Denúncias Geral Mortos e Desaparecidos Torturadores

Lista de exilados brasileiros mortos, desaparecidos e prisioneiros nos centros de tortura após o golpe militar no Chile

Brasileiros mortos no Chile:

– Jane Vanini, do Mato Grosso, tradutora, assassinada em cerco à sua casa [1] , num bairro de Concepción, ao sul do Chile, em 06/12/74. Em 2005, as autoridades chilenas localizaram seus restos mortais em um cemitério clandestino e o corpo foi trasladado ao Brasil.

– Luís Carlos de Almeida, SP, físico, preso na Delegacia [2] de Barrancas, onde foi torturado, e fuzilado sobre uma ponte do Rio Mapocho onde seu corpo desapareceu [3] , em 14/09/73.

– Nelson de Souza Khol, SP, engenheiro. Seu corpo nunca foi encontrado. Está desaparecido desde ter sido sequestrado por 70 soldados da Força Aérea chilena, em 15/09/73, e levado para a Base Aérea El Bosque (onde se supõe tenha sido executado).

– Nilton Rosa da Silva, RS, poeta, morto com um tiro na cabeça, disparado por um grupo fascista, próximo à esquina das ruas San Martin e Agustinas, em Santiago, durante uma manifestação em proteção à sede do Partido Socialista do Chile, em 15/06/73.

– Túlio Roberto Cardoso Quintiliano, RJ [4] , engenheiro, preso em 13/09/73 e levado para a Escola Militar. De lá, foi transferido para o Regimento Tacna, de onde desapareceu. Em 1993, o governo chileno reconheceu sua responsabilidade no assassinato de Túlio, mas sem entregar seu corpo ou esclarecer as circunstâncias de sua morte.

– Wanio José de Mattos, SC, policial militar em SP, morreu no Estádio Nacional 16/09/73, sem que permitissem atendimento médico, depois de violentamente torturado.

Brasileiros presos no Chile

Vítimas de crimes como sequestro ilegal, tortura, tortura psicológica, execução extrajudicial, desaparecimento, ocultação de cadáver:

