Polícia Federal Repressão

RELAÇAO DE DOCUMENTOS DO ARQUIVO DA POLÍCIA FEDERAL DE FOZ DO IGUAÇU

UM ESCLARECIMENTO NECESSÁRIO ACERCA DE MINHA PESQUISA NO ARQUIVO DA POLÍCIA FEDERALDE FOZ DO IGUAÇU

Um mês após o Ministério da Justiça disponibilizaros arquivos da Polícia Federal à Comissão Especialsobre os Mortos e Desaparecidos, eu fui credenciado para pesquisar a papelada existente na Delegacia deFoz do Iguaçu.Durante dois meses revirei caixas e pastas AZvasculhando os mandados de prisão, informes,radiogramas, ofícios recebidos e expedidos, dossiês,relatórios e outros tipos de documentos produzidos pela burocracia policial.Reconheço que esta busca é tardia, pois no Brasil,ao contrário do Chile, Argentina e Paraguai, osarquivos da repressão estão sendo abertos fora dotempo apropriado. A nossa Lei da Anistia, além deter permitido a devolução dos direitos civis e políticos aos perseguidos pela ditadura, beneficiouos torturadores e serviu também ao propósito doesquecimento do passado.O resultado desta dubiedade é o fato de que enquantoas vítimas precisam remexer nos arquivos para quehistórias sejam reconstruídas, os algozes e seuscúmplices fazem de tudo para que o passado permaneçaintacto e possam, assim, terminar em paz os seusdias. Estão normalmente dispostos a pagar aintocabilidade do passado, com o seu próprioesquecimento pela História.Durante minha pesquisa no arquivo da Delegacia daPolícia Federal de Foz do Iguaçu eu esmiucei osquase vinte mil documentos ali existentes, buscando pistas que indicassem as circunstâncias das mortesdos desaparecidos políticos.
  A relação abaixo é resultado das anotações que eufiz no decorrer da busca de pistas que me levassem aelucidar o desaparecimento de seis militantes daresistência à ditadura acontecida em julho de 1974na região Oeste do Paraná.Infelizmente, não foi possível registrar todos osdocumentos, pois depois de trinta dias de pesquisacheguei ao meu objetivo, e já podia ir em busca dosremanescentes da Vanguarda Popular Revolucionária,que foram atraídos para uma emboscada e assassinadosno Parque Nacional do Iguaçu. Apesar de não ter acessado todas as pastas e caixascontendo documentos, consegui, ao longo do períodoque trabalhei numa sala localizada no subsolo doantigo prédio da PF, tomar nota de váriosacontecimentos para a construção da história dasregiões Oeste e Sudoeste do Paraná.São reclamações, investigações e inquéritos sobre as”guerras camponesas” de defesa contra os despejos,executados por jagunços a soldo de latifundiários. Além dos documentos acerca das organizações deesquerda e dos conflitos pela terra, o arquivo daPolícia Federal é farto em documentos sobre questõeslocais. Estas vão desde as fofocas políticas até umaou outra articulação do movimento estudantil.São histórias de prisões, de resistências, de dedos-duros, biltres e lambe-botas. Alguns documentos nãoforam postados neste blog nem tampouco constam narelação abaixo, para que sejam preservadas ainviolabilidade da intimidade, da vida privada, dahonra e da imagem das pessoas investigadas pelosEstado Terrorista imposto à nação
ALUIZIO PALMAR

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