O documento intitulado Geisel Correspondências trata-se de uma miscelânea de registros oficiais, reunindo diferentes tipos de documentos sobre temas variados.
Entre os materiais incluídos, destacam-se relatórios enviados por sindicatos — como o Sindicato dos Jornalistas do Estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro) — que detalham suas atividades, conquistas administrativas e financeiras. Esses registros ressaltam o papel da imprensa e da luta sindical pela regulamentação da profissão, além de expor a trajetória de recuperação do sindicato após períodos de intervenção. Mencionam-se, ainda, ações judiciais, conquistas trabalhistas, a aquisição de sede própria e o fortalecimento patrimonial, evidenciando a resistência da entidade a novas tentativas de controle por parte do Estado.
O arquivo também contém relatórios enviados por instituições diversas, como o Colégio Diocesano de Lages (SC), com dados sobre atividades esportivas e extracurriculares; o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE), com informações sobre produtividade e relações institucionais com o governo federal; e prefeituras municipais, como a de Cambuquira (MG), que apresentam balanços de gestão administrativa local.
De forma transversal, o material revela a constante preocupação do regime militar com a infiltração ideológica em setores estratégicos, como a imprensa, os sindicatos e as instituições de ensino. Há menções explícitas à presença de “comunistas infiltrados” e à necessidade de estratégias para conter ou neutralizar esses grupos.
O conjunto documental oferece uma visão abrangente da relação entre o Estado e a sociedade civil durante o governo Geisel (1974–1979). Os documentos permitem observar:Como o governo monitorava e decidia políticas de repressão;O papel de sindicatos e entidades civis na resistência institucional;A existência de uma rede de delação e vigilância sobre atividades consideradas subversivas;O alcance do controle ideológico exercido pelo Estado sobre diversos setores da sociedade; entre muitas outras coisas.
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