Mortos e Desaparecidos

DARCY JOSÉ DOS SANTOS MARIANTE (1928 – 1966)

Material cedido por Vanderley Caixe, revista O Berro

Filiação: Maria Cândida dos Santos Mariante e Theotonio Mariante Filho

Data e local de nascimento: 29/11/1928, Caxias do Sul (RS)

Organização política ou atividade: PTB e Grupo dos Onze

Data e local da morte: 08/04/1966, Porto Alegre (RS)

Darcy José dos Santos Mariante era capitão da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, casado com Ires Melo Mariante, com quem teve dois

filhos. Membro do PTB e do “Grupo dos Onze”, foi preso e torturado de janeiro a fevereiro de 1965 no I Batalhão da Polícia Militar de Porto

Alegre. Devido às humilhações sofridas, Mariante se matou com um tiro no peito, diante da família, no dia 08/04/1966. A versão oficial foi

de “suicídio dentro da residência, em prédio administrado pela Brigada Militar, com arma de fogo”. O legista do caso foi Jacob Maestri Filho,

que definiu como causa mortis parada cardíaca pós-operatória, hemotórax agudo, ferimento por projétil de arma de fogo”.

O relator do primeiro requerimento apresentado à CEMDP concluiu não haver provas de que o envolvimento político do capitão fosse a

causa da sua morte, nem que o suicídio tenha ocorrido em dependências policiais ou assemelhadas. Votou pelo indeferimento do pedido,

que foi então negado por unanimidade num primeiro exame.

No segundo processo, os autos registram que Darcy José dos Santos Mariante foi processado, punido disciplinarmente e afastado de suas

funções em função com base no artigo 7, I, do Ato Institucional de 09/04/1964, pois teria permitido discussão interna de assuntos políticos.

De acordo com o pedido inicial, “responder a inquérito e ser processado, por insubordinação, motim, revolta com arma, concentração para

prática de crime, desobediência, indisciplina, e aliciamento de militares, entre outros crimes, representou para Darcy José uma grande coação

psicológica e o desmoronar de um perfil e de uma família”.

Na opinião do segundo relator, não restava qualquer dúvida em relação à atividade de caráter político da vítima e da perseguição decorrente.

O processo, as punições, as humilhações por ele sofridas estão relatadas na palavra de seus ex-companheiros de Brigada Militar, como o

coronel Itaboraí Pedro Barcellos, que afirmou ter conhecimento da afinidade política de Darcy com a ideologia trabalhista, tendo sido ligado

a Leonel Brizola e João Goulart. Segundo a testemunha, o fato de ter sido destituído das funções contribuiu para seu suicídio. Maildes Alves

de Mello, advogado e coronel reformado da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, relatou ter sido colega de academia de Darcy. Em 1954,

segundo ele, ambos aderiram à candidatura de Alberto Pasqualini ao governo do Estado, com o que ficaram visados pelo movimento militar

de 1964. “Diante da pressão política irresistível e envergonhado perante os colegas, suicidou-se”, afirmou Maildes.

Depois de analisar os testemunhos, o segundo relator concluiu que, no caso, “o suicídio decorreu, como demonstrado pelas testemunhas, da

prisão e da tortura psicológica – esta, nos depoimentos, afirmada como humilhações, constrangimentos etc. – a que foi submetido o capitão

Darcy José dos Santos Mariante”. Votou pelo reconhecimento da morte como tendo ocorrida em decorrência da prisão e das seqüelas psicológicas

conseqüentes dessas detenções e do tratamento humilhante que recebeu no Comando da Brigada Militar.

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+ Informações.

Darcy José dos Santos Mariante
Nasceu em 29 de novembro de 1929 em Caxias do Sul (RS), filho de
Maria Cândida dos Santos Mariante e Theotonio Mariante Filho. Militante
do PTB na década de 1960, mais tarde se integrou ao Grupo dos
Onze. Darcy era capitão da BM. Em janeiro de 1965, foi preso e sofreu torturas.
Enquadrado no AI-1, foi alijado de suas funções profissionais, o que
o fez mergulhar em profunda depressão. Em 8 de abril de 1966, matou-se
com um tiro no peito. Seu caso tornou-se conhecido a partir do requerimento
de sua família à Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos.
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