http://pt.scribd.com/doc/155598417/Informe-Aeronautica-Sobre-Francisco-Raimundo-Paixao
Certo dia, aí por volta de 1981, apareceu na redação do jornal Nosso Tempo, em Foz do Iguaçu, o mítico Chicao Sapateiro. Nos o acolhemos e durante um bom tempo ele morou num quartinho que ficava nos fundos do jornal.
Chicao, teve um papel importante na luta pelas reformas de base. Sua atuação era no Vale do Rio Doce, Minas Gerais.
Governador Valadares, como o restante do Pais, no período que antecedeu o golpe militar de 64, era uma cidade partida ao meio. “De um lado estavam os proprietários rurais e seus familiares, a Igreja e o poder público local; de outro, os quase dois mil membros do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, constituído não apenas por meeiros, parceiros e assalariados do campo, mas também por moradores das favelas de Governador Valadares, quase todos egressos das áreas rurais. Enquanto a liderança patronal congregava a classe na sede da Associação Rural de Governador Valadares, as ruas do centro da cidade iam se transformando numa espécie de extensão do espaço privado e religioso dos lares latifundistas. Munidas de panelas e terços ou empunhando faixas com dizeres moralizantes, esposas e filhas dos proprietários fundiários, muitas delas acompanhadas de suas empregadas domésticas, davam um colorido especial às Marchas com Deus pela Pátria e a Família. Simultaneamente, na periferia da cidade, uma centena de lavradores fazia vigília na sapataria do Chicão (Francisco Raimundo da Paixão), então transformada em sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Governador Valadares.”
Na solenidade em que seria entregue uma fazenda ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais as milícias fazendeiras atacaram brutalmente a sede do Sindicato disparando centenas de tiros e bombas. No confronto, uma pessoa morreu. A polícia chegou, dissipou o grupo e levou preso o líder do Sindicato, o sapateiro e filho de posseiro Francisco Raimundo da Paixão, mais conhecido por Chicão.