Militantes da extinta Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Onofre Pinto, José Lavéchia, Joel e Daniel de Carvalho, Vitor Ramos e mais Ernesto Enrique Rúggia, foram atraídos pelo aparelho repressivo da ditadura e assassinados à sangue frio na região de Foz do Iguaçu/Medianeira.
Pois bem, desde que eu voltei do exílio/clandestinidade após a anistia, venho tentando descobrir em que circunstâncias esses companheiros morreram e onde foram enterrados.
Após várias tentativas frustradas, em 2004, graças a um credenciamento da Comissão dos Mortos e Desaparecidos da SEDH (Comissão 9140), eu tive acesso aos arquivos da Polícia Federal de Foz do Iguaçu. Com base nas informações colhidas nesses arquivos e cruzadas com outras informações de Inquéritos Policiais e Inquéritos Policiais Militares, eu consegui algumas e importantes pistas. Com estes dados em mãos e as fotografias dos desaparecidos, incursionei pela Região Sudoeste do Paraná (mais precisamente Capanema e Santo Antônio do Sudoeste) e pela Região Noroeste do Rio Grande do Sul (Cidade de Braga, Coronel Bicaco e Três Passos).
Enfim, depois de checar o que eu havia descoberto aos vasculhar os arquivos, eu tinha a confirmação do nome de um dos participantes da chacina Otávio Camargo, na época agente do CIEX e hoje soldado da Polícia Civil do Estado do Paraná.
Tendo em vista que esta pessoa não fala comigo (acredito que o motivo seria porque este ex-agente estava encarregado de me capturar ou mesmo assassinar quando eu estava clandestino) procurei chegar até ele por intermédio de outras pessoas. Acabei descobrindo que o ex-militante do MR8 e hoje empresário César Cabral, e o agente da Polícia Federal licenciado e atual Secretário de Segurança de Foz do Iguaçu, Adão Almeida, são amigos do Otávio, que relatou com detalhes como foi realizada a operação que resultou no assassinato dos seis membros da Resistencia à ditadura e a participação do agente duplo Alberi Vieira dos Santos.
Foi graças a estes contatos e após muitas conversas que ficamos sabendo que em julho de 1974 os irmãos Carvalho, Onofre Pinto, José Lavéchia, Vitor Ramos e Enrique Ruggia foram atraídos desde Buenos Aires para uma armadilha montada no Parque Nacional do Iguaçu. Dos seis, cinco foram assassinados à sangue frio e enterrados nas imediações da emboscada. Onofre Pinto foi poupado para interrogatório e dias depois assassinado com requintes de crueldade.
Tendo como base estas informações a SEDH colaborou até o ano de 2010 com o trabalho de buscas. Infelizmente, até o momento não tivemos sucesso. Porém, acredito que estamos bem próximos para a elucidação deste caso e a descoberta dos restos mortais dos companheiros.
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