O relato de Eunice Paiva demonstra como a ditadura não apenas eliminava opositores, mas também tentava apagar qualquer vestígio de sua repressão. No caso de Rubens, ele foi oficialmente negado pelo próprio regime, que afirmava não ter registros de sua prisão, apesar das evidências de que ele esteve detido no quartel da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. O documento revela ainda o terror psicológico imposto à família, que, além da prisão e dos interrogatórios brutais, teve de lidar com a constante incerteza sobre o destino de Rubens. A carta de Eunice destaca o direito básico à defesa e à integridade física, princípios que a ditadura ignorava sistematicamente, transformando a prisão política em uma sentença de desaparecimento.
O apelo de Eunice ao Conselho e ao deputado reflete a resistência dos familiares dos desaparecidos, que enfrentavam o silêncio e a repressão do Estado para tentar recuperar seus entes queridos. Sua denúncia expõe a hipocrisia do governo militar, que se dizia defensor da ordem e da legalidade, mas recorria a prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos forçados. O documento se torna, assim, uma peça fundamental na memória da luta contra a ditadura, mostrando como a violência do regime não apenas atacava os opositores diretos, mas também suas famílias, em uma estratégia de medo e apagamento da verdade
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