No início dos anos 70, havia um percussionista Chaplin, que encantou o jovem Paulinho da Viola não só pelo exímio talento com pandeiro e surdo, mas também pelo visual, que destoava do dos sambistas da época. De terno justo, cordões de ouro, camisas coloridas No início, bota cavalo-de-aço, chamava a atenção. Inspirado na sua indumentária, Paulinho compôs o samba de breque “Meu sapato”, que acabou sendo a única música vetada da sua carreira.
Os censores implicaram com tudo, mas principalmente com os trechos: “Um barato/ meu sapato/ bico chato/ de puro aço/ inoxidável (…) Que espanta os ratos, desperta os rotos/ Desgosta os retos/ De bico estreito com suas meias/ Botões de ouro, com suas siglas/ de orgulho e amargura/ Sempre voltados para o passado”. De acordo com a avaliação, a letra “dá margem a interpretações dúbias, podendo ser uma alusão ao militarismo”. A música acabou tendo o título alterado para “Meu novo sapato” e foi gravada por Paulinho no álbum “Memórias cantando” de 1976, com mais de dez versos alterados ou novos.