Com o golpe militar, a atividade censória passou por um processo de ressignificação de prática preexistente que não só consolidou a centralização do órgão na capital
federal como também assumiu a censura política. Ao papel de mantenedora dos valores morais e
dos princípios éticos, motivos alegados na criação do serviço na década de 1940, assimilou-se a
preocupação com a manutenção da ordem política e da segurança nacional, justificativas
incorporadas na reestruturação do organismo a partir do final da década de 1960.
No âmbito do serviço censório, a prática da censura política orientava-se não só pelas
diretrizes do Ministério da Justiça e da Polícia Federal como também pelas determinações da
comunidade de informações e das autoridades políticas. A ascendência da comunidade de
informações sobre a censura de diversões públicas intensificou-se na primeira metade da década de
1970 e concentrou-se nas matérias de teor político, sobretudo nos setores de teatro, cinema e
música. Em contrapartida, a participação de setores da sociedade aumentou na década de 1980
quando requisitou a “correção moral” das produções culturais, em especial dos programas de
televisão.