A partir da década de 1970, com o início das obras da Usina Hidrelétrica
de Itaipu Binacional, cerca de 40 mil pessoas, ao longo dos oito municípios
brasileiros afetados pela formação do lago, começaram a viver o drama da
expropriação, sendo aproximadamente 20 mil o número de desapropriados no
Paraguai, num dos maiores processos migratórios da história contemporânea.
A fase específica das desapropriações na região Oeste do Paraná ocorreu
entre 1978 e 1982, período em que se verificou a ocorrência de expressiva
propaganda relativa ao processo de desapropriação.
Portanto, é a partir da década de 1970, com o início das obras, que os agricultores começam a viver o drama da expropriação. Ao longo dos oitomunicípios afetados pela formação do lago, cerca de 40 mil pessoas foramdesapropriadas, somente na margem brasileira, sendo aproximadamente 20 mil o número de desapropriados no Paraguai, nu m “dos processos mais radicais de diáspora ocorridos na história contemporânea
Desde 1975, o governo federal prometia pagar um preço justo pela indenização, como pôde ser verificado mediante a ampla propaganda veiculada na região, de acordo com a documentação existente no Centro de Documentação daItaipu Binacional, em Foz do Iguaçu. Porém, em 1978, eram poucas as famílias que haviam recebido as indenizações (FERNANDES, 2000: 65), sendo que, ainda, por um preço muito abaixo do esperado. Algumas famílias foram transferidas para projetos de colonização no Mato Grosso, ou no Norte do País, como foi o caso do Projeto Pedro Peixoto, no Acre. Essa situação fez com que, no mesmo ano de 1978, as Igrejas Luterana e Católica (por meio da CPT (Comissão Pastoral da Terra), bem como alguns sindicatos de trabalhadores rurais começassem um trabalho de organização nas comunidades, formando, em 1980, o Movimento Justiça e Terra,numa luta contra a política do governo. O Movimento agiu promovendo a organização das famílias, mediante espaços de conscientização, bem como auxiliando nas negociações com o governo, conquistando o aumento do preço das indenizações e dois assentamentos nos municípios de Arapoti e Toledo.
Em 1981, ainda havia em torno de 500 famílias que perderam suas terras,seus empregos, suas casas. Iniciou-se um processo de resistência e os camponeses expropriados passaram a formar movimentos localizados. Assim, nos anos de 1982 e 1983 surgiram vários movimentos sociais em diversas regiões do Estado. A CPT organizou essas famílias e começou a cadastrar outras que, expulsas, estavam interessadas em lutar por terra no Paraná. Em menos de um ano havia mais de 6 mil famílias cadastradas, que passaram a formar o Mastro (Movimento dos Agricultores Sem Terra do Oeste do Paraná).
(Fonte: Catiane Matiello)