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Parte do interrogatório de alguém que sucumbiu às torturas no DOI/CODI

Eu estava no Chile e era responsável por determinada área de atuação na Vanguarda Popular Revolucionária, quando um quadro da Organização me passou uma pessoa cujo “nome de guerra” era Salomão.

De acordo com as informações que me foram repassadas “Salomão” teria sido membro da Unidade de Combate Juarez de Brito e estava de mala pronta pra voltar à militância no Rio de Janeiro.

Passei então pra ele certa quantia de dinheiro e alguns contatos que poderiam ajudar futuramente em termos de “bases de apoio”.

Não sei o que aconteceu com Salomão em seu retorno; nunca mais tive notícias dele. Sei que hoje é médico neurologista e mora no nordeste. Seu nome verdadeiro ? No momento vou resguardar.

Só fui saber alguma coisa do Salomão quando recebi uns documentos do Arquivo Público do Rio de Janeiro. Nesse documento emitido pelo Exército, a informação é que Salomão foi preso, provavelmente em 1974,  e torturado no Centro de Operações de Defesa Interna (Codi)

No relatório de interrogatório que tive acesso Salomão falou do contato que teve comigo no Chile, de nossas linhas de contato e abre informações sobre outros militantes da resistência à ditadura.

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11 comentários

  1. José Adeildo Ramos diz:

    Aluízio: Parabéns pelo seu trabalho. Percebo que você procura preservar o nome do torturado. Isso é muito importante, concordo com Ana Muller e Jessie Jane. Fui preso pela segunda vez em função de colaboração de um companheiro que, não suportando as torturas, “abriu tudo”. Era assim que eu pensava. Depois, quando a poeira baixou, a realidade me mostrou que ele preservou muita coisa, mesmo estando extremamente fragilizado, correu o risco de de novas torturas e, não revelou nomes e endereços que tenho absoluta certeza que eram de seu conhecimento. Um abraço. José Adeildo Ramos.

    1. Meu amigo e companheiro
      Sorriso, do Calabouço.
      Preservei o nome mesmo sabendo que essa pessoa sucumbiu até à alma. “Salomão” prestou serviço à repressão e com o tempo virou casaca.

  2. Pessoas, estou realizando uma pesquisa para um filme sobre os diversos sequestros que aconteceram no Brasil durante a ditadura militar, a intenção é que vire um filme chamado Sequestradores do Bem, encontrei algumas poucas pessoas e também gostaria de saber se algum de vocês conhecem algum dos guerrilheiros que executaram o sequestro do Caravell em 08 de outubro de 1969 junto ao Elmar?

    Muito Obrigado

  3. Pessoas, estou realizando uma pesquisa para um filme sobre os diversos sequestros que aconteceram no Brasil durante a ditadura militar, a intenção é que vire um filme chamado Sequestradores do Bem, encontrei algumas poucas pessoas e também gostaria de saber se algum de vocês conhecem algum dos guerrilheiros que executaram o sequestro do Caravell em 08 de outubro de 1969 jungo ao Elmar?

    Muito Obrigado

  4. ana maria muller diz:

    Caro Aluizio: somo minhas preocupações às da Graça e Jessie. Estamos num momento bastante delicado e temos que preservar quem deu informações arrancadas no inferno. Jessie pondera que devamos nos debruçar nesses casos para encontramos a versão dos torturados. Temos de resgatar nossa história recente com bastante serenidade. A serenidade dos que ousaram. Receba também meu carinho ANA MULLER

    1. Olá Ana, o caso de Salomão é diferente daqueles que deram informações arrancadas pela tortura.
      Mesmo sendo o que ele foi e o que ele e hoje, procurei preservar seu verdadeiro nome. Entendeu?
      abraços

  5. jessie jane vieira de sousa diz:

    Aloisio, definitivamente não acho interessante a publicação desse tipo de documento sem que o mesmo tenha passado por um critica interna
    (como devem fazer aqueles que pretendem escrever história). Estes documentos foram produzidos pelos orgãos de repressão e não necessariamente trazem toda a verdade. Como voce mesmo colocou no titulo, é um depoimento tirado sob tortura e este depoente- vitima das sevicias que bem conhecemos- deve ser- no minimo- respeitado, coisa que não está presente no seu comentário. Cuidado com estes papeis é o que devemos ter muito cuidado ao lidar com eles, lê-los criticamente é muito importante. E por isso que os documentos que farão parte do acervo da Comissão de Anistia são tão fundamentais para que a história política do Brasil seja reescrita. Nestes documentos encontraremos a versão dos vitimados e não somente a voz dos repressores. Enfim, tenho muita preocupação com o uso que pode ser dado dos fundos documentais da repressão. De qualquer forma, parabéns pelo site e meu carinho, jessie jane

    1. Olá Jessie, acho que você não leu o documento e meu comentário com a devida atenção. Preservei o nome verdadeiro dele. Chamei-o simplesmente de “Salomão”.
      Esse caso eu analisei bem, pois o “Salomão” criou graves problemas pra mim e pra outras pessoas. Escapamos por pouco, enquanto o “Salomão” passou a ser
      um colaborador.
      Abraços
      AlUiZio

  6. Graça Lago diz:

    ô, Aloísio, será que foi mesmo um traíra ou alguém que sucumbiu às torturas? Pelo que entendi, ele deixou correr um tempo largo desde que caiu (e começou a ser torturado) até começar a abrir. Parece ter tentado preservar os contatos. Mas a tortura foi mais forte do que ele. Aconteceu com muitos.

    1. Oi Graça,
      Sucumbiu e passou a colaborar. Entregou coisas desnecessáriamente e após a prisão continuou.
      É uma pena!
      Em todo caso não dei o nome do coitado.
      Abraços
      AlUiZio

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