Em 1979 nós estávamos presos no centro de tortura da Ilha das Flores, situada na Baía de Guanabara, então comandada pelo capitão de fragata Clemente José Monteiro Filho e enviamos para fora denúncias de torturas, que foram publicadas nos Estados Unidos pela revistas The New York Review of Brooks .
O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ pesquisou em diversas fontes e nos 12 volumes do Projeto Brasil Nunca Mais coordenado pela arquidiocese de São Paulo e constatou o nome de Clemente José Monteiro Filho como torturador e membro do aparato de repressão nos anos 70, no Rio de Janeiro.
E importante enfatizar que o Projeto Brasil Nunca Mais é a microfilmagem de todos os processos de presos políticos no período de 1964 a 1978, que se encontram no Superior Tribunal Militar em Brasília. Trata-se, portanto, de documentação oficial que não pode ser rotulada de facciosa.
O nome de Clemente José Monteiro Filho aparece no Projeto BNM, no volume “Os Funcionários”, em quatro listas. Na primeira, às pags. 12 e 28, de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, é denunciado como Capitão de Mar e Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais, atuando em 1969 no CENIMAR – Centro de Informações da Marinha. Na pag. 12 aparece como Clemente José Monteiro sendo denunciado pelos presos políticos abaixo, em Auditorias Militares: Humberto Trigueiros Lima, Iná de Souza Medeiros, Marta Maria Klagsbrunn, Marta Mota Lima Alvarez, Sebastião Medeiros Filho e Luis Carlos de Souza Santos.
O depoimento de Humberto Trigueiros Lima que, em 1969 era estudante com 21 anos, consta da pag. 190 à 192 do Volume II – “As Torturas”, afirma que:
“( )… Antônio Rogério da Silveira afirmou ter sido torturado por meio de choques elétricos, pancadas, pau-de-arara, tanto na Polícia Federal do Paraná, como na Base Naval da Ilha das Flores, sendo que ai, por ordem do encarregado do Inquérito, Capitão de Mar e Guerra Clemente José Monteiro Filho; que pode ainda constatar que àquela época Antônio Rogério estava evacuando sangue, o que começou a acontecer depois de ter sido submetido a choques elétricos no ânus …( )”.
O depoimento de Iná de Souza Medeiros que, em 1969, era estudante com 21 anos, consta da pág. 208 à 210 do Volume II – “As Torturas”. Declara que:
“( )… foi levada à presença do Clemente, encarregado do Inquérito, na Ilha das Flores, sob a alegação de que iria prestar esclarecimentos; que o Comandante indicou outro local para que o guarda a conduzisse; que assim foi levada para uma casa abandonada chamada Ponta dos Oitis; que lá três pessoas … que pertenciam ao CENIMAR … mandaram a declarante despir-se; … foi espancada com fio molhado; … como não encontrassem palmatória, começaram a espancá-la com a mão mesmo; … foi amarrada por fios e passaram a lhe aplicar choques elétricos; que neste estado permaneceu até à noite, quando foi conduzida para a cela; … vê como estão sendo torturadas as moças do outro Inquérito, chamado de Inquérito de Ação Popular, chefiado também pelo Comandante Clemente; que essas moças passaram … várias torturas ainda piores que as da declarante; … levaram ferro na unha, choque elétrico, afogamentos, …( )”.
A terceira denúncia, de Sebastião Medeiros Filho que, em 1969, tinha 23 anos, está contida às pags. 705 e 706 do Volume III – “As Torturas”, afirma que:
“( ) … depois de ter sido torturado no Paraná, foi transferido para a Ilha das Flores onde foi colocado num banheiro sem cama, completamente despido durante treze dias, quando foi retirado para assinar o depoimento …; que as verdadeiras declarações que fez em presença do Comandante Clemente não foram transcritas no seu depoimento”.
As declarações de Luiz Carlos de Souza Santos sobre Tiago Andrade de Almeida, feitas em 1969 e contidas à pag. 788 do Volume III – “As Torturas”, informam que:
“( )… em 28 de maio de 1969 foi colocado diante de Tiago Andrade de Almeida, completamente esquartejado, com inflamações no ouvido devido aos “telefones”, sendo segurado, pois não se agüentava em pé, pelos policiais vindos do Paraná, segundo lhe consta por ordem do Comandante Clemente”.
