Foz do Iguaçu

Ex-militar denuncia torturas no quartel do Exército em Foz do Iguaçu

Em 2001, o jornal Folha de Londrina recebeu a carta em anexo cujo destinatário é um morador da cidade de Barbosa Ferraz (PR) e ex-soldado do 1 Batalhão de Fronteiras, de Foz do Iguaçu, hoje 34 Batalhão de Infantaria Motorizada. Na correspondência, o soldado, que provavelmente usou um nome apócrifo,  descreve os momentos que viveu durante o tempo que passou no quartel do Exército, no período da ditadura. O recruta confirma as denúncias de torturas que o casal de professores, Luiz Andrea Fávero e Clari Izabel Fávero fizeram ao grupo que elaborou o dossiê Brasil Nunca Mais. Na carta, o ex-soldado revela o nome do torturador, hoje advogado em Foz do Iguaçu e os detalhes das atrocidades que ocorreram naquela ocasião.

 

Dossiê de Mário Expedito Ostrovski

(Publicado no dossiê Brasil Nunca Mais)

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, após pesquisar nos 12 volumes do Projeto Brasil Nunca Mais, organizado pela Arquidiocese de São Paulo, e em outras fontes vem a público denunciar Mário Expedito Ostrovski, como membro dos órgãos de repressão no período de Ditadura Militar.
O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ acredita ser importante enfatizar que o Projeto Brasil Nunca Mais, é o resultado da microfilmagem de todos os processos que se encontram no Superior Tribunal Militar, em Brasília, abrangendo o período de 1964 a 1978. Trata-se, portanto, de documentação oficial que não pode ser rotulada de facciosa.
O nome de Mário Expedito Ostrovski, aparece uma vez em uma lista do Projeto Brasil Nunca Mais, como 2º Tenente R/2 Infantaria EB atuando na Unidade Militar Foz do Iguaçu/PR, em 1970.
Na lista, de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, à página 17 do Tomo II, volume 3 “Os Funcionários”, seu nome é denunciado , como 2º Tenente R/2 Infantaria EB, no Paraná em 1970.
No Tomo V volume 2 do livro “As Torturas” às págs. 805, 806 e 807 é denunciado, em Auditoria, por Luiz Andréa Fávero, 26 anos, professor, em 1970 esteve preso na Unidade Militar de Foz do Iguaçu/PR, no auto de qualificação e interrogatório transcrito abaixo:
“(…) o interrogando foi surpreendido na residência de seus pais, por uma verdadeira caravana policial; que ditos indivíduos invadiram a casa, algemaram seus pais (…) que em dita dependência os policiais retiraram violentamente as roupas do interrogando e, utilizando-se de uma bacia com água aonde colocaram os pés do interrogando, valendo-se ainda de fios, que eram ligados a um aparelho, passaram a aplicar choques; (…) que, a certa altura o interrogando ouviu os gritos da sua esposa e, ao pedir aos policiais que não a maltratassem, uma vez que a mesma encontrava-se grávida, obteve como resposta uma risada; (…) que o interrogando foi em seguida conduzido para fora da casa, lá avistando seus pais amarrados em uma viatura; que, a certa altura, um policial, deu ordem para que o interrogando corresse e isto de metralhadora em punho (…) que pela manhã o interrogando e sua esposa foram conduzidos para Nova Aurora, (…) foi conduzido para uma sala existente naquele local, por dois policiais que diziam pertencer ao DOPS do Rio/GB, um de nome Juvenal e o outro de nome Pablo; que em dita sala novamente o interrogando foi submetido a torturas, já das mesmas participando o capitão Júlio Mendes, e o tenente Expedito (…) que quer acrescentar ainda que o policial civil de nome Juvenal, em certa altura das torturas que se infringia ao interrogando, mostrou a este um emblema de uma caveira, intitulando-se participante do Esquadrão da Morte (…) que ainda nesse mesmo dia teve o interrogando notícia de que sua esposa sofrera uma hemorragia, constatando-se posteriormente, que a mesma sofrera um aborto (…) posteriormente transferido para Curitiba; que nesta cidade foram levados no Quartel da PE, lá encontrando já fardado a pessoa que comandava a operação realizada em sua residência e mais dois sargentos que participaram também das torturas; que o capitão é de nome Kruguer, e os sargentos Bruno e Balbinoti (…)”
Estas declarações de Luiz Andréa Fávero encontram-se no Processo 551/70 Apelação 38 882, 5ª RM/CJM, contando de 1 volume ( informações à pág. 49 do Tomo II volume 1 “A Pesquisa BNM” do Projeto Brasil Nunca Mais). Este processo trata: “ IPM foi instaurado como desdobramento de prisões no Rio Grande do Sul, atingindo a VAR- Palmares. Apura-se a estruturação de um Comando Territorial da VAR no Paraná, essencialmente na área de Nova Aurora, onde o grupo da VAR vivia em uma fazenda planejada para funcionar como refúgio da Organização e para aliciamento de camponeses na região (informações às págs. 136 e 137 do Tomo II Vol. 1 “A Pesquisa BNM”).

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2 comentários

  1. maria marlene dalpra diz:

    bom dia ja faz muitos anos em 1979 conheci um rapaz que veio de foz do iguçu para joinville sc fazer um treinamento para sargento no exercito b de sc em joinville eu não lembro bem mais eu conheci como bulhão ele fes o treinamento depois retornou para foz só que eu fiquei gravida hoje meu filho tem 36 anos e ele que conhecer o pai preciso de ajuda se vcs tiver fornção sobre esse rapaz que hoje ele deve esta com cause 60 anos obrigada

  2. fuzileiro demotivado diz:

    Desabafo de um Fuzileiro
    Não sei como começar! mas tenho uma denuncia a fazer! sou militar do CFN do BtlArt Fuz Nav na ilha do governador! nós que servimos neste batalhão sofremos um imenso abuso de poder!Não sabemos mais o que é ir pra casa no horario previsto para a licença todos os dias temos que chegar ao quartel as 07:30 e só saimos depois das 19:00, quando deveriamos sair as 16:00! como moro longe eu e muitos amigos temos que dormir no trabalho, ai é que começam os problemas. Neste quartel não tem nenhuma estrutura para manter seus militares! existe um bebedouro para mais de 300 pessoas e este só foi colocado porque anualmente existe uma inspeção feita em todos os quarteis da marinha! então quando chega perto da data dessa inspeção nós militares especialmente praças temos que trabalhar igual a escravo dia após dia para que nosso comandante não passe “vergonha” perante seus superiores! enquanto isso nossas famílias ficam em casa lamentando por mais um dia que não estaremos lá! nos trabalhamos mas de 100 horas semanais! e com uma remuneraçao e tratamentos indignos! quando entrei para marinha eu tinha orgulho porque entre mais de 12000 inscritos eu consegui, mas agora que depois de 5 anos servindo ao meu Pais eu em pouco mais de 7 meses me deparo com uma situação dessas onde o governo não nos dá nosso merecido aumento e nossos superiores só querem saber de coquetéis e festas! nós militares praças só servimos pra ser faxineiros e escrachados a vista de todos! mas se Deus quiser vai melhorar!

    MILITAR SEM MOTIVAÇÃO = PAIS DESPROTEGIDO

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