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JORGE VINÍCIUS PACHECO SANCHES – ACUSADO DE SUBVERSIVO POR TER PARTICIPADO DO “BAILE DO ESQUELETO”

O BAILE DO ESQUELETO

O Baile do Esqueleto

Aluízio Palmar

  1. O pessoal do MNR cai na serra de Caparaó. Em Cuba, acontece a Conferência da

OLAS, que pregava a revolução continental, da qual Marighela participa à revelia do

Comitê Central do PCB. Os Estados Unidos bombardeiam sem dó nem piedade o Vietnam

enquanto em seu território surgia o Partido Panteras Negras, no bojo da luta pelos

direitos civis.

Em Niterói, nós já éramos “dissidência” do PCB. A etapa da

revolução era socialista e o método de luta uma combinação entre ações armadas e luta

de massas.

Decidimos, então, montar uma gráfica clandestina para rodar nossos panfletos e um

jornal. Entretanto, faltava a grana para comprar a impressora, guilhotina e demais itens.

Com a cobertura da União Fluminense de Estudantes, resolvemos fazer um baile pré-carnavalesco

para levantar os recursos necessários. O local já estava definido seria no

velho e bom Sindicato dos Operários Navais, no Barreto. Milton Gaia Leite, o Fiat e o

Nielse Fernandes garantiram o salão. Eles eram operários navais e faziam parte do

comando da DI/RJ.

O baile transcorria normal até que, de repente, soldados da PM e agentes do DOPS

baixaram na área. Um pouco antes da invasão, o pessoal da UFE havia panfletado o local

com uma paródia da marchinha Máscara Negra, de Zé Kéti. A banda tocou e a

estudantada a plenos pulmões cantou:

– Quantos tiras! Oh! Quantos gorilas! Mais de mil milicos em ação. Estudantes desfilando

pelas ruas da cidade, gritando por liberdade.

No meio de toda a confusão de camburões e estudantes presos, o Nielse que estava na

portaria passou a arrecadação para que o Fiat me entregasse. Eu o esperava de terno e

gravata debaixo da marquise do Cine Central. Naquele tempo, só se entrava no Central

de terno e gravata. Peguei a sacola com a grana e dei no pé. Fui parar no dia seguinte na

cidade de Campos, onde a base local do Partidão já tinha uma impressora para vender à

vista.

Desmontamos aquela coisa imensa e levamos para Niterói. Mas nosso plano acabou não

dando certo. Aquele monte de partes da impressora esparramadas parecia um depósito

de ferro velho. A gente não conseguiu montar a baita e o sonho da imprensa revolucionária

foi abandonado.

Era hora de partir para o foco guerrilheiro

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