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ESPIÕES. AGENTE DO CENIMAR MARIA THEREZA RIBEIRO DA SILVA INFILTRADA NO PCBR

 

A vida dos infiltrados era cheia de medo, dúvida e tensão. Todos esses ingredientes estão presentes na correspondência da militante Maria Thereza Ribeiro da Silva. Primeiro, suas cartas foram interceptadas pelo Cenimar. Depois, ela acabou aliciada como informante. “Estou desesperada. Acabo de me convencer, com os últimos acontecimentos lidos nos jornais, que dentro em breve serei presa”, escreveu ela em 1o de agosto de 1969, numa carta manuscrita a uma amiga, Odete. Maria Thereza disse ter sido iludida pela organização de esquerda em que militava (o PCBR) e que não tinha dinheiro para quitar uma nota promissória. “Entre outras coisas, cheguei a comprar dois carros em nome de um motorista conhecido meu, de nome Bispo, com dinheiro fornecido por Salathiel.” Três dias depois de escrever a carta, Maria Thereza foi presa por agentes do Cenimar. Um manuscrito do Cenimar com data de 4 de agosto de 1969 registra um acordo feito com ela (leia o texto abaixo). No primeiro dia, a militante aliciada pela Marinha recebeu 100 cruzeiros novos.

No Cenimar, ela ficou conhecida pelo código RK-33 e pelos nomes falsos “Renata” e “Lindolfo”. Os contatos com o serviço secreto eram feitos por meio do capitão de corveta “Alfredo”. Três anos e meio depois do acordo com o Cenimar, Maria Thereza enviou uma carta a “Alfredo”, datada de 26 de fevereiro de 1973 e assinada por “Renata”. Ela reclama das dificuldades que tem para sustentar a filha, “Dominique”, e ajudar os pais com o dinheiro que ganha com uma pensão alimentícia e com o pagamento do Cenimar. No total, recebe Cr$ 1.270. Para equilibrar o orçamento, pede que o Cenimar aumente seu salário.
Maria Thereza comprou dois carros para as ações armadas do PCBR

O nome dela aparece em cadastros do governo federal, mas seu endereço na periferia do Rio não foi encontrado. Ex-militantes do PCBR procurados não se lembraram dela. A ex-colaboradora da Marinha permaneceu nas sombras mesmo depois do fim da ditadura. Como seria de esperar de um agente secreto.

Maria Thereza Ribeiro (Foto: reprodução)

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