Estádio Nacional

1. Acácio Francisco Araújo Santos, turista
2. Adolfo Sobosk Tobias, comerciante
3. Alfredo López Ferreira, estudante, turista
4. Anatailde de Paula Crespo, PE, vendedora
5. Anette Goldberg
6. Ângela Maria Arruda Silva
7. Ângela Maria de Brito Portocarrero
8. Angelina Teixeira Peralva
9. Antônio José de Barros López
10. Antônio Paulo Ferraz Nascimento, estudante
11. Antônio Torres Martins, cabeleireiro
12. Arthur Jader Cunha Neves
13. Bernardino de Campos Figueiredo, preso no posto Carabineros de Cerrillos e no Estádio Nacional, com a esposa, Leda Gitahi de Campos, e o bebê do casal, Guilherme, de quatro meses de idade
14. Carol Stalin Pires Leal
15. Cláudio Benedito, bailarino
16. Clayton Duarte Netz
17. Dirceu Luiz Messias, RS, operário da metalúrgica Jemo, preso no Ginásio Chile [5] e no Estádio Nacional
18. Edi Rodriguez de Almeyda, dona de casa
19. Ênio Bucchioni Araújo, SP, estudante, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
20. Fernando Braga Batinga de Mendonça, BA, empregado
21. Gilberto de Almeida
22. Guido de Souza Rocha, MG, artista plástico
23. Iedo Leites Fontes, estudante
24. Iracema Maria dos Santos
25. Ivens Marchetti do Monte Lima
26. Jaime Wallwitz Cardoso, RS, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
27. João Antônio Arnaud Heredia, RS, estudante
28. João Ernesto Marosa Maraschin RS, estudante
29. João Sérgio Barreto Leite Sanz, RJ, cineasta
30. Joelivan Pinheiro Conceição, turista
31. José Alves de Souza
32. José Blues de Souza, estudante
33. José Carlos Avelino da Silva
34. José Serra, SP, economista, preso no Quartel Central de Carabineiros e no Estádio Nacional
35. Leda Gitahi de Campos, presa no posto Carabineros Cerrillos e no Estádio Nacional
36. Seu bebê com quatro meses: Guilherme de Campos Figueiredo, filho de Leda e de Bernardino Figueiredo
37. Lino Renato de Souza, visitador médico
38. Luciano Alves Duffrayer
39. Luís Carlos de Almeida Vieira, preso na Delegacia de Barrancas e no Estádio Nacional; fuzilado e jogado no rio Mapocho; sobreviveu
40. Luís Carlos de Almeida (+D), SP, físico, preso na Delegacia de Barrancas; assassinado e jogado no rio Mapocho
41. Luís Carlos Fabbri Cardozo, médico
42. Luís Pires Fernandez, cineasta
43. Luiz Carlos Guimarães, RJ, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
44. Luiz Carlos Sarzedas, ERJ [6], artista plástico
45. Maria Alice Campos Freire, professora de inglês
46. Maria Beatriz Albuquerque
47. Maria das Dores Romaniolo de Mattos, presa num cárcere de bairro e no Estádio Nacional
48. Maria das Graças Rodrigues do Amaral, dona de casa
49. Maria do Socorro Soares, turista
50. Marlene Ferreira Alves
51. Mauricio Dias David, MG, economista da Corporación de Fomento de la Producción (Corfo)
52. Miguel Costa dos Santos, professor universitário
53. Milton Fernandes Borges
54. Miriam Fineberg Lent
55. Nanci Marietto, SP, enfermeira, presa no posto de Carabineros de Cerrillos e no Estádio Nacional.
56. Nelson Sorothiuk, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
57. Nereida Nogueira Pinheiro Conceição, dona de casa
58. Nielsen de Paula Pires
59. Nilson Antonio Ronchi
60. Nilton Bahlis dos Santos, RJ, estudante
61. Osni Geraldo Gomes, SP, operário
62. Otto Brockes, médico
63. Paulo de Tarso Gianini Araújo
64. Paulo Roberto Benchimol das Neves, agrônomo
65. Pedro Alves Filho
66. Pedro Chaves dos Santos, SP, técnico agrícola
67. Pedro Henrique Leitão da Cunha Wrede, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
68. Pedro José Maria Rabelo, MG, estudante
69. Pedro Viana de Almeida Gomes, diretor de teatro
70. Reinaldo Mestrinel, jornalista
71. Ricardo de Azevedo, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
72. Ricardo Farah, estudante
73. Roberto Heinz Metzger, RS, diagramador, preso no Batalhão de Comunicações [7], no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
74. Roberto Ribeiro de Barros, SP, bancário
75. Samuel Baba Yuzuru Zarogi, PR, médico
76. Sergio Augusto de Moraes, engenheiro
77. Sergio Davet, RJ, comerciante de valores, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
78. Silvério Ferreira Soares
79. Solange Bastos da Silva, RJ
80. Tarzan Ramos de Castro, GO, químico, preso no Ginásio Chile e no Estádio Nacional
81. Tomas Togni Tarquinio, fotografo e estudante
82. Valter Vuolo Stevano, programador
83. Vânia Mendes Araújo
84. Vera Lúcia Thimoteo Ferreira, RJ
85. Victor Fernández Rodríguez, estudante
86. Vitorio Seratiuk Hudema, PR, estudante e artesão
87. Wanio José de Mattos (+), SC, policial militar, preso em delegacia de bairro e Estádio Nacional, onde morreu
88. Washington Alves da Silva
89. Zelda Maria de Mello Torres, secretaria

Cárcere não identificado em Santiago

Roberta Romaniolo de Mattos, ainda bebê, esteve presa numa delegacia com os pais, Wanio José de Mattos e Maria das Dores Romaniolo de Mattos. Na transferência para o Estádio Nacional, conseguiram que o sargento que comandava o grupo a deixasse com uma vizinha amiga da mãe, de nome Ester.

