Dissertacoes

Anclaos en Brasil : a presença argentina no Rio Grande do Sul (1966-1989)

Resumo do Autor:
A Argentina das décadas de 1960 e 1970 foi palco de intensa movimentação social e política, em meio a uma profunda crise estrutural e que já impulsionava  cidadãos a emigrar. Frente à crescente insatisfação popular e os movimentos contestatórios, os militares desencadearam uma política repressiva inspirada nas Doutrinas de Segurança Nacional. O golpe de 1976 implantou o Terror de Estado plasmando um clima de medo e insegurança onde o conjunto da  população tornava-se potencialmente “subversiva”. O caráter totalizante da repressão disparou uma corrente migratória específica, o exílio político. Contudo, desde 1980, aos efeitos da perseguição política se justapuseram as consequências econômicas e sociais da implantação do modelo econômico neoliberal da ditadura, aumentando o fluxo migratório. Assim, este trabalho focaliza a presença dos argentinos e a conformação de uma comunidade argentina no Rio Grande do Sul, de 1966 a 1989. Tal fenômeno migratório é abordado desde uma perspectiva histórica, contudo sua complexidade e caráter plural exigiu também um olhar multidisciplinar. Para mapear a dinâmica e a abragência destes fluxos de migração, a pesquisa abarcou o coletivo da comunidade argentina, mas procurou evidenciar e enfatizar, dentro desta, a existência de grupos e indivíduos com características diferenciadas e específicas. A partir da análise das fontes documentais foi reconstruída historicamente a presença e as atividades desses argentinos, assim como a complexa relação entre si e com a sociedade de acolhida. No trabalho destaca-se ainda a polifonia das fontes orais e sua riqueza narrativa, em que a rememoração das vivências, experiências e percepções dos atores sociais permitem tanto delinear e/ou diferenciar as identidades subjetivas dos atores, quanto à (re)construção da memória social e histórica desse coletivo étnico-nacional no sul do Brasil.
Esta Tese de Doutorado defendida na UFRGS é uma referência para os estudos sobre exílio. Ela marca também uma questão fundamental,  a importância dos estudos que englobam o Consesul e as conexões repressivas. O avanço da doutrina de Segurança Nacional se deu por vias da repressão e colaboração, mas também de relações sociais que se estabeleceram entre os países fronteiriços. (CLS)

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