O conluio entre setor do empresariado com a ditadura está vindo ‘a tona com o acesso aos livros de portaria do DOPS de São Paulo.
Um dos documentos aqui expostos um funcionário escreveu no livro de portaria. “Dr. Geraldo”, “Cargo: Fiesp”, completou.
Esse “doutor Geraldo”, habituée do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) é Geraldo Resende de Mattos” da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. No prédio ícone da arquitetura ferroviária paulistana funcionava uma falange policial do mecanismo de repressão política operado pelo II Exército. Quatro meses antes, o general-comandante Humberto de Souza Mello dera sinal verde à matança de adversários do regime. E confirmou a ordem ao chefe do seu Estado-Maior.
O tratamento de “doutor” na delegacia era reverência policial à organização dos industriais. Os livros do Dops, há pouco revelados pelo Arquivo Público, indicam que a conexão entre o empresariado paulista e a polícia política do regime militar foi muito mais extensa do que até então se presumia.
Mattos frequentava os andares do Dops onde funcionavam as seções de Política e de Informações, três a quatro vezes por semana no final do expediente. Essa foi sua rotina durante sete anos, de 1971 a 1978. Às vezes, passava mais tempo lá do que na federação. Tinha 52 anos e estava há 28 no Serviço Social da Indústria (Sesi), vinculado à Fiesp. Entrou como “auxiliar” e cresceu a partir de uma relação de confiança com o industrial Nadir Dias de Figueiredo, um dos fundadores dessas entidades
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