O ano era 1974. Tempo de transição no regime militar brasileiro de Emílio Garrastazu Médici (69-73) para Ernesto Geisel (74-79). O ame-o ou deixe-o dava lugar à abertura lenta e gradual. No Paraguai, embalado pelo acordo para a construção da Binacional de Itaipu, o general Alfredo Stroessner aumentava seus poderes de chefe supremo da Nação.
No mês de novembro de 1974, uma “célula” subversiva foi descoberta pelo serviço de inteligência paraguaio em Assunção. Foram encontrados documentos que comprovavam, de acordo com o governo paraguaio, um plano para matar Stroessner.
No dia 25 foram presos os ativistas Carlos Mancuello, Amílcar Oviedo e os irmãos Benjamim Ramirez Villalba e Rodolfo Ramirez Villalba. Os quatro seriam executados em 21 de setembro de 1976 pelo chefe do Serviço de Investigação (O SNI paraguaio), Pastor Coronel. Pelos crimes, Coronel cumpre hoje pena de 20 anos.
O Serviço de Investigação do Paraguai, de acordo com documentos obtidos pela Agência Folha, acusava os quatro de fazer parte de um plano para executar Stroessner. Os financiadores seriam empresários paraguaios radicados em Foz do Iguaçu.
Os empresários: Rodolfo Mongelos, Alejandro Stumpfs e Aníbal Abbate Soley, todos integrantes do governo provisório do Mopoco (Movimento Popular Colorado) no exílio. O elo entre os empresários do Mopoco e os ativistas presos era o argentino, filho de paraguaios, César Cabral.
Cabral havia militado no ERP (Exército Revolucionário do Povo), na Argentina, e no MR-8 brasileiro. Atuando no MR-8, foi preso em 12 de julho de 1969 no Rio de Janeiro, ao tentar contatar “um ponto” na av. Atlântica.
Ele tinha sido o contato que permitiu ao empresário Alejandro Stumpfs contratar Villalba, preso em Assunção, como funcionário. Cabral era gerente da empresa exportadora de Stumpfs.
O documento, ao citar Cabral, troca seu nome pelo do pai, Pedro, que participou da guerra civil paraguaia de 1947 contra o grupo que colocou Stroessner no poder.
Em 1º de dezembro de 1974, a pedido do general Stroessner, o Exército brasileiro prende Cabral, Soley, Stumpfs e Mongelos em Foz do Iguaçu. O comandante da operação era um certo Luquin, depois identificado pelos quatro presos como Sebastião Curió. O mesmo coronel Curió, que seria eleito deputado federal e iria virar nome de cidade (Curionópolis) no Brasil.
Depois de grande pressão internacional -o papa Paulo 6º e o presidente venezuelano Carlos Andrés Perez, entre outros, condenaram o governo brasileiro pelas prisões- eles foram soltos. A condição foi que os presos, libertados em 23 de dezembro, não voltassem a Foz (fronteira como o Paraguai) num prazo de dois anos. Nesse período, a liberdade foi condicional.
(Texto extraido da matéria de Jose Maschio, da Agencia Folha)
OS DOCUMENTOS ANEXADOS EM PDF E JPEG REVELAM OS DETALHES DO ACONTECIMENTO QUE DEIXOU FOZ DO IGUAÇU EM POLVOROSA NA MADRUGADA DO DIA 2 DE DEZEMBRO. SÃO RELATOS DOS FAMILIARES DE ANIBAL ABATTE SOLEY, RODOLFO MONGELOS, ALEXANDRE STUMPFS E CESAR CABRAL. RELATOS ESSES FEITOS NA DELEGACIA DA POLICIA FEDERAL DE FOZ DO IGUAÇU, QUE APARENTEMENTE DESCONHECIA O SEQUESTRO REALIZADO POR UM GRUPO ESPECIAL DO EXERCITO BRASILEIRO.
Mais tarde soube-se qu os quatro iguaçuenses, de nacionalidade paraguaia foram levados para um local secreto no Estado de Goias, onde foram submetidos a interrogatório pelo coronel Paulo Malhães, do Centro de Informações do Exército.
http://pt.scribd.com/doc/111961561
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