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Jornal EX, imprensa alternativa na ditadura

http://www.imprensaoficial.com.br/jornalex/ex.html

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Produzido entre 1973 e 1975, com periodicidade mensal, o jornal EX- foi um dos expoentes da chamada mídia alternativa durante a ditadura militar, reconhecido por suas reportagens aprofundadas, textos ácidos e imagens provocativas. Suas 16 edições e quatro especiais estão agora reunidas em publicação fac-símile produzida pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e o Instituto Vladimir Herzog. O lançamento aconteceu no dia 29 de junho (terça-feira) na Livraria da Vila (Al. Lorena, 1.731), às 19 horas, em comemoração ao primeiro ano do Instituto.

Para dar a exata dimensão da ousadia criativa e oposicionista do EX-, a capa da primeira edição trazia Hitler, nu, tomando sol em uma praia tropical. No expediente, o alerta de que a distribuição era própria, com a expressão “garantida” entre parênteses. E o aviso “Nenhum Direito Reservado”. Já a manchete e a matéria de capa do 16º acabaram sepultando o jornal, tornando-se a última edição distribuída sob o nome EX-. “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós – a morte do jornalista Vladimir Herzog”, que revelava o assassinato de Herzog pelos militares, em outubro de 1975, e vendeu 50 mil exemplares.

A 16a edição e os outros 15 números do periódico estão reunidos nesta edição comemorativa. Além dos 16 números que circularam na época, EX- traz a inédita 17ª, com “O melhor do EX-“, recolhida na época pelos militares. Traz também o “Ex-tra”, com D. Paulo Evaristo Arns na capa e mais de dois mil exemplares rodados e distribuídos; “Leia mais um”, com um logotipo igual ao da Coca-Cola para enganar a censura; e ainda a edição inédita, com textos de ex-editores contando toda a história do jornal, com fotos de época e depoimentos de colaboradores.

No lançamento houve um debate com o tema “Imprensa Alternativa nos Anos 70” entre Dacio Nitrini, Fernando Morais, José Hamilton Ribeiro e Mylton Severiano. Todos trabalharam no jornal, ao lado de grandes nomes que ajudaram a construir o jornalismo brasileiro, como Sérgio de Souza, Narciso Kalili, Hamilton Almeida Filho, Amâncio Chiodi e Paulo Patarra.

Organizador da obra, Dacio Nitrini participou de todas as edições do “ex-“. “Costumo chamar o jornal EX- como um grande nanico que resistiu á ditadura”. Em relação à importância do EX-“ na luta contra o regime militar, Mylton Severiano, na edição especial feita para o lançamento, define: “O EX-16 foi obra-prima de trabalho em equipe. Trinta anos mais tarde, em 2005, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo incluiria ‘A Morte de Vladimir Herzog’ no livro 10 Reportagens que abalaram a ditadura”.

A nova edição, feita pelos editores da época e os profissionais da Imprensa Oficial, traz toda a história da publicação e contextualiza a verdadeira saga que foi produzir esse tipo de publicação durante a repressão: as inúmeras “visitas” dos militares à redação, as ameaças de morte e as prisões no DOPs. Mas, acima de tudo, havia o prazer do convívio com grandes nomes do jornalismo nacional.

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