Mortos e Desaparecidos

DORIVAL FERREIRA (1931-1970)

 Material cedido por Vanderley Caixe, revista O Berro 

DORIVAL FERREIRA (1931-1970)

 

Filiação: Alvina Ferreira e Domingos Antonio Ferreira

 

Data e local de nascimento: 05/12/1931, Osasco (SP)

 

Organização política ou atividade: ALN

 

Data e local da morte: 03/04/1970, São Paulo (SP).

Militante da ALN, operário era filiado ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Osasco e Região – do qual foi candidato

à presidência em 1965. Casado, pai de seis filhos, Dorival Ferreira morreu aos 38 anos, após ser preso pelos agentes do DOI-CODI/SP. Na noite de

02/04/1970, agentes de segurança invadiram a tiros sua casa em Osasco, à rua Zuma Sá Pereira, 18, quando foi ferido e preso. A versão oficial alegou

que Dorival morreu em tiroteio e documentos dos órgãos de segurança registram que ele pertenceria ao setor de apoio da ALN mas seria responsável

pela fabricação de explosivos. A relatora do processo na CEMDP assim analisou os fundamentos do pedido: “foi preso em sua própria casa, em Osasco-

 

SP, em 02/04/1970, depois de receber um tiro nas costas, na altura dos quadris, logo que atendeu a um chamado, no portão de sua casa”.

As provas que contrariam a versão oficial vieram do IML, da perícia técnica e do DOPS. No Termo de Declarações do pai de Dorival – Domingos

Antônio Ferreira –, prestado ao delegado Edsel Magnotti, colhido no DEOPS no dia 2 de junho, consta que ao chegar na casa do filho

só encontrou policiais que lhe disseram que Dorival tinha sido preso, sem informar para onde fora levado. Também veio do DOPS uma ficha

de Dorival, com data de 30/04/1970, informando que ele morreu em 03/04/1970, isto é, no dia seguinte à sua prisão.

Jornais da época – Notícias Populares e Última Hora -, anexados ao processo na CEMDP, divulgaram a versão oficial, mas também informaram

que “depois do tiroteio Dorival foi detido, e que foi solicitado reforço policial, principalmente, para as imediações da Delegacia de Polícia

 

de Osasco”. A cópia do laudo necroscópico, assinado por Otavio D’Andrea e Antônio Valentini, não está muito clara em alguns trechos, mas

nas duas últimas linhas se pode ler: “retiramos um projétil de calibre maior que os anteriores e localizado na articulação coxo femural esquerda”.

O relatório da Polícia Técnica identifica, nas seis fotos que o acompanham, 11 ferimentos perfuro-contusos, número muito superior

ao tiro nas costas que teria recebido ao ser preso. A relatora concluiu que as notícias oficiais e as reproduzidas nos jornais confirmavam os

relatos da família de que Dorival Ferreira estava vivo quando foi levado para a prisão. Seu voto favorável ao deferimento foi acompanhado

por todos os integrantes da Comissão Especial.

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+ Informações.

DORIVAL FERREIRA

Militante da AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN).

Nasceu em Osasco (SP), a 05 de novembro de 1932, filho de Domingos Antônio

Ferreira e Albina Biscuola Ferreira. Era casado e tinha filhos.

Mecânico. Morto aos 38 anos de idade, em São Paulo.

Líder operário em Osasco e membro ativo da oposição sindical, dentro do Sindicato

da Construção Civil.

No dia 02 de abril de 1970, por volta das 21 horas, agentes do DOI-CODI/SP

invadiram sua casa atirando. Mesmo ferido Dorival tentou fugir pelos fundos da casa,

quando foi preso. Seu pai, que chegou nesse instante, não conseguiu saber dos policiais que

estavam na casa para onde Dorival tinha sido levado preso.

A versão policial é de que Dorival morreu em tiroteio. Os relatórios dos Ministérios

da Marinha e Aeronáutica continuam a afirmar que ele morreu em tiroteio sem fazer

referências à sua prisão.

