O trabalho tem como temática a constituição de um campo memorialístico de direita formado por militares da reserva que atuaram, em graus variados, em órgãos de repressão e informação durante a ditadura empresarial-militar e que consideram que, não obstante tenham ganho no campo das armas, perderam na batalha das letras e da memória. Para tal, foram selecionados cinco livros escritos por militares que defendem uma memória positiva do período:
Rompendo o Silêncio (1987) e A verdade Sufocada (2006), do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra; Nos porões da ditadura (1998) e 1964: uma revolução perdida (2002), do general Raymundo Negrão Torres; A grande mentira (2001), do general Agnaldo del Nero Augusto; Desfazendo mitos da luta armada (2006), do coronel Aluisio Madruga de Moura e Souza. Por meio da análise deste material, buscou-se compreender a forma como os autores se inserem na “batalha da memória”, os recursos argumentativos que utilizam para deslegitimar as esquerdas e suas memórias e a forma como avaliam o momento atual ao lançamento das obras. Dessa forma, pretendeu-se avançar no entendimento da ditadura como um passado ainda presente e como um campo vivo de disputas políticas. (Resumo da autora)
A dissertação foi aprovada no PPGH-UFSC. O trabalho é um primor de discussão, mobilizando literatura atual sobre memória histórica, percebendo os “usos políticos” da memória. Em um país cuja historiografia tem dúvidas ao tratar o tema da Ditadura como Ditadura, os seus defensores se sentem à vontade para retomar seus discursos de sua defesa . (CLS)