Documento mostra a interligação e cumplicidade entre as AESIs e o SNI. A prova são os ofícios entre os generais Bruno Graça (chefe da AESI/Itaipu ), Walter da Costa Reis (chefe do SNI/Ctba), Costa Cavalcanti (DGda Itaipu) e o ministro de Minas e Energia Cesar Cals.
Assessoria Especial de Segurança e Informações (AESI), sediada na Usina de Itaipu cumpriu desde o início da construção da Binacional, no período ditatorial que vigorava nos dois países envolvidos neste acordo: o Brasil e o Paraguai. As AESI’s integravam o Sistema de Segurança Nacional e foram instituídas em praticamente todos os órgãos e instituições públicas do Brasil, incluindo-se ai universidades, empresas estatais, autarquias.
Eram instâncias subordinadas à Divisão de Segurança e Informações (DSI), também subordinadas ao Serviço Nacional de Informações (SNI).A Ditadura Militar brasileira, instaurada em 1964 valeu-se, entre outros aspectos, de diversos órgãos de informações que em muito facilitaram a coerção que lhe foi peculiar. Não há novidade nesse aspecto. Todos somos permanentemente informados sobre a ação do Departamento/Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS)2, do Serviço Nacional de Informações (SNI), ou mesmo dos órgãos pertencentes às Forças Armadas, Centro de Informações do Exército (CIE), o Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (CISA), o Centro de Informações da Marinha (CENIMAR), o Centro de Informações do Exterior (CIEx). Além do Centro de Operações de Defesa Interna – Destacamento de Operações Internas (Sistema DOI- Codi).
No interior do Sistema de Segurança Nacional as AESI’s ficavam subordinadas ao Departamento de Segurança e Informações (DSI), que por sua vez, era submetido ao SNI.
No concernente à Itaipu, a ação desta AESI se dava com a anuência e o apoio das empreiteiras que formavam o consórcio responsável pela construção da Usina e pelo gerenciamento das relações entre os países, no campo das decisões sobre hidroelétrica. As empreiteiras que estiveram presentes na construção foram:a saída de estrangeiros nos postos da fronteira e também de controlar o pessoal contratado e os trabalhadores, inclusive pelas empreiteiras construtoras da empresa4. Ou seja, além de ser um braço da polícia local, também cumpriu o papel de espionar a vida de funcionários. É neste sentido que suas funções se integram às ações da Operação Condor, transformando esta Assessoria em mais um dos órgãos desta articulação entre o Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia, Chile e posteriormente o Peru e o Equador, em 1978, visando a repressão aos suspeitos de subversão da ordem.
O controle da AESI-Itaipu sobre os operários estava integrado na rotina diária do canteiro de obras como uma atividade normal de gerenciamento de recursos humanos, funcionando como uma verificação vinculada à segurança da obra, ao cuidado em não deixar que estranhos adentrassem em seu interior sem o devido credenciamento. Assim, diariamente, cada um dos funcionários que trabalhava nas empresas tinha os seus nomes verificados nas listas preparadas pela AESI-Itaipu. A estranheza se inicia quando se identifica quais eram os critérios utilizados para se considerar um operário suspeito e pelas perseguições a que eram submetidos os que se enquadravam nas tais categorias. As pessoas enquadradas nestas
condições começavam por ter problemas na efetivação de sua contratação e, internamente, seu nome passava a constar das listas ticados em vermelho6, enquanto se encaminhava para outros órgãos de policiamento locais ou do país, como a Polícia Militar, o Serviço Nacional de Informações (SNI), Batalhão de Fronteiras, Polícia Federal, Polícia da Capital em Assunção – Paraguai-, etc. (Jussaramar da Silva, ASSESSORIA ESPECIAL DE INFORMAÇÕES DA USINA BINACIONAL DE ITAIPU E SUAS RELAÇÕES NO BRASIL E NO PARAGUAI-PUCSP)
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