O laudo de necrópsia assinado pelos legistas Otávio D’Andrea e Antonio Valentini, bem

como o da Polícia Técnica feito por Vladimir Zubkovsky, insistem na versão de morte em

tiroteio.

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+ Detalhes.

Debates e homenagens marcam aniversário de 40 anos da greve que colocou o Sindicato na história contra a ditadura

40 anos da greve - ApresentaçãoO aniversário de 40 anos da Greve de Osasco foi marcado por debates e homenagens na semana “1968: Memórias de uma História de Luta”, promovida pelo Sindicato e pela Prefeitura da cidade. Debates sobre a greve, depoimentos de participantes da greve e de pesquisadores se mesclaram à exibição de uma prévia do documentário sobre o movimento produzido pelo Sindicato, à estréia da peça de teatro “68+40”, à exposição “Direito à Memória e à Verdade” e à homenagem aos trabalhadores de Osasco mortos pela ditadura militar: José Campos Barreto, João Domin-gues e Dorival Ferreira.

Na abertura da semana, na quarta-feira, 16, dia em que há 40 anos metalúrgicos da Cobrasma e da Lonaflex iniciaram a greve, o então presidente do Sindicato, José Ibranhin, disse que Osasco teve “visão de combinar a luta reivindicatória com a luta política” e que “68 ainda não acabou porque há muito que fazer”.

O presidente da Comissão de Fábrica da Cobrasma, José Groff, disse que “Osasco é outro depois de 68, graças ao nosso trabalho”. E deu um recado para os jovens trabalhadores. “A juventude precisa da balada e do futebol, mas também se organizar no ambiente de trabalho.”

Documentário O público de cerca de 200 pessoas que prestigiou a abertura das comemorações conferiu a prévia do documentário “1968: Memórias de uma História de Luta“, produzido pelo Sindicato. O filme é rico em depoimentos de pessoas que participaram direta e indiretamente na organização do movimento, que falam sobre seu papel na greve, o contexto em que o movimento foi organizado e a repressão empreendida pela ditadura.

A versão completa será finalizada até o final deste ano. “É a história dos trabalhadores, a partir de Osasco, que procuramos retratar no documentário, que também é uma homenagem aos companheiros e companheiras que organizaram a greve”, explica o presidente do Sindicato, Jorge Nazareno. O filme é produzido pela Associação Eremim.

Homenagem Os companheiros mortos pela ditadura, José Campos Barreto, José Domingues da Silva e Dorival Ferreira, foram homenageados com a inauguração de um monumento ao lado da estação da CPTM de Osasco. A homenagem é resultado da parceria entre Prefeitura, Sindicato e Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

Barreto, Domingues e Dorival foram militantes políticos originários de Osasco, que tiveram papel significante na greve e na luta armada contra a ditadura e que, por isso, foram perseguidos e brutalmente assassinados. “Não foram terroristas, bandidos, foram lutadores pela liberdade, pela democracia”, enfatizou o ministro Paulo Vannuchi, que recebeu familiares dos homenageados num encontro na Prefeitura de Osasco, que teve a presença do prefeito Emidio de Souza.

Vannuchi disse que a homenagem é uma forma de reparação aos danos provocados pelo Estado às vítimas da ditadura. “É o país, o Estado brasileiro, que reconhece a sua responsabilidade pelos assassinatos, que promoveu a reparação indenizatória e agora começa a promover a recuperação política e simbólica [dos militantes que lutaram contra a ditadura]”.

A Secretaria prepara homenagens semelhantes a outros militantes, cujos rostos e histórias serão retratados em monumentos espalhados pelo País. O projeto também compreende a exposição “Direito à Memória e à Verdade”, que pode ser visitada pelo público no Centro de Formação dos Professores até setembro. A entrada é franca.

