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Correspondência entre Eunice Paiva e o deputado Pedroso Horta, denunciando desparecimento do marido

O documento é uma correspondência de 1971 enviada por Eunice Paiva ao deputado Pedroso Horta e ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, denunciando o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, e as arbitrariedades cometidas contra sua família. A carta detalha a invasão de sua casa por agentes da segurança do regime militar, a prisão de Rubens sem qualquer mandado judicial e, posteriormente, a própria detenção de Eunice e de sua filha de 15 anos. A correspondência evidencia o desespero e a indignação de Eunice diante da falta de informações sobre o paradeiro de seu marido e o descaso das autoridades. A situação se torna ainda mais alarmante quando a versão oficial do governo insinua que Rubens teria sido resgatado por “terroristas”, uma justificativa inverossímil e que visava encobrir sua execução ou desaparecimento forçado.

O relato de Eunice Paiva demonstra como a ditadura não apenas eliminava opositores, mas também tentava apagar qualquer vestígio de sua repressão. No caso de Rubens, ele foi oficialmente negado pelo próprio regime, que afirmava não ter registros de sua prisão, apesar das evidências de que ele esteve detido no quartel da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. O documento revela ainda o terror psicológico imposto à família, que, além da prisão e dos interrogatórios brutais, teve de lidar com a constante incerteza sobre o destino de Rubens. A carta de Eunice destaca o direito básico à defesa e à integridade física, princípios que a ditadura ignorava sistematicamente, transformando a prisão política em uma sentença de desaparecimento.

O apelo de Eunice ao Conselho e ao deputado reflete a resistência dos familiares dos desaparecidos, que enfrentavam o silêncio e a repressão do Estado para tentar recuperar seus entes queridos. Sua denúncia expõe a hipocrisia do governo militar, que se dizia defensor da ordem e da legalidade, mas recorria a prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos forçados. O documento se torna, assim, uma peça fundamental na memória da luta contra a ditadura, mostrando como a violência do regime não apenas atacava os opositores diretos, mas também suas famílias, em uma estratégia de medo e apagamento da verdade

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