Fundado em 1972, no Rio de Janeiro, o Opinião nasceu com uma equipe de jornalistas jovens, mas experientes, oriundos de outras vivências na imprensa alternativa e trabalhos em grandes jornais. O jornal foi criado pelo empresário Fernando Gasparian, peça fundamental para tornar o Opinião financeiramente possível.
Perseguido durante a ditadura por suas ligações com o ex-presidente João Goulart, derrubado pelos militares, Gasparian se exilou em Londres. Na capital britânica, por intermédio do jornalista Bernardo Kucinski, entrou em contato com outro jornalista – Raimundo Pereira – para, juntos, levarem adiante a ideia de um semanário legal, de oposição aos militares.
Pereira, jornalista experiente que já havia trabalhado no jornal alternativo Amanhã, havia recentemente se demitido de seu emprego na revista Veja e, após algumas divergências com Gasparian, aceitou trabalhar no jornal do empresário.
“Tivemos lá um ‘pendenga’ com o Gasparian porque ele queria um semanário mais intelectualizado e nós queríamos fazer um jornal mais popular”, conta Pereira. Segundo o jornalista, o empresário cedeu e o Opinião se tornou um jornal com público amplo.
Colega de Pereira na experiência do jornal Amanhã, Tonico Ferreira se juntou à equipe do Opinião logo no início do semanário.
Além do enorme talento dos jornalistas, a influência de Gasparian também foi fundamental para o sucesso da publicação. O empresário conseguiu que o Opinião publicasse a edição semanal em português do jornal francês Le Monde, e levasse no cabeçalho um selo com o logotipo do periódico.
“Isso deu muita credibilidade ao jornal, até diante dos militares, que entenderam que não éramos amadores”, conta Ferreira. Além do Le Monde, o Opinião publicava matérias de outros jornais internacionais como o britânico The Guardian e os norte-americanos Washington Post e New York Review of Books.
Outro fator que auxiliou no crescimento editorial do jornal foram as colaborações de intelectuais brasileiros. Nomes como Antônio Cândido, Celso Furtado, Antonio Callado, Darcy Ribeiro e Fernando Henrique Cardoso escreviam artigos para o jornal e, segundo Pereira, “mantinham uma chama democrática acesa dentro da legalidade”. “A publicação foi um sucesso tremendo e, em menos de meio ano depois, ela estava vendendo perto do que vendia Veja em banca”, lembra o jornalista.
Lucas Estanislau
FATO
– O professor Doria, emérito na UFRJ, me contou tudinho…