O cabo Claudio de Souza Ribeiro, foi um dos membros mais ativos da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, que ele ajudou a fundar. Após o movimento, que ficou conhecido como “A Revolta dos Marinheiros”, em 1964, Claudio se integrou na luta armada contra a ditadura e durante o período que passou na clandestinidade, viveu momentos intensos e tensos, fugindo da repressão e atormentado pelo ciume.
Em 1971, já afastado da guerrilha e morando clandestino em Recife, ele matou sua companheira e depois se entregou à polícia.
Após se entregar à polícia, Claudio foi enviado para o Presídio de Itamaracá, onde outros presos políticos cumpriam pena. Após alguns anos fugiu do presídio, manteve contato com seu colega Pedro Viegas, que estava clandestino na Bahia e procurou se organizar na luta.
Segundo Pedro Viegas, Claudio de Souza Ribeiro não superou suas crises e acabou se matando.
Em anexo, o depoimento que Claudio de Souza Ribeiro prestou em 1971, à Delegacia de Segurança Pessoal e Homicídios, de Pernambuco.
“Em 1964, Ribeiro estava na assembléia dos marinheiros que funcionou como pretexto para o golpe militar de 31 de março. Em 1969, já militante da VPR, foi colocado na parede por Cleide Dall’Olio, com quem vivia: a guerrilha ou ela, eram as opções de Ribeiro. Ele escolheu Cleide, mesmo escalado para a guerrilha do Vale do Ribeira. Mudaram-se para Recife, onde ele voltou à militância.
Em 1971, Ribeiro descobriu que era traído e matou a mulher com três tiros. O que se conta é que logo em seguida apresentou-se à delegacia: “Acabei de matar minha mulher e sou um terrorista procurado”, teria dito.
Carlos Lamarca, líder guerrilheiro e amigo de Ribeiro, anotou no diário: “Só posso achar que Matos (codinome do marinheiro) enlouqueceu, a ponto mesmo de desejar se autoflagelar, e com o sofrimento justificar ter abandonado a Revolução”.
Mario Cesar Carvalho
Folha de SP
03.05.1998
TRECHOS DE A TRILHA DO LABIRINTO, DE CHICO DE ASSIS
“Nós, os ex-militares, estávamos todos sendo procurados, era difícil arrumar emprego. Chegou um ponto em que não havia mais como conseguir dinheiro para o dia a dia. Então, resolvemos expropriar um banco. Naquele momento foi por necessidade mesmo, não como uma opção política. Levamos duas ou três semanas preparando tudo, vigiando a agência, estudando cada detalhe. Adiamos várias vezes, sempre surgia algum imprevisto. Um dia não tínhamos dinheiro mais nem pra comer, então decidimos: é hoje! Lá dentro deu tudo certo. Mas o pessoal estava tão afobado que quase foi embora me deixando pra trás. Tive de correr atrás do veículo…”
“Segundo ele, foi alguns assaltos depois que a VPR, após muitas discussões internas, decidiu assumir essas expropriações, espalhando panfletos nos locais. E assim, meio sem querer, a vanguarda passou a desenvolver ações armadas, com o exemplo da VPR logo inspirando a ALN e outras organizações”