Forças Armadas

Atas de reuniões do Conselho de Segurança Nacional,que precederam a edição do Ato Institucional Número 5

Há cinco meses de editar o Ato Institucional número 5 (AI-5), que mergulhou o país numa longa temporada de censura e perseguição política, a cúpula da ditadura militar assistia com preocupação às manifestações estudantis de 1968 e discutia internamente os riscos de uma guerra civil. Abertas nesta segunda pelo governo, as atas das reuniões do Conselho de Segurança Nacional mostram que a linha-dura do regime acusava estudantes, intelectuais, jornalistas e bispos católicos de seguirem ordens de Cuba para derrubar os generais e implantar o comunismo no Brasil. Pressionado para endurecer o regime e tomar medidas enérgicas contra os esquerdistas, o presidente Costa e Silva ainda adotava um discurso legalista e dizia defender “o livrinho”, referindo-se à Constituição.

Realizada entre 11 e 16 de julho de 1968, no Palácio Laranjeiras, a 41ª reunião do Conselho teve debates acalorados sobre a onda de protestos contra a ditadura. O secretário-geral do órgão, general Jayme Portella de Mello, definiu os estudantes que tentavam fazer a revolução nas ruas como massa de manobra do governo de Fidel Castro. “Já está caracterizado o apoio financeiro externo à subversão. Sem dúvida, há uma coordenação dessas ações com atividades de intelectuais, artistas, compositores e outros elementos de esquerda, cada vez mais audaciosos. É nítida a existência de uma campanha dirigida para fazer crer que o povo está sendo reprimido por um regime ditatorial, entreguista, ultrapassado, que nada faz em favor dos brasileiros”, esbravejou, antes de acusar a ala progressista da Igreja de pregar a guerrilha.

Chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), o general Emilio Garrastazu Médici, que assumiria a Presidência em outubro de 1969 para governar no período de mais tortura, cobrou rigor para enquadrar a oposição. “Está em curso um plano das esquerdas radicais com o apoio de políticos e cassados para a tomada do poder”, afirmou. O ministro da Marinha, almirante Augusto Rademaker, defendeu abertamente a cassação de parlamentares: “Acho que a segurança nacional está acima de qualquer imunidade. Houve uma manifestação em Brasília, senadores e deputados abraçados a subversivos, e nada aconteceu”.

Fonte: Site da Associação dos Docentes da

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

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