“1964 – Um golpe contra o Brasil”, de Alipio Freire.
O filme é uma realização do Núcleo de Preservação da Memória Política e da TVT – TV dos Trabalhadores, com apoio do Memorial da Resistência de São Paulo e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Filme abre caminho para a memória dos 50 anos do golpe militar
Por Igor Carvalho
O baiano Alípio Freire foi preso político entre 1969 e 1974, passou passou pelos piores corredores do aparelho militar, a Operação Bandeirantes (Oban) e o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). É com a experiência de quem viveu de perto os anos de chumbo, que Alípio lança seu documentário “1964 — Um golpe contra o brasil”, no próximo sábado (2), às 14h, no Memorial da Resistência de São Paulo.
O filme foi construído a partir dos depoimentos de militantes que atuaram contra a Ditadura Militar no Brasil. Almino Affonso, à época deputado federal e ministro do Trabalho do governo Jango, Rafael Martinelli, dirigente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a socióloga Maria Victoria Benevides, o médico Reinaldo Murano, o então presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Aldo Arantes, e o coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile, estão entre os personagens ouvidos.
O documentário se antecipa aos 50 anos do golpe, em 2014, e se torna o primeiro registro informativo, se propondo a refletir o período meio século depois. A atuação americana em favor dos golpistas e as tentativas anteriores, frustradas, de derrubar Jânio Quadros são alguns dos temas abordados. Para Alípio Freire, o filme é importante para que “os estudantes, trabalhadores e trabalhadoras mais jovens possam conhecer melhor nossa história e formarem a sua própria opinião”.
Após a exibição do documentário, o diretor Alípio Freire participará de um debate com o público. O filme é uma produção do Núcleo de Preservação da Memória Política e da TVT — Televisão dos Trabalhadores, com apoio do Memorial da Resistência de São Paulo e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
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Longa do diretor Alipio Freire traz entrevistas, fotos e imagens de arquivos do período entre a campanha de Jânio à presidência e a posse de Castelo Branco
SÃO PAULO — “Não há clareza (para a atual geração) do que foi o golpe e porque houve resistência a ele”. Para o diretor e militante Alipio Freire, a frase sintetiza o documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”, que será lançado neste sábado, no Memorial da Resistência de São Paulo, região da Luz, onde funcionava o antigo prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops). O primeiro longa do diretor – Freire já dirigiu curtas e médias metragens -, mescla fotos, vídeos e entrevistas com 22 protagonistas da história (entre eles o do ex-ministro do Trabalho de João Goulart, Almino Affonso, e Aldo Arantes, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) entre 1961 e 1962) sobre o que ocorreu entre a campanha de Jânio Quadros para presidente, em 1960, e a posse do marechal Castelo Branco, em 15 de abril de 1964. De acordo com o realizador, o gancho principal foram os 50 anos da instauração da ditadura no país, a serem completados em 31 de março do próximo ano.
“A ideia era recuperar a história do país no período pós (Segunda) guerra, especificamente na ocasião do golpe de 64, uma ideia antiga. Eu e um grupo de amigos fundamos uma ONG, o Núcleo de Preservação da Memória Política, para trabalhar essas questões. No ano passado, conversamos sobre os 50 anos do golpe, em 2014. No meio dessa discussão, tivemos a criação da Comissão da Verdade, novidades sobre crimes cometidos por agentes da ditadura. Desde a criação do núcleo somos chamados para realizar debates em universidades, centros culturais, grupos de jovens, organizações de trabalhadores e sindicatos. Percebemos que, para muitos, principalmente os mais jovens, não há uma clareza do que foi o golpe e porque se resistiu a ele. Daí a ideia de se fazer o documentário.”
Como foi a captação de recursos e a pesquisa para o documentário?
“Foi através de uma emenda parlamentar do deputado Adriano Diogo (PT), com verba da Secretaria de Estado da Cultura, de R$ 80 mil. Completamos o resto dos custos, de R$ 10 mil, com verba do núcleo. Partimos de uma série de leituras, pesquisas, imagens de arquivos. E decidimos entrevistar pessoas que participaram daquele momento político, que foram militantes políticos. Utilizamos imagens e fotos do Arquivo do Estado de São Paulo, da Unicamp, da PUC, Unesp, da pastoral Vergueiro, Arquivo Nacional, entre outros. O documentário, com produção da TVT, tem, além das 22 entrevistas, uma séria de fotos e filmes sonoros.”
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