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REPERCUSSÕES DO RETORNO CLANDESTINO DE RICARDO ZARATINI AO BRASIL APÓS O SEU BANIMENTO

Ricardo Zarattini Filho nasceu em Campinas (SP) no dia 06 de fevereiro de 1935, filho de Ricardo Zarattini e Annita Zarattini.

Ricardo Zarattini iniciou cedo sua militância política. Participou em 1952 da campanha “O petróleo é nosso”, a partir da qual foi criada a Petrobras, quando se aproxima do Partido Comunista do Brasil (PCB). Foi presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo entre 1959 e 1960 e participou em 1961 da mobilização pela posse de João Goulart na Presidência da República. Em 1962 se formou em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP e no mesmo ano trabalhou na Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA) e mesmo na condição de engenheiro, atuou em conjunto com os operários metalúrgicos da Baixada Santista de diversas lutas sindicais e greves, incluindo a conquista do 13º salário. Foi diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade de Santos, SP, no ano de 1962.

Foi demitido da Cosipa após participar de uma greve na empresa. Depois disso, foi trabalhar numa empresa privada, a Máquinas Moreira, que produzia equipamentos agrícolas, e a partir dessa empresa foi designado para instalar silos em diversos estados do Nordeste.

Em Pernambuco, ainda antes de 1964, se aproximou da esquerda por meio do movimento estudantil e travou contato com o movimento sindical da zona canavieira. Após o golpe militar em abril de 1964, passou a atuar clandestinamente na reorganização do movimento sindical dos trabalhadores rurais naquela região. Em 10 de dezembro de 1968, três dias antes da decretação do AI-5 (Ato Institucional n. 5), Zarattini foi preso e torturado. Chamado de “Professor”, quando preso no Quartel Dias Cardoso, no Recife, ensinou matemática e português a cabos e sargentos e, graças à colaboração deles, fugiu da prisão. Após a fuga, obteve abrigo no Convento das Dorotéias, com ajuda de Dom Helder Câmara, até voltar para São Paulo no ano seguinte.

Em São Paulo, Zarattini foi preso novamente no dia 26 de julho de 1969 pela OBAN (Operação Bandeirantes) do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) órgão de segurança do regime ditatorial, onde sofreu torturas mais uma vez. Neste mesmo ano, uma ação conjunta de organizações revolucionárias (Ação Libertadora Nacional – ALN – e Movimento Revolucionário 8 de outubro – MR-8) exigiu a libertação de 15 presos políticos, entre eles Gregório Bezerra, Wladmir Palmeira, José Dirceu e o próprio Ricardo Zarattini, em troca da libertação do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, capturado por aquelas organizações. O governo militar decretou o banimento indefinido para os 15 presos políticos libertos naquela ação. Zarattini deixou a prisão para o exílio no México, onde foi redator do jornal Excelsior, e posteriormente seguiu para Cuba, onde viveu por quase dois anos.

Depois de viajar pela Coréia do Norte, China, URSS, Itália e França, fixou-se no Chile em 1971 na condição de exilado político. A deposição de Salvador Allende, em 1973, obrigou Zarattini a ir para a Argentina e no ano seguinte (1974) retornou ao Brasil onde permaneceu na condição de banido e clandestino.

Em maio de 1978, Zarattini foi preso e levado para a Rua Tutóia, sede do Doi-Codi, sofrendo diversas sessões de tortura. Após semanas, foi transferido para o presídio militar do Barro Branco, que funcionou como presídio político no período da ditadura, onde ficou até 1979, quando a Anistia foi aprovada e os presos políticos libertados, sendo o primeiro brasileiro a ter o banimento revogado, filiando-se em seguida ao Partido Democrático Brasileiro (PDT), de Leonel Brizola.

No início dos anos 1980, Zarattini participou da Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (CONCLAT) e do apoio às greves dos metalúrgicos do ABC paulista, tendo participado de diversos movimentos populares e democráticos. Em 1982, Zarattini foi candidato a deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), na condição de militante e dirigente do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro), não se elegendo.

Trabalhou também como assessor parlamentar na Assembleia Nacional Constituinte entre 1987 e 88. Em 1992, coordenou a primeira campanha do filho, Carlos Zarattini, candidato a uma vaga para vereador da cidade de São Paulo, que obteve uma suplência.

Em 1993, a convite de Leonel Brizola, foi trabalhar na Assessoria Técnica da Liderança do PDT na Câmara dos Deputados. Participou das campanhas de Lula a presidência, nos anos de 1994 e 1998. Permaneceu até 2002 como assessor da liderança do PDT, embora filiado ao PT.

Em 2002, Zarattini candidatou-se a deputado federal em São Paulo pela legenda do Partido dos Trabalhadores, obtendo uma suplência. Trabalhou na Casa Civil por 13 meses, de 2003 a 2004, como assessor especial da Secretaria de Relações Parlamentares da Casa Civil, com a missão de acompanhar no Congresso Nacional a tramitação das Medidas Provisórias editadas pelo presidente Lula.

Em janeiro de 2004, com a posse de Aldo Rebelo como ministro da Coordenação Política e Relações Institucionais do governo Lula, Zarattini ocupa a vaga de deputado federal. Como membro da base governista, atuou intensamente na defesa do governo Lula, mas também surpreendeu ao defender em abril de 2005, na sessão solene em comemoração ao Dia do Exército, o reajuste salarial dos militares, sendo ovacionado pelas mulheres de militares. Como deputado federal, Zarattini foi ainda relator da Lei de Inovação Tecnológica que permitiu que a pesquisa tecnológica se desenvolvesse no país, onde novas e modernas tecnologias brasileiras pudessem ser adotadas nas empresas, o que aumentou a produtividade e barateou os produtos, além de gerar empregos com melhores salários, garantindo mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Em abril de 2005 foi lançada a biografia de Ricardo Zarattini, “Zarattini – a paixão revolucionária”, escrito por José Luiz Del Roio, com prefácio de Franklin Martins, ministro da Comunicação Social do governo Lula. Zarattini exerceu o mandato de deputado federal até junho do mesmo ano, quando Zé Dirceu deixa a Casa Civil para retornar a Câmara dos Deputados.

Em 2007 recebeu da Câmara Municipal de São Paulo o título de Cidadão Paulistano.

Foi casado com Alceste Rolim de Moura, teve um casal de filhos, dentre eles, Carlos Zarattini, que foi vereador, deputado estadual e deputado federal por São Paulo pela legenda do Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1981 casou-se com Zélia.

 

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