, Agassiz Almeida, Assis Lemos e Francisco Julião, in memoriam, representado pelo seu filho Anacleto Julião.
O ex-deputado Assis Lemos assim se expressou: “Lá nos finais da década de 1950, quando participamos da fundação das Ligas Camponesas, visamos implantar a reforma agrária no país”.
Em seguida, falou Agassiz Almeida: “50 anos nos separam daquele 2 de abril de 1962, e a partir de então um grito de indignação ecoou pelos tempos afora. Repito como já me manifestei em várias partes do país: a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888 veio da pena de uma princesa; 70 anos depois, a libertação dos camponeses, após quatro séculos de opressão do latifúndio, foi conquistada, com sangue, suor e mortes”.
Encerrando a programação, o governador Ricardo Coutinho, visivelmente emocionado, destacou: “Com este Memorial das Ligas Camponesas pretendemos resgatar a história das lutas camponesas, e ao mesmo tempo, dizer ao povo paraibano que estamos bem próximo dos trabalhadores rurais, a fim de trazer dias melhores e recuperar uma parte das lutas agrárias deste país que não podem ser esquecidas. A maior dificuldade para instalar este Memorial foi o ódio daqueles que implantaram a ditadura no país, os quais além de matarem muita gente, quiseram apagar da memória do povo documentos da época”.
O memorial tem como objetivos construir um Centro de Formação para o Campesinato; resgatar a memória por meio de documentos, para a formação de um acervo histórico, social, político e cultural das ligas camponesas e lutas da reforma agrária; preservar o espírito de luta das ligas por justiça social, dignidade e reforma agrária.
Com Centro de Referência em Direitos Humanos do Agreste da Paraíba
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