MRT

DENUNCIA DA PRISAO E TORTURAS AO DIRIGENTE DO MRT DEVANIR CARVALHO

Devanir Jose de Carvalho, dirigente do MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TIRADENTES (MRT), nasceu em 15 de julho de 1943 em Muriaé, Minas Gerais, filho de Ely José de Carvalho e Esther Campos de Carvalho. Morto aos 28 anos.

Na década de 1950, a família Carvalho migrou para São Paulo em busca de melhores condições, deixando para trás a vida camponesa. Encontrou o ABCD paulista no início da instalação das indústrias metalúrgicas e automobilísticas.

Ainda adolescente, Devanir aprendeu com seu irmão mais velho o ofício de torneiro mecânico. Desde então, passou a trabalhar em várias indústrias da região: Villares, Toyota etc.  Em 1963, casou-se com Pedrina, com quem teve dois filhos.

Nesse mesmo ano começou a atuar junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, participando de greves operárias pelas reformas de base.  Na mesma época ingressou no PCdoB.

Após o golpe militar de 1964, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar como motorista de táxi.  Em 1967, passou a integrar a Ala Vermelha, dissidência do PCdoB.  Em 1969, novamente residindo em São Paulo, desligou-se da Ala Vermelha e, juntamente com outros companheiros, fundou o MRT.

Por volta de 11 horas da manhã do dia 5 de abril de 1971, Devanir chegou à Rua Cruzeiro, n° 1111, Bairro de Tremembé, em São Paulo, onde foi recebido por uma rajada de metralhadora, deixando-o imobilizado. Levado para o DEOPS, passou a ser torturado pelo delegado Sérgio Fleury e sua equipe, e por volta das 18 horas do dia 7 de abril de 1971, Devanir morreu.

A versão dos órgãos de segurança, publicada à época, dizendo ter sido morto ao resistir a prisão, é desmentida pelos depoimentos de presos políticos que encontravam-se detidos no mesmo período. O delegado Fleury, por várias vezes, mandara avisar Devanir de que fazia questão de prendê-lo vivo e levá-lo à morte através de torturas, avisos dados aos irmãos de Devanir que se encontravam presos. Fleury lhes dizia: “Avisem o Henrique (nome de guerra de Devanir) que encomendei nos Estados Unidos um bastão tranqüilizante para poder pegá-lo vivo, e que serei eu, pessoalmente, que o matarei no pau”.

No processo em que os companheiros de Devanir estavam arrolados, e que ele também estaria – se vivo estivesse – consta uma fotografia de seu corpo, com uma marca de perfuração de bala na altura do coração e, em várias partes, principalmente na cabeça, há muitos ferimentos. Essa foto não foi encontrada nos arquivos do IML e até o momento, também nos arquivos do DOPS.

Fato significativo que desmente igualmente, e por completo, a versão da nota oficial, e que confirma o assassinato sob tortura, é a afirmação de vários carcereiros do DEOPS a presos políticos: “Devanir durante dois dias levou um pau danado. Só falava seu nome e o da organização, e xingava muito o Fleury. Todo mundo ouvia de longe. Devanir cuspiu muito sangue na cara do Fleury.”

O laudo de necrópsia assinado pelos médicos legistas João Pagenotto e Abeylard de Queiroz Orsini e reafirma a falsa versão oficial de que Devanir foi morto em tiroteio.  Foi enterrado no Cemitério da Vila Formosa/SP pela família

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