A greve e seus atores também passam a ser lembrados todo dia 16 de julho, com a instituição do Dia Municipal em Homenagem à Greve dos Trabalhadores de Osasco de 1968, com a aprovação da lei 4.243, do vereador Aloizio Pinheiro (PT).

68+40 – A estréia do espetáculo “68+40” foi outro ponto alto da comemoração. Com muita música e dança, o grupo Boca de Pano retrata de forma poética momentos da greve e da repressão contra o Sindicato e os trabalhadores que participaram do movimento.

A peça emocionou o público. “Foi um resgate emocional. Provocou a platéia”, avaliou Antonio Roberto Espinosa, que participou da greve. “A peça tem uma visão muito correta, mostrando a abrangência, a solidariedade e a firmeza da mobili-zação”, complementou Manoel Dias do Nascimento, outro participante do movimento.

A peça fica em cartaz até dezembro, no Teatro Municipal de Osasco, na Av. dos Autonomistas, 1533, na Vila Campesina.

Clique abaixo para baixar o jornal especial do evento:

Clique aqui para baixar o jornal Jornal VT – ed. especial dos 40 anos da Greve de osasco (Arquivo em formato PDF)

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Ficha.

Dorival Ferreira
Ficha Pessoal
Dados Pessoais
Nome: Dorival Ferreira
Cidade:

(onde nasceu)
Osasco
Estado:

(onde nasceu)
SP
País:

(onde nasceu)
Brasil
Data:

(de nascimento)
5/11/1932
Atividade: Mecânico
Dados da Militância
Organização:

(na qual militava)
Ação Libertadora Nacional ALN
Brasil
Nome falso:

(Codinome)
Moraes
Prisão: 2/4/1970
Osasco SP Brasil
em casa
Morto ou Desaparecido:
Morto
2/4/1970
Osasco SP Brasil
em casa
Versão oficial relata morte em tiroteio, sem mencionar a prisão.
Clandestinidade
Dados da repressão
Orgãos de repressão

(envolvido na morte ou desaparecimento)
Departamento de Operações Internas – Centro de Operações de Defesa Interna/SP DOI-CODI/SP SP Brasil
Médico legista:

(envolvido na morte ou desaparecimento)
Antônio Valentini, Octávio D’Andrea
Biografia
Documentos
Artigo de jornal
Morreu fuzilado na luta com a polícia. Última Hora, Brasília, 4 abr. 1970. Artigo do arquivo do DOPS sobre a morte de Dorival Ferreira, depois de haver enfrentado agentes do DOPS e da Operação Bandeirantes (OBAN). O artigo comenta que, devido ao envolvimento com a OBAN, a imprensa teve pouco acesso na apuração das causas reais que provocaram o tiroteio. Sabe-se que, à noite, em frente à casa de Dorival, surgiu um carro comum seguido de uma viatura policial; no interior do primeiro carro, estaria uma pessoa que teria apontado a casa de Dorival. Um agente do DOPS entrou pela lateral da casa, encontrando-se com Dorival que estava armado de um revólver. Dorival baleou este agente e, ao tentar fugir, recebeu uma rajada de metralhadora. A casa foi invadida e algumas armas apreendidas. O pai de Dorival foi preso ao comparecer ao local quando soube do ocorrido. Segundo amigos, Dorival tinha algumas idéias subversivas mas nunca as comentava abertamente.Artigo de jornal
Enfrentou polícia a bala e foi fuzilado. Notícias Populares, São Paulo, 4 abr. 1970. Descreve o cerco da casa de Dorival por policiais quando este matou um deles e acabou sendo morto.

Artigo de jornal
Relação de chapas para a eleição da diretoria, conselho fiscal e delegados representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção Civil, de Olaria, de Cerâmica para Construção, de Ladrilhos Hidráulicos, Produtos de Cimento e Oficiais Eletricistas de São Paulo, de 16/08/65. Dorival Ferreira consta na Chapa Verde para a diretoria e para delegado representante ao Conselho da Federação. Documento do DOPS.

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