A denúncia de Marta Mota Lima Alvarez que, em 1969, era estudante com 20 anos, consta da pag. 191 do Volume III – “As Torturas” e informa que;
“( )… o seu depoimento era batido na casa do … Clemente, na Ilha das Flores, para onde era levada a depoente; que este depoimento era lido e interrompido várias vezes com ameaças de torturas e pancadas se a depoente não concordasse com o que havia sido feito no dito depoimento; … que na Ilha das Flores lhe tocavam a corneta no ouvido; que o Comandante Clemente entrou no recinto e lhe disse que não podia fazer nada …( )”.
Todos esses depoimentos encontram-se no Processo n° 70/69 da 1° Auditoria da Marinha.
Há ainda um depoimento no Processo n° 43/69 da 1° Auditoria da Aeronáutica, de Marta Maria Klagsbrunn, contido da pag. 188 à 190 do Volume III – “As Torturas”. Em 1969 era estudante com 23 anos e fez as seguintes denúncias:
“( )… que o primeiro encarregado do IPM … não estava de acordo com os métodos empregados na Ilha das Flores, foi afastado e substituído pelo Comandante Clemente que se dedicava a torturar psicologicamente os presos, afim de assinarem o que desejava; quer responsabilizar o Comandante Clemente pelas condições desumanas da prisão da Ilha das Flores”.
Na pag. 28 do volume “Os Funcionários” há uma denúncia contra José Clemente Monteiro feita pela presa política Marijane Vieira Lisboa, contida às pags. 153 e 154 do Volume III – “As Torturas”. Declara em 1969, enquanto estudante com 23 anos, que:
“( )… o Comandante foi afastado do Inquérito e nomeado em seu lugar o Comandante José Clemente Monteiro; que, é essa pessoa, a quem deve atribuir os sofrimentos que lhe foram infligidos, pois além de encarregado do Inquérito, era o Comandante da Ilha”.
Este depoimento encontra-se também no Processo n° 43/69 da 1° Auditoria da Aeronáutica.
Em depoimento dado ao GTNM/RJ a ex-presa política Maria Dalva de Castro Bonet afirma que:
“Conheci este senhor no DOI-CODI/RJ, em 1972, e lá soube chamar-se Clemente da Ilha das Flores. Eu estava muito doente e já não me alimentava, pois havia perdido o paladar em virtude das torturas sofridas. Estas, eram diferentes da minha prisão anterior: agora eram de privação de sentidos. Mantinham-me viva com injeções de glicose na veia. Eles diziam que haviam feito muitos cursos para chegarem àquele resultado …. Este senhor invadiu minha cela, me espancou e novamente aplicou-me eletro choques para que “confessasse” o conteúdo do relatório sobre torturas que me acusava de ter escrito …( )”.
O nome de José Clemente Monteiro aparece numa segunda lista do Projeto BNM, à pag. 62 do mesmo volume “Os Funcionários”, como “Elemento Envolvido em Prisões e Cercos”. É denunciado como Capitão de Mar e Guerra, atuando no Rio de Janeiro. Este depoimento, feito em agosto de 1970, acusa-o de ser funcionário de presídio da Marinha, estando envolvido diretamente em prisões e cercos e consta do Processo 32/70 da 2° Auditoria.
Uma terceira lista, às pags. 89 e 90 do mesmo volume “Os Funcionários”, de “Elementos Envolvidas em Diligências e Investigações”, aponta o nome de José Clemente Monteiro. São duas as denúncias: a primeira, de julho de 1964, indica-o como elemento da Marinha no Rio de Janeiro, participando de diligências e investigações e consta do Processo n° 8216/65 da 1° Auditoria da Marinha. A segunda denúncia é de junho de 1969 e indica-o também como Capitão de Mar e Guerra, atuando no Rio de Janeiro, em diligências e investigações e consta do Processo n° 56/69-S da 1° Auditoria.
Na lista de membros do aparato de repressão do GTNM/RJ, Clemente José Monteiro Filho aparece como tendo feito o Curso de Informações no Panamá e tendo sido Comandante da Ilha das Flores de 1968 a 1970.
Fez a em 1965, participando do Curso “Millitary Intelligence”, no período de 11 de janeiro à 30 de abril.
José Clemente.
