Em fevereiro de 1967, nós, da Dissidência Comunista do Estado do Rio de Janeiro, realizamos um baile de carnaval com o intuito de angariar finanças para montar uma gráfica e nela rodar nossos panfletos e um jornal.
A atividade foi intitulada “Baile do Esqueleto”, numa referência à construção do prédio da UFF, que durante anos permanecia apenas com colunas e lajes.
A União Fluminense de Estudantes, nos deu cobertura e fizemos o baile no Sindicato dos Operários Navais de Niterói.
Salão lotado, sucesso total. Tudo transcorria normal até que, de repente, soldados da PM e agentes do DOPS baixaram no Sindicato e prenderam os carnavalescos.
A causa da invasão foi a cantoria da paródia da marcha rancho Máscara Negra, de Zé Kéti, sucesso daquele carnaval.
Acompanhando a banda, a estudantada cantou a plenos pulmões:
“Quantos tiras!
Oh! Quantos gorilas!
Mais de mil milicos em ação.
Estudantes apanhando
pelas ruas da cidade,
gritando por liberdade.”
No meio de toda a confusão de camburões e estudantes presos, o Nielse Fernandes, da direção da DI/RJ que estava na portaria passou a arrecadação para que o Milton Gaia Leite me entregasse. Eu o esperava de terno e gravata debaixo da marquise do Cine Central. Naquele época só se entrava no Cine Central de terno e gravata. Peguei a sacola com a grana e dei no pé. Fui parar no dia seguinte na cidade de Campos, onde a base local do PCB já havia conseguido uma impressora para vender por um bom preço.
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Aluízio Palmar é jornalista, e fundador do CDHMP de Foz do Iguaçu. Em 1969, foi preso e em 1971, banido do País, após ser trocado juntamente com outros presos políticos, pelo embaixador da Suiça. É autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?” e em 2020, recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência, concedida por entidades de direitos humanos e movimentos sociais. É editor do portal DocumentosRevelados.com.br
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