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DOCUMENTOS DA AERONÁUTICA REVELAM PERSEGUIÇÃO E PRISÃO DE FERNANDO SANTA CRUZ

 

Fernando Santa Cruz saiu da casa de seu irmão, em Copacabana, Rio de Janeiro, na tarde do dia 23 de fevereiro de 1974, para nunca mais ser visto. Não desapareceu: foi desaparecido.

Elzita, sua mãe, iniciou logo uma incansável luta para descobrir o que haviam feito com seu filho. A luta durou até que ela tivesse 105 anos. Mês passado, suas forças se esgotaram e ela faleceu, sem enterrar seu filho e sem que os responsáveis pelo assassinato de Fernando fossem responsabilizados.

 

 


Ainda em 1974, Elzita redigiu uma carta para o comandante do II Exército, perguntando se seu filho se encontrava preso lá. Quem respondeu foi um tenente-coronel, não só negando a informação, como também fingindo indignação. Escreveu o militar para Elzita: “seria desonrar todo nosso passado de tradições, se nos mantivéssemos calados diante de injúrias ora assacadas contra nossa conduta de soldados da Lei e da Ordem que abominam o arbítrio, a violência e a prepotência”. Para o Exército, a luta de Elzita era uma injúria.

Em 1978, um documento da Aeronáutica confirmava o que Elzita denunciava: seu filho fora preso e mantido sob custódia pelas Forças Armadas. É esse relatório da imagem abaixo, onde se pode ler a informação oficial de que Fernando Santa Cruz foi preso em fevereiro de 1974.

Mais não se sabe. Os documentos que teriam condições de explicar as circunstâncias da morte e desaparecimento de Fernando estão nas gavetas das Forças Armadas, inacessíveis até hoje. A outra fonte possível seriam os militares envolvidos no crime. Eles não falam. Jamais falaram. Mantêm um pacto de silêncio.

Texto de Lucas Pedretti

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