Todos que passavam por ali eram torturados. Fizemos chegar ao exterior denúncias de torturas que foram publicadas pela revista
O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ pesquisou em diversas fontes e nos 12 volumes do Projeto Brasil Nunca Mais coordenado pela arquidiocese de São Paulo e constatou o nome de O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ pesquisou em diversas fontes e nos 12 volumes do Projeto Brasil Nunca Mais coordenado pela arquidiocese de São Paulo e constatou o nome de Clemente José Monteiro Filho como torturador e membro do aparato de repressão nos anos 70, no Rio de Janeiro.
como torturador e membro do aparato de repressão nos anos 70, no Rio de Janeiro.
E importante enfatizar que o Projeto Brasil Nunca Mais é a microfilmagem de todos os processos de presos políticos no período de 1964 a 1978, que se encontram no Superior Tribunal Militar em Brasília. Trata-se, portanto, de documentação oficial que não pode ser rotulada de facciosa.
O nome de Clemente José Monteiro Filho aparece no Projeto BNM, no volume “Os Funcionários”, em quatro listas. Na primeira, às pags. 12 e 28, de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, é denunciado como Capitão de Mar e Guerra do Corpo de Fuzileiros Navais, atuando em 1969 no CENIMAR – Centro de Informações da Marinha. Na pag. 12 aparece como Clemente José Monteiro sendo denunciado pelos presos políticos abaixo, em Auditorias Militares: Humberto Trigueiros Lima, Iná de Souza Medeiros, Marta Maria Klagsbrunn, Marta Mota Lima Alvarez, Sebastião Medeiros Filho e Luis Carlos de Souza Santos.
O depoimento de Humberto Trigueiros Lima que, em 1969 era estudante com 21 anos, consta da pag. 190 à 192 do Volume II – “As Torturas”, afirma que:
“( )… Antônio Rogério da Silveira afirmou ter sido torturado por meio de choques elétricos, pancadas, pau-de-arara, tanto na Polícia Federal do Paraná, como na Base Naval da Ilha das Flores, sendo que ai, por ordem do encarregado do Inquérito, Capitão de Mar e Guerra Clemente José Monteiro Filho; que pode ainda constatar que àquela época Antônio Rogério estava evacuando sangue, o que começou a acontecer depois de ter sido submetido a choques elétricos no ânus …( )”.
O depoimento de Iná de Souza Medeiros que, em 1969, era estudante com 21 anos, consta da pág. 208 à 210 do Volume II – “As Torturas”. Declara que:
“( )… foi levada à presença do Clemente, encarregado do Inquérito, na Ilha das Flores, sob a alegação de que iria prestar esclarecimentos; que o Comandante indicou outro local para que o guarda a conduzisse; que assim foi levada para uma casa abandonada chamada Ponta dos Oitis; que lá três pessoas … que pertenciam ao CENIMAR … mandaram a declarante despir-se; … foi espancada com fio molhado; … como não encontrassem palmatória, começaram a espancá-la com a mão mesmo; … foi amarrada por fios e passaram a lhe aplicar choques elétricos; que neste estado permaneceu até à noite, quando foi conduzida para a cela; … vê como estão sendo torturadas as moças do outro Inquérito, chamado de Inquérito de Ação Popular, chefiado também pelo Comandante Clemente; que essas moças passaram … várias torturas ainda piores que as da declarante; … levaram ferro na unha, choque elétrico, afogamentos, …( )”.
A terceira denúncia, de Sebastião Medeiros Filho que, em 1969, tinha 23 anos, está contida às pags. 705 e 706 do Volume III – “As Torturas”, afirma que:
“( ) … depois de ter sido torturado no Paraná, foi transferido para a Ilha das Flores onde foi colocado num banheiro sem cama, completamente despido durante treze dias, quando foi retirado para assinar o depoimento …; que as verdadeiras declarações que fez em presença do Comandante Clemente não foram transcritas no seu depoimento”.
As declarações de Luiz Carlos de Souza Santos sobre Tiago Andrade de Almeida, feitas em 1969 e contidas à pag. 788 do Volume III – “As Torturas”, informam que:
“( )… em 28 de maio de 1969 foi colocado diante de Tiago Andrade de Almeida, completamente esquartejado, com inflamações no ouvido devido aos “telefones”, sendo segurado, pois não se agüentava em pé, pelos policiais vindos do Paraná, segundo lhe consta por ordem do Comandante Clemente”.
