São muitas as ações que marcaram a resistência estudantil contra a ditadura. Comícios relâmpagos de protesto, ocupação de prédios administrativos e campus.
Em 1o de abril de 1968, estudantes ocuparam a Universidade de Brasília (UnB) e, em seguida, a PM invadiu o local. Ocorreram também passeatas em outras cidades brasileiras.
Em 1968, a Polícia Militar de Minas Gerais invadiu o campus e o predio da Reitoria para desalojar os estudantes que protestavam contra o Acordo MEC-Usaid e a falta de liberdade no Pais.
O que se viu nas ruas da cidade foi a ostensividade do aparato policial, com direito a tropas de choque de elite, polícia montada, cães, vai e vem de camburões com sirenes disparadas e cenas públicas de intimidação que só fizeram aumentar a repulsa da população pela brutalidade do regime.
Desafiadores, 400 universitários mineiros guardaram vigília na noite do dia 3 na Faculdade de Medicina da UFMG, onde aconteceria o encontro. O local foi cercado as cinco da manhã. A partir daí, em vários pontos da cidade, prisões, invasões de igrejas e universidades desembocaram, ao final do dia, num saldo de mais de 4 mil pessoas presas.
A repressão culminou com a invasão da Faculdade de Medicina e a condução dos confinados para o Parque da Gameleira, onde passaram a noite, assistidos, do lado de fora, pela indignação de familiares e amigos.
No dia 2 de junho, em São Paulo, a PUC/SP foi tomada por estudantes.
Em seguida, uma série de ações ocorreu no Brasil:. No dia 12 ocupação da USP; no dia 21, ocorre a “sexta-feira sangrenta”, uma passeata no Rio de Janeiro que acabou em repressão e muitos mortos; três dias depois, várias manifestações ocorreram em São Paulo e, no dia 26, no Rio de Janeiro, ocorreu a conhecida “Passeata dos 100 mil”, que reuniu cerca de 100 mil pessoas, entre estudantes, ativistas e intelectuais.
Em São Paulo, no mês seguinte, cerca de 2 mil pessoas se uniram em uma passeata. No dia seguinte, o mesmo ocorreu no Rio de Janeiro, com cerca de 10 mil pessoas e, diante disso, o ministro da justiça, Gama e Silva, proibiu qualquer tipo de manifestação e passeatas no Brasil.
No ano seguinte, a ditadura baixa do Decreto-lei 477. O decreto-lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969, também chamado de AI 5 das Universidades foi um ato legal baixado pelo então ditador Artur da Costa e Silva que punia professores, alunos e funcionários de universidades acusados de subversão ao regime com expulsão. Na prática, o processo a que se submetia o acusado era sumário. Os professores atingidos ficavam impossibilitados de trabalhar em outra instituição educacional por cinco anos, ao passo que os estudantes ficavam proibidos de cursarem qualquer universidade por três anos.
Os documentos anexos fazem parte do dossiê do líder estudantil mineiro Athos Magno Costa e Silva, na época presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais.
O dossiê trata do processo sumário aplicado contra Athos Magno devido as ações estudantis que culminaram pela ocupação da reitoria.
FUNDO DOPS – ARQUIVO PÚBLICO DE MINAS GERAIS