Geral

PANFLETO DENUNCIANDO TORTURA EM OLAVO HANSEN

Olavo Hansen foi preso pelo DEOPS/SP, juntamente com mais 18 pessoas no dia 1° de maio de 1970, na praça de esportes da Vila Maria Zélia, durante comemoração operária pela passagem do Dia Internacional do Trabalho e imediatamente levado para o DOI/CODI-SP, onde foi torturado.

No dia 4 de maio, Olavo foi transferido para o DOPS, onde ficou detido na cela n° 2.

No dia 5 de maio, foi retirado da cela e conduzido à sala de torturas, onde permaneceu por mais de 6 horas. Na volta, os companheiros de cela de Olavo ouviram dele o relato das torturas sofridas: obrigado a despir-se, sofreu queimaduras com cigarros e charutos, choques elétricos oriundos do tubo de imagens de um televisor, palmatória nos pés e nas mãos, espancamentos, pau-de-arara, com afogamentos e choques elétricos.

Os presos politicos passaram a exigir que fosse chamado um médico para prestar assistência a Olavo, o que só foi realizado no dia 6 de maio. Além dos ferimentos visíveis por todo o corpo, Olavo apresentava sinais evidentes de complicações renais, anúria e edema das pernas. O médico que o assistiu, Dr. Geraldo Ciscato, lotado na época no DEOPS-SP, recomendou somente que ingerisse água, providenciando curativos em alguns ferimentos superficiais. O estado de Olavo agravava-se a cada dia. Seus companheiros de cela promoveram manifestações coletivas para que fosse providenciada assistência médica efetiva, tudo em vão.

Somente no dia 8 de maio, quando Olavo já se encontrava em estado de coma, o Dr. Ciscato voltou a vê-lo, dando ordens para que fosse removido para um hospital, deixando claro que ele não tinha a mínima chance de sobrevivência. Foi levado às pressas para o Hospital do Exército no Cambuci. No próprio hospital, e na tentativa de fugir à responsabilidade do assassinato sob tortura, os agentes injetaram em Olavo o inseticida Paration, preparando a farsa da nota oficial que seria publicada no dia seguinte.

Apoie o Documentos Revelados

Desde 2005 o site Documentos Revelados faz um trabalho único no Brasil de garimpo de documentos do período da ditadura. Ele é dirigido, editado e mantido no ar por uma única pessoa, Aluízio Palmar.

Contribuindo para manter o Documentos Revelados você ajuda a história a não ser esquecida e que nunca se repita.

Copie esta chave PIX, cole no aplicativo de seu banco e faça uma doação de qualquer valor:

palmar64@gmail.com

Você também pode gostar...

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.