A denúncia de Marta Mota Lima Alvarez que, em 1969, era estudante com 20 anos, consta da pag. 191 do Volume III – “As Torturas” e informa que;
“( )… o seu depoimento era batido na casa do … Clemente, na Ilha das Flores, para onde era levada a depoente; que este depoimento era lido e interrompido várias vezes com ameaças de torturas e pancadas se a depoente não concordasse com o que havia sido feito no dito depoimento; … que na Ilha das Flores lhe tocavam a corneta no ouvido; que o Comandante Clemente entrou no recinto e lhe disse que não podia fazer nada …( )”.
Todos esses depoimentos encontram-se no Processo n° 70/69 da 1° Auditoria da Marinha.
Há ainda um depoimento no Processo n° 43/69 da 1° Auditoria da Aeronáutica, de Marta Maria Klagsbrunn, contido da pag. 188 à 190 do Volume III – “As Torturas”. Em 1969 era estudante com 23 anos e fez as seguintes denúncias:
“( )… que o primeiro encarregado do IPM … não estava de acordo com os métodos empregados na Ilha das Flores, foi afastado e substituído pelo Comandante Clemente que se dedicava a torturar psicologicamente os presos, afim de assinarem o que desejava; quer responsabilizar o Comandante Clemente pelas condições desumanas da prisão da Ilha das Flores”.
Na pag. 28 do volume “Os Funcionários” há uma denúncia contra José Clemente Monteiro feita pela presa política Marijane Vieira Lisboa, contida às pags. 153 e 154 do Volume III – “As Torturas”. Declara em 1969, enquanto estudante com 23 anos, que:
“( )… o Comandante foi afastado do Inquérito e nomeado em seu lugar o Comandante José Clemente Monteiro; que, é essa pessoa, a quem deve atribuir os sofrimentos que lhe foram infligidos, pois além de encarregado do Inquérito, era o Comandante da Ilha”.
Este depoimento encontra-se também no Processo n° 43/69 da 1° Auditoria da Aeronáutica.
Em depoimento dado ao GTNM/RJ a ex-presa política Maria Dalva de Castro Bonet afirma que:
“Conheci este senhor no DOI-CODI/RJ, em 1972, e lá soube chamar-se Clemente da Ilha das Flores. Eu estava muito doente e já não me alimentava, pois havia perdido o paladar em virtude das torturas sofridas. Estas, eram diferentes da minha prisão anterior: agora eram de privação de sentidos. Mantinham-me viva com injeções de glicose na veia. Eles diziam que haviam feito muitos cursos para chegarem àquele resultado …. Este senhor invadiu minha cela, me espancou e novamente aplicou-me eletro choques para que “confessasse” o conteúdo do relatório sobre torturas que me acusava de ter escrito …( )”.
O nome de José Clemente Monteiro aparece numa segunda lista do Projeto BNM, à pag. 62 do mesmo volume “Os Funcionários”, como “Elemento Envolvido em Prisões e Cercos”. É denunciado como Capitão de Mar e Guerra, atuando no Rio de Janeiro. Este depoimento, feito em agosto de 1970, acusa-o de ser funcionário de presídio da Marinha, estando envolvido diretamente em prisões e cercos e consta do Processo 32/70 da 2° Auditoria.
Uma terceira lista, às pags. 89 e 90 do mesmo volume “Os Funcionários”, de “Elementos Envolvidas em Diligências e Investigações”, aponta o nome de José Clemente Monteiro. São duas as denúncias: a primeira, de julho de 1964, indica-o como elemento da Marinha no Rio de Janeiro, participando de diligências e investigações e consta do Processo n° 8216/65 da 1° Auditoria da Marinha. A segunda denúncia é de junho de 1969 e indica-o também como Capitão de Mar e Guerra, atuando no Rio de Janeiro, em diligências e investigações e consta do Processo n° 56/69-S da 1° Auditoria.
Na lista de membros do aparato de repressão do GTNM/RJ, Clemente José Monteiro Filho aparece como tendo feito o Curso de Informações no Panamá e tendo sido Comandante da Ilha das Flores de 1968 a 1970.
Fez a em 1965, participando do Curso “Millitary Intelligence”, no período de 11 de janeiro à 30 de abril.
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