Documento revela que após a morte de Vladimir Herzog, os repórteres da Folha de Londrina Edilson Leal de Oliveira e Joana D’Arc Lopes, decidiram promover uma missa em louvor ao colega assassinado pelas torturas recebidas nas dependências do DOI-CODI do II Exército. Procuram o dono do jornal, João Milanez e este negou ceder o salão da Folha para o ato.
Diante da negativa de João Milanez, Edilson e Joana D’Arc procuraram o dono do jornal Panorama e este cedeu e ofereceu as instalações do jornal para a realização da missa. Colocou como condição que o Sindicato dos Jornalistas, com sede em Curitiba apoiasse o ato. O Sindicato na época dirigido por pelegos negou o apoio e desautorizou o nome da entidade. Frustrados os dois jornalistas acabaram não realizando a missa em louvor da alma de Vladimir Herzog.
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Diria que alguns não, mas a maioria sim, eram pessoas no mínimo omissas em relação à ditadura – essa ideia-mestra: sindicato não tem que se meter em política! (Risos) E nós achando que era o contrário! Então, o Sindicato me furtou metade da carreira – não fiz mais jornalismo como gostava de fazer – mas teve grande importância na minha história, e na história do país.
Às vésperas da eleição, Santo foi demitido da Metal Leve , onde a esta altura já era inspetor de qualidade. Ajudado por amigos, ele foi empregado pela Alfa Fogões, no Brás, na Zona Norte. Concorreu às eleições sindicais, mas a Oposição “perdeu”. A OSM denunciou as fraudes grosseiras ocorridas durante a eleição, o que deveria tornar obrigatória a realização de novas eleições em 15 dias. Mas, Joaquim Santos Andrade (Joaquinzão) foi a Brasília, encontrou-se com o então ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto , que o re-empossou. No primeiro dia da paralisação, 28 de outubro, as subsedes do Sindicato, abertas para abrigar os comandos de greve, foram invadidas pela Polícia Militar, que prendeu mais de 130 pessoas. Sem o apoio do sindicato e com a intensa repressão policial sobre sua ação, os metalúrgicos passaram a se reunir na Capela do Socorro, sendo a Zona Sul a região de maior concentração da categoria. No dia 30, Santo Dias, como parte do comando de greve, saiu da Capela do Socorro, para engrossar um piquete na frente da fábrica Sylvânia e discutir com os operários que entravam no turno das 14h00. Viaturas da PM chegam e Santo Dias tenta dialogar com os policiais para libertar companheiros presos. A polícia agiu com brutalidade e o PM Herculano Leonel atirou em Santo Dias pelas costas. Ele foi levado pelos policiais para o Pronto Socorro de Santo Amaro, mas já estava morto. O corpo de Santo Dias só não “desapareceu” por conta da coragem de Ana Maria, sua esposa. Ela entrou no carro que transportava seu corpo para o Instituto Médico Legal , apesar de abalada emocionalmente e pressionada pelos policiais a descer, não cedeu.