Villa Grimaldi

Localizada no bairro de Peñalolén, em Santiago, era o restaurante “Paraíso Villa Grimaldi”, de Emilio Vassallo Rojas, irmão do embaixador do Chile na Itália durante o governo Allende, frequentado por artistas, militantes políticos e membros do governo da Unidade Popular. Ao final de 1973, os militares a expropriam e ali instalam o quartel Terranova, centro secreto de sequestro, tortura e desaparecimento. Ali funcionava a Brigada de Inteligência Metropolitana, encarregada da repressão na capital. A partir de 1974, a DINA lá se instalou oficialmente.

Eva Teresinha Silveira Faleiros, RS, assistente social, presa em Valparaíso e na Villa Grimaldi – (bci)

Base Naval de Talcahuano, em Concepción

Na cidade de Concepción, região de Biobío, no centro geográfico do país, 522 km ao sul de Santiago. Concepción recebeu grande número de exilados por conta de sua Universidade, a terceira mais antiga do país, onde estudou o mítico fundador e secretário geral do MIR, Miguel Enríquez.

Nos meses imediatos ao golpe, os locais mais frequentemente utilizados para interrogatórios clandestinos e depósito de presos da região de Concepción foram a Base Naval de Talcahuano, o Forte Borgoño, o Estádio de Concepción, os quartéis de Investigação de Talcahuano e de Concepción e a Escola de Grumetes da Marinha.

1. Antonio Vera Farias, preso na Ilha Quiriquina – (bci – baixa convicção na informação)
2. Áurea Maria Assef, RJ, presa na Base Naval Talcahuano
3. Eder Simão Sader, professor da Universidade de Concepción, preso na Ilha Quiriquina
4. Eduardo Miranda de Oliveira, engenheiro, Base Naval Talcahuano
5. Elizeu Camargo, Ilha Quiriquina
6. Ely Suhamy Rodrigues, Ilha Quiriquina
7. Frederico Oliveira de Menezes, PE, professor de Economia na Universidade de Concepción, preso na Base Naval Talcahuano
8. Joaquim Thomas Jayme, GO, professor de música, Base Naval Talcahuano
9. José dos Reis Santos Filho, estudante, Base Naval Talcahuano
10. José Mayer de Miranda, estudante, Base Naval Talcahuano
11. Lucio França Teles, MG, estudante, Base Naval Talcahuano
12. Luiz Correia de Carvalho, Ilha Quiriquina
13. Luiz de Moraes Costa Filho, Ilha Quiriquina
14. Luiz Maranhão, Base Naval Talcahuano
15. Maria Lucia de Sampaio Dagnino, RS, estudante, Base Naval Talcahuano.
16. Maria Virginia Paiva, RJ, Base Naval Talcahuano
17. Pedro Paulo Bretas, MG, trabalhador químico, Base Naval Talcahuano
18. Renato Peixoto Dagnino, RS, trabalhador químico, Base Naval de Talcahuano.
19. Roberto Henrique Pedrosa da Costa, professor universitário, Base Naval Talcahuano
20. Suhany Eli Rodrigues, Ilha Quiriquina
21. Tomas David Weiss, MG, estudante, Base Naval de Talcahuano
22. Vandevaldo de Miranda Nogueira, PE, estudante, Base Naval Talcahuano

General Makena

Quartel da Dirección General de Investigaciones, na avenida General Mackenna, em Santiago, utilizado como centro de prisão e tortura já no dia 11 de setembro. Para lá foram levados os membros da guarda da residência presidencial, depois sumariamente fuzilados.

1. Encarnación Lopes, SP
2. Leopoldo Paulino, SP

Regimento Tacna

Localizado a 12 quadras de La Moneda, o Regimento de Artilharia nº 1 “Tacna” foi uma das principais forças de ataque ao Palácio. De lá foram levados presos cerca de 50 integrantes da guarda presidencial do presidente Allende. No Regimento Tacna, foram interrogados, torturados e a maioria, assassinados.

Para lá foi levado Túlio Roberto Cardoso Quintiliano (+D), engenheiro carioca, e nunca mais encontrado.

Las Condes

Unidade militar não identificada, no bairro de Las Condes, Santiago

1. Ubiratan Vatutin Kertzscher, RS, militar. É preso por Carabineros na rua e levado a uma Unidade de Infantaria do Exército, de onde é liberado
2. Paulo Melo, RS, estudante

Escola Militar

Av. Presidente Riesco. Bairro Las Condes, Santiago
Narcisa Beatriz Verri Whitaker, PE, arquiteta

Rio Maipo

Tentativa de execução, frustrada, de José Araújo Nóbrega, SP, militar – (bci)

Centro da cidade de Santiago

Três pessoas foram presas e torturadas no terraço de sua residência, na Rua San Antonio:

1. Eliete Ferrer, RJ, estudante
2. Lilliam Simões Cardoso, RJ, psicóloga
3. Leyla Simões, RJ, artista plástica

Rancagua

Rancagua é uma comuna da Região de O’Higgins, a 100 km ao sul de Santiago.

Paulo Roberto Telles Frank, RS, militar

Osorno

Quartel de Osorno, cidade da Região de Los Lagos, a 945 km ao sul de Santiago,

Jun Nakabayashi, SP, professor Sociologia da Universidade de Osorno

Valparaíso

Cidade sede do Comando da Armada de Chile, onde o golpe iniciou.

1. Adolfo Salas Carvano, preso no navio Lebú
2. Maeth Domingos Tonella Boff, professor, preso no navio Lebú
3. Vicente de Paula Faleiros, professor de Serviço Social, preso no navio Lebú

Arica

Cidade de Arica, extremo norte do país
Nei Cunha, preso na Gendarmeria local

Observação:

A presente lista está em elaboração. Sua confiabilidade é razoável; se evita colocar dados pouco sustentados. Há margem de erro, motivada por má informação, erros de grafia, nome falso, inversão de sobrenomes, desídia de vítimas. Para acrescentar informações a esta lista, acesse o blog do Comitê Carlos de Ré Verdade e Justiça do Rio Grande do Sul comitedaverdadeportoalegre.wordpress.com ou a página do Comitê Carlos de Ré no Facebook e deixe sua mensagem e contatos.

Notas

[1] Particulares, onde tenha ocorrido tortura e/ou execução de pessoas.

[2] As Comisarías de bairro aqui são chamadas Delegacias

[3] Sua execução foi relatada pelo seu homônimo Luiz Carlos Almeida Vieira, com quem morava em Santiago. Ambos e um uruguaio, de quem não se sabe o nome, foram levados a uma ponte sobre o rio Mapocho, onde foram metralhados e jogados às águas. Os corpos do uruguaio e de Luiz Carlos Almeida corpos nunca foram encontrados depois disso. Já Luiz Carlos Estão incluídos nesta relação como sítios de detenção, tortura e morte locais eventuais e temporários, como rios e residências Almeida Vieira, apesar de ter recebido três tiros, sobreviveu. A correnteza o tirou do campo de visão dos executores.

[4] RJ corresponde ao então Estado da Guanabara.

[5] Para evitar confusão com o Estádio Nacional, se chama aqui de Ginásio Chile o Estadio Chile, que era uma quadra de basquetebol e local de shows no centro de Santiago. Hoje é o Estadio Víctor Jara.

[6] ERJ é o então existente Estado do Rio de Janeiro.

[7] O Batalhão de Comunicações localiza-se no bairro de Peñalolén, em Santiago. De lá Pinochet comandou golpe militar desde as horas iniciais.

Do site rsurgente

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