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Em 1975, a ditadura brasileira era cobrada por diversas entidades de Direitos Humanos existentes na Europa sobre o destino de presos políticos. Em resposta a essas cobranças, a ditadura publicou no jornal O Globo a situação em que se encontravam alguns presos, exemplo Ivan Seixas e Paulo de Tarso Celestino da Silva.
Com 16 anos na época em que foi preso, Ivan Seixas contou que seu caso foi posteriormente um os mais denunciados no exterior por se tratar de um “menor torturado, que teve o pai assassinado e que foi levado a um hospício-prisão”.
Ivan Seixas disse que junto com seu pai integrava uma organização clandestina de luta armada, “a única forma de oposição possível naquela época”, e que por isso foi capturado pelos agentes da ditadura. “Foi no dia 16 de abril de 1971, quando tinha 16 anos. Fomos levados ao DOI-Codi e torturados um na frente do outro”, relatou.
No dia seguinte à prisão, Seixas foi levado para dentro do Parque do Estado e submetido a torturas psicológicas. “Me deram uma coronhada e começaram a metralhar em volta da minha cabeça, tentando me aterrorizar. Como não conseguiram, voltaram comigo para o DOI-Codi, e no caminho pararam para tomar café. Foi então que vi numa banca de jornal a falsa notícia de que meu pai tinha sido morto num tiroteio, apesar de ele ainda estar vivo e preso. Foi aí que soube antecipadamente que ele seria morto de qualquer jeito”.
De acordo com Ivan Seixas, sua mãe e suas irmãs também foram capturadas e levadas para o prédio do DOI-Codi, sendo mantidas num espaço que ficava debaixo da sala de tortura. “Elas ouviam os gritos das torturas aplicadas a mim e ao meu pai”, contou. “E à noite, depois de um dia inteiro de tortura e de já terem feito todas as barbaridades imagináveis, meu pai foi assassinado, com golpes de pau na cabeça”, continuou.
Levados ao DOI-Codi, Ivan e Joaquim enfrentaram torturas durante dois dias, ele no pau-de-arara, o pai na chamada “cadeira do dragão” – espécie de cadeira elétrica com fios que eram conectados em diversas partes do corpo do torturado para dar choques. Os dois estavam separados apenas por uma fina divisória e conseguiam escutar um ao outro durante todo o processo. “O choque elétrico é uma coisa desestruturante. O choque não é uma coisa que doa. Mas como atinge o sistema nervoso central, você fica tão perdido, tão desconfortável, que você grita”, conta.
Seixas foi mantido no DOI-Codi por um mês, e depois encaminhado para o prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde ficou por mais sete meses. “Lá convivi com outros desaparecidos políticos, que até hoje continuam desaparecidos”, disse. “Vi várias pessoas serem torturadas e assassinadas. Fiquei nas mãos da ditadura por quase seis anos, dos 16 aos 22 anos, sendo os últimos anos na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté”.
Quanto a Paulo de Tarso Celestino, que consta na matéria do jornal O Globo como foragido, morreu na tortura. O advogado goiano Paulo de Tarso Celestino da Silva teria sido, em 12 de julho de 1971, no Rio de Janeiro, preso, torturado e assassinado.
Ao lado de sua companheira Heleny Telles Ferreira Guariba, ele foi preso na Cidade Maravilhosa e levado para a Casa de Petrópolis.
Isis Dias de Oliveira, também consta na matéria de O Globo como foragida. A estudante de Ciências Sociais da USP foi presa em 30/1/1972. Ela encontra-se desaparecida desde 1972.
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