A greve de Fome na Itaipu
Apesar de todas estes cuidados e do clima de terror implantado pelos “beleguins” do general Costa Cavalcanti, no dia 28 de outubro de 1975, um grupo de operários iniciou uma greve de fome no Canteiro de Obras de Itaipu, em protesto “contra a péssima alimentação” que era servida.
A greve de fome durou três dias e começou entre os operários da subempreiteira Vila Rica, que por sua vez prestava serviços a empreiteira Adolpho Lindemberg. Foi um movimento espontâneo e pegou toda a direção da empresa de surpresa. Roberto Helbling, um militar reformado, escolhido a dedo para dirigir o setor de segurança da Obra, ficou sem ação e pediu ajuda ao SNI. De Brasília veio a ordem de chamar o general Adalberto Massa, delegado Regional do Trabalho. A presidência da República tinha receio de que os grevistas fossem reprimidos no cacete e a imprensa tomasse conhecimento do que acontecia “entre os muros” da construção da grande usina.
O governo estava captando financiamentos em bancos estrangeiros, que por sua vez vinham sendo pressionados por entidades defensoras dos direitos humanos a não financiarem a ditadura brasileira. As denúncias de tortura corriam pelas capitais européias e eram notícias nos principais jornais do velho mundo.
Decidido a resolver o conflito com a máxima rapidez e extremo sigilo o general Massa baixou em Foz no segundo dia da greve e do aeroporto foi direto para o Hotel Bourbon, onde já se encontravam reunidos para avaliar a situação o general Costa Cavalcanti, o capitão Roberto Helbling e o general Junot Guimarães. Nessa reunião, o general Costa Cavalcanti sugeriu que a greve fosse reprimida de forma exemplar “para acabar definitivamente com os focos comunistas” dentro de “sua obra” como ele costumava dizer. Momentos antes Helbling havia informado que recebera radiogramas dos órgãos de informações comunicando que nenhum dos grevistas era fichado por atividade política ou sindical.
O general Massa argumentou que naquele momento a repressão física estava descartada, pois a repercussão no exterior poderia desacreditar a imagem que a empresa estava construindo lá fora e prejudicar as negociações da Itaipu com organismos financeiros internacionais. Por fim foi acolhida sua proposta de demitir sumariamente todos os líderes do movimento a começar por Miguel Alcanis Gimenez, que havia se apresentado como porta-voz dos grevistas.
No dia trinta de outubro de 1975, três após o início da greve de fome, 35 operários da construtora Vila Rica foram sumariamente demitidos e enviados à suas cidades de origem. A “operação abafa” foi bem sucedida, a greve virou tabu dentro da Obra
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