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Ditadura militar monitorou e fichou ativistas que defenderam as Sete Quedas

Em outubro de 1982, há 42 anos, o Brasil viu o fim do Salto das Sete Quedas, no Paraná, formado por 19 cachoeiras, divididas em sete partes. A inundação foi autorizada pelo governo militar para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu e deixou submersas as cachoeiras de maior vazão em volume de água do mundo até então.  Em 27 de outubro de 1982, 14 dias após os fechamentos das comportas, ante os dois meses previstos, o lago de Itaipu se formava para que a nova hidrelétrica, um ambicioso projeto binacional, envolto em polêmicas e disputas territoriais, entrasse em operação 150 km em linha reta rio abaixo daquelas que eram as maiores cachoeiras em volume d’água do mundo.

Para dar lugar à usina, Sete Quedas começaram a ser submersas em 13 de outubro de 1982. O processo levou 14 dias. As 19 cachoeiras integravam o Parque Nacional das Sete Quedas, criado oficialmente em 1961 pelo presidente João Goulart. A unidade de conservação era de 144 mil hectares. As águas das Sete Quedas tinham vazão de 13,3 mil metros cúbicos por segundo, quase dez vezes mais do que o volume normal das Cataratas do Iguaçu, que tem 1,5 mil metros cúbicos por segundo.

O canal principal das Sete Quedas tinha quatro quilômetros de comprimento e sua profundidade chegava a 170 metros. O parque foi extinto em 1981, pelo presidente João Figueiredo, após o governo conceder à Eletrosul a concessão de explorar o aproveitamento hídrico do rio Paraná. Mesmo depois de extinto, ainda antes da inundação, o parque continuou a ser visitado por turistas. A falta de manutenção do local, no entanto, e o aumento no número de pessoas que queriam ver as cachoeiras pela última vez antes do alagamento colaboraram para um grave acidente.

O fim de Sete Quedas foi marcado por um festival de nome Quarup, chamado por alguns de Woodstock ecológico, mas de proporções menores do que o lendário encontro de música realizado em 1969 nos EUA. Na cidade de Guaíra, na região oeste do Paraná, a 640 quilômetros de Curitiba, o Quarup reuniu cerca de 5.000 pessoas, entre ambientalistas, intelectuais, artistas, turistas estrangeiros, além de moradores da localidade que perderiam suas terras com o alagamento das Sete Quedas. José Roberto Galdino, coordenador do curso de história da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), conta que o Quarup: Sete Quedas Viverá -nome completo do evento- funcionou como um acampamento de ecologistas e um festival de arte e ciência.

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