Forças Armadas Mortos e Desaparecidos Repressão

Getúlio de Oliveira Cabral, morreu na tortura e seu corpo carbonizado

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA DE PERNAMBUCO

DELEGAC IA DE SEGURANÇA SOCIAL

PRONTUÁRIO 19407

08/OUT1971

 

Getúlio Cabral,  militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).

Nasceu em 4 de abril de 1942, em Espera Feliz, Minas Gerais. Filho de Manoel D’Oliveira e Lindrosina Cabral de Souza.

Estudou o 1º grau na Escola Darcy Vargas, em Caxias (RJ), onde sua família passou a residir.

Casou-se com Maria de Lourdes, com quem teve dois filhos.

Ainda muito jovem iniciou sua militância na União da Juventude Comunista. Mais tarde incorporou-se ao Centro Pró-Melhoramentos de Caxias.

Filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos onde participou das lutas de sua categoria profissional.

Foi dirigente regional do PCB e, posteriormente, dirigente nacional do PCBR.

Escriturário da Fábrica Nacional de Motores (FNM).

Morto sob torturas no dia 29 de dezembro de 1972, aos 31 anos, no DOI/CODI-RJ. Getúlio foi uma das vítimas do massacre que também vitimou Fernando Augusto da Fonseca, José Silton Pinheiro e José Bartolomeu Rodrigues de Souza.

Os Relatórios dos Ministérios da Marinha e da Aeronáutica dizem que “faleceu dia 29 de dezembro de 1972, no Rio de Janeiro em tiroteio com agentes de segurança…”

O relatório da Anistia Internacional diz que ele foi morto e colocado em um carro incendiado – sendo seu corpo parcialmente carbonizado, após ter sido torturado no DOI-CODI/RJ, juntamente com José Silton Pinheiro, José Bartolomeu Rodrigues de Souza e Fernando Augusto Valente da Fonseca.

No Arquivo do DOPS/PE encontrou-se em seu prontuário de n°19.407 ainformação de que “foi morto na Guanabara, em tiroteio com as Forças Armadas”. Segundo informações contidas nesse documento, Getúlio foi servente do Ministério da Indústria e Comércio, tendo sido demitido por perseguição política no final do ano de 1964. Em 1971, estava com prisão preventiva decretada.

O corpo de Getúlio entrou no IML, em 30 de dezembro de 1972, pela Guia n° 11 do DOPS/RJ. Seu óbito, de n° 132.011, firmado pelo Dr. Roberto Blanco dos Santos, teve como declarante José Severino Teixeira. No verso desse documento, manuscrita, há a seguinte frase: “Inimigo da Pátria (Terrorista)”. Foi enterrado como indigente, apesar de estar com seu nome completo, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, em 06 de fevereiro de 1973, na cova 22.702, quadra 21. Em 20 de março de 1978 seus restos mortais foram transferidos para o ossário geral e, em 1980/1981, para uma vala clandestina, junto com mais de 2.000 ossadas de indigentes.

Há ainda laudo (Ocorrência n° 988/72) e fotos de perícia de local ( n° 7.645/72) encontrados no Instituto de Criminalística Carlos Éboli/RJ. As fotos mostram o corpo de Getúlio semi-carbonizado (da cintura para baixo), com a metade inferior do corpo dentro do Volkswagen incendiado (placa GB/EB-3890).

 Depoimento de Theodomiro Romeiro, em entrevista publicada no jornal  Tribuna da Bahia

“Anos depois que matei o sargento, no Dique, eles prenderam seis pessoas em locais diferentes, aqui em Recife, em Salvador, em Alagoas, no Rio de Janeiro, eles colocaram todas dentro de um carro e levaram para Rua Walder Xavier de Lima, que fica na Vila Militar no Rio de Janeiro, – o nome da rua era do sargento que matei. Então, no dia 29 de dezembro, no dia no meu aniversário, eles jogaram uma granada dentro do carro e matou o pessoal. Entre eles, estava a mulher de Paulo Pontes – Lourdes Maria Vanderlei Pontes e nosso companheiro Getúlio Cabral, entre outros. A matéria saiu no jornal, os militares a recortaram e levaram para nos mostrar, a imagem de ver os nossos companheiros em destroços no carro é algo inesquecível, que em suma, demonstra do que os militares foram capazes.“

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2 comentários

  1. ANTONIO CARLOS PEREIRA diz:

    – Assassinato do sargento Walder Xavier de Lima – 27/10/1970

    – Em 27/10/70, Getúlio de Oliveira Cabral (Gogó), Theodomiro Romeiro dos Santos (Marcos) e Paulo Pontes da Silva, do PCBR, “cobriam um ponto” na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, quando, de um jipe, desceram quatro agentes que lhes deram voz de prisão. Getúlio conseguiu fugir, sendo perseguido por um dos agentes, trocando tiros. Theodomiro e Paulo foram presos, sendo colocados no banco traseiro do jipe. O pulso direito de Theodomiro foi algemado ao pulso esquerdo de Paulo. Na pressa de ajudar um companheiro, que se esquivava dos tiros de Getúlio, os policiais não revistaram a pasta de Theodomiro. Os três agentes subiram no veículo e conduziram-no por uns 30 metros em direção aos tiros, para auxiliar na captura de Getúlio. Nesse intervalo, Theodomiro retirou um revólver .38 da pasta que portava e, com a mão esquerda, atirou pelas costas no agente que saía do jipe. Morria ali, traiçoeiramente assassinado, o sargento da Aeronáutica Walder Xavier de Lima, deixando viúva e dois filhos menores. Ato contínuo, Theodomiro deu mais dois disparos, ferindo o agente da Polícia Federal Amilton Nonato Borges, sendo posteriormente dominado. Pelo crime Theodomiro foi condenado à morte, pena comutada para prisão perpétua e, posteriormente, para oito anos de prisão. Em 17 de agosto de1979, teve sua fuga da penitenciária da Bahia facilitada, sendo encaminhado para a Nunciatura Apostólica, em Brasília, onde pediu asilo político e obteve salvo-conduto para o exterior. Depois de passar alguns anos em Paris, Theodomiro regressou ao Brasil, em setembro de 1985. Recebido como herói, declarou que iria filiar-se ao PT e que não se arrependia do ato que havia praticado. Atualmente, Theodomiro é juiz do Tribunal Regional do Trabalho, em Recife/PE, e presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (AMATRA VI).

  2. E ainda vem gente defender uns torturadores destes, a cadela do fascismo vive sempre no cio. Sao da mesma extirpe que defende as atrocidades do Nazismo, e chama a resistencia armada francesa de terroristas. Fascistas de merda.

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