Os documentos divulgados abaixo foram cedidos ao site DR pelo Movimento Tortura Nunca Mais de Pernambuco.
Maurício Grabois
Nasceu em Salvador, BA, no dia 2 de outubro de 1912, filho do comerciante Agostim Grabois e de Dora Grabois..
Maurício teve um casal de filhos: André Grabois, também militante do PC do B e morto no Araguaia, provavelmente em outubro de 1973, e Vitória Lavínia Grabois Olímpio.
Desaparecido aos 61 anos em 1973, no Araguaia.
Fez o curso primário em vários colégios devido às inúmeras viagens e mudanças de seu pai. Em 1920, quando sua família regressou a Salvador, concluiu a escola primária. Em 1925 ingressou no Ginásio da Bahia, passando a sentir interesse pela política por influência de seu diretor, Bernardino José de Sousa. Também nessa época conheceu e tornou-se amigo de Carlos Marighella (morto em 1969), que freqüentava o mesmo colégio. Formou-se em 1929. No início do ano seguinte foi para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde passou a freqüentar o curso preparatório para a Escola Militar de Realengo, nela ingressando em 1931, mas não concluiu o curso por ter sido expulso em 1933.
Foi então para a Escola de Agronomia, onde cursou até o 2° ano, abandonando definitivamente os estudos para dedicar-se à vida política.
No início da década de 30, Grabois foi um dos primeiros organizadores do PCB nas Forças Armadas, quando aluno da Escola Militar. Logo após sua entrada para o PCB, passou também a atuar na Juventude Comunista e, em 1934, foi encarregado do setor nacional de agitação e propaganda da Federação da Juventude Comunista do Brasil. Em 1935, Maurício Grabois integrou-se nas ações desenvolvidas pela Aliança Nacional Libertadora (ANL).
Durante o período do Estado Novo (1937-1945), foi condenado à revelia, em 1940, num processo em Minas Gerais. No início de 1941, Grabois foi preso no Rio de Janeiro. Libertado no início de 1942, formou no Rio, ao lado de Amarílio Vasconcelos, a Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP).
Trabalhou na empresa de aviação Panair do Brasil e participou da fundação e da direção da editora Horizonte, do PCB, com sede no Rio de Janeiro. Em maio de 1945 dirigiu o jornal “A Classe Operária”, função que manteria até 1949, quando o jornal foi fechado.
Nas eleições de 2 de dezembro de 1945 para a Assembléia Nacional Constituinte, o PCB elegeu um senador e 14 deputados, entre os quais Grabois, pelo antigo Distrito Federal. Assumindo seu mandato em fevereiro de 1946, foi designado líder da bancada comunista. O período da legalidade do PCB chegou ao fim em 7 de maio de 1947, quando o TSE cancelou o seu registro e Grabois teve o seu mandato cassado.
Devido à repressão policial aos comunistas, a partir de 1948 Grabois passou a atuar na clandestinidade.
Em agosto de 1957 rejeitou a política soviética de coexistência pacífica, explicitando suas divergências com a orientação do PCB. Em fevereiro de 1962, juntamente com João Amazonas, Pedro Pomar, Carlos Danielli e outros, fundou o Partido Comunista do Brasil (PC do B).
Após o golpe militar de 1° de abril de 1964, voltou a viver na clandestinidade. Por força do AI-2 (27/10/1965), teve seus direitos políticos cassados. Foi condenado pela 2ª Auditoria do Exército – 1ª CJM nos Processos n° 7512, a2 anos de reclusão, e 7478, a10 anos de reclusão. Também foi condenado pela 1ª Auditoria a 5 anos de reclusão e pela 2ª Auditoria a 2 anos de reclusão.
Em 1967, iniciou os preparativos de um movimento de guerrilha na região do Araguaia, no sul do Pará, onde passou a viver, estabelecendo-se na localidade de Faveira. Em 1972, o Exército descobriu o núcleo guerrilheiro no Araguaia. As tropas enviadas à região, estimadas em 20 mil homens, eliminaram 59 guerrilheiros do PC do B, entre os quais Maurício Grabois.