ACERVO MASSAFUMI YOSHINAGA – Comissão da Verdade do Estado de São Paulo
MASSAFUMI YOSHINAGA
Suicidou-se em 7 de junho de 1976
Massafumi Yoshinaga nasceu em 22 de janeiro de 1949, em Paraguaçu Paulista (SP), filho de Kiyomatsu Yoshinaga e Mitsuki Yoshinaga. Suicidou-se em 7 de junho de 1976. Militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) (Direito à memória e à verdade, 2007, p. 419-420; Dossiê Ditadura, 2009, p. 655-656).
Participou do movimento estudantil a partir de 1966, quando foi eleito para uma das vice-presidências da UPES. Em 1968, dirigiu o jornal
Avante, do colégio secundarista Brasílio Machado, onde estudava. Logo após, iniciou os contatos com a VPR e atuou na área de treinamento de guerrilha no Vale do Ribeira (SP), com Carlos Lamarca, José Lavecchia e Yoshitane Fujimori, os três assassinados pela ditadura entre 1970 e 1974. Dois guerrilheiros foram retirados da área, Massafumi e Celso Lungaretti. Este último foi preso em abril de 1970 e Massafumi teria se apresentado aos órgãos da repressão em julho, quando era perseguido pelos militares, que o confundiam com outro nissei muito procurado, Yoshitame Fujimori (Direito à memória e à verdade, 2007, p. 419-420; Dossiê Ditadura, 2009, p. 655-656).
Ao ser preso, os agentes de segurança o obrigaram a uma retratação pública de suas posições políticas, fato amplamente divulgado pela imprensa na época. A entrevista concedida à TV Tupi, em 2 de julho de 1970, foi dada na presença do coronel Danilo de Sá da Cunha e Melo, secretário de Segurança Pública; de Danton Avelino, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, e Leonardo Lombardo, diretor de Relações Públicas da Secretaria de Segurança. Esses casos de “arrependimento”, termo utilizado nas notas oficiais dos órgãos de segurança, foram na verdade resultado de intensas torturas (Direito à memória e à verdade, 2007, p. 419-420; Dossiê Ditadura, 2009, p. 655-656).
Libertado pouco tempo depois, Massafumi passou a apresentar distúrbios psicológicos. Dizia repetidamente que a Oban (reorganizada como DOI-CODI em julho de 1970) iria matá-lo. Diante disso, em 1973, começou um tratamento psiquiátrico e chegou a ser internado. Na primeira tentativa de suicídio, Massafumi jogou-se embaixo de um ônibus; na segunda, jogou-se da janela de sua casa; na terceira e última, em 7 de junho de 1976, enforcou-se com a mangueira de plástico do chuveiro (Direito à memória e à verdade, 2007, p. 419-420; Dossiê Ditadura, 2009, p. 655-656).
Maria Eliane Meneses de Farias, relatora do caso na CEMDP, destacou que Massafumi protagonizou cenas de repúdio à esquerda, arquitetadas pelos militares envolvidos na repressão política, que inclusive redigiam os trechos a serem lidos pelos “arrependidos” (Direito à memória e à verdade, 2007, p. 419-420; Dossiê Ditadura, 2009, p. 655-656).
Meneses de Farias afirmou existir comprovação dos requisitos legais para que a CEMDP deferisse o requerimento e o reconhecesse como vítima da ditadura, já que, em alternados momentos, por razões políticas, foi perseguido, preso e vítima das mais diversas formas de pressão, que resultaram em abalo físico e mental, ocasionando o suicídio. O caso foi aprovado por unanimidade em 7 de dezembro de 2004 (Direito à memória e à verdade, 2007, p. 419-420; Dossiê Ditadura, 2009, p. 655-656).
Fontes e documentos consultados: Dossiê Ditadura – Mortos e Desaparecidos Políticos no Brasil (1964-1985), IEVE, 2009, p. 655-656. Direito à memória e à verdade – Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Brasília: 2007, p. 419-420.
Apoie o Documentos Revelados
Desde 2005 o site Documentos Revelados faz um trabalho único no Brasil de garimpo de documentos do período da ditadura. Ele é dirigido, editado e mantido no ar por uma única pessoa, Aluízio Palmar.
Contribuindo para manter o Documentos Revelados você ajuda a história a não ser esquecida e que nunca se repita.
Copie esta chave PIX, cole no aplicativo de seu banco e faça uma doação de